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Dívida e balança externa melhoram no arranque de 2017

No primeiro trimestre, o "stock" de endividamento externo em termos líquidos caiu, tanto medido pelo indicador mais amplo de posição de investimento internacional, como pelo da dívida propriamente dita. Em termos de fluxos, o excedente face ao exterior aumentou.

18 de Maio de 2017 às 11:34
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Os principais indicadores de medição da posição externa nacional dão conta de uma melhoria da situação nacional no primeiro trimestre do ano: menos dívida em "stock", mais excedente no fluxo das relações com o resto do mundo. Os números foram avançados quinta-feira, 18 de Maio, pelo Banco de Portugal e surgem poucos dias antes da Comissão Europeia apresentar as suas recomendações específicas ao país, as quais visam parcialmente contribuir para uma redução do endividamento externo nacional, considerando um dos desequilíbrios excessivos da economia portuguesa.

"No final de Março de 2017, a Posição de Investimento Internacional (PII) de Portugal situava-se em -193,9 mil milhões de euros (-103,8% do PIB), o que traduz uma variação positiva de 1,3 pontos percentuais (p.p.) em relação ao final de 2016 (PII de -194,4 mil milhões de euros, -105,1% do PIB)", lê-se numa nota enviada à imprensa pelo banco central, que explica que a redução das responsabilidades líquidas face ao exterior beneficiou de um aumento de activos nas mãos de portugueses, mas foi prejudicada por uma subida dos preços de títulos nacionais detidos por estrangeiros.

"Os activos líquidos de Portugal face ao exterior aumentaram 0,5 mil milhões de euros, em resultado do efeito positivo das transacções (0,9 mil milhões de euros)", sendo que "esta variação foi parcialmente contrariada pelo efeito negativo das variações de preço (0,5 mil milhões de euros), essencialmente justificadas pela valorização dos títulos de capital detidos por não residentes e pela valorização da cotação do ouro", lê-se na nota.

A PII é a medida mais ampla das responsabilidades externas do país, contemplando a totalidade dos activos e passivos de residentes face ao exterior – de dívida a investimento directo passando por títulos como acções e obrigações e derivados. Já a dívida externa – "que resulta da PII excluindo os instrumentos de capital e derivados financeiros, explica o banco central"–, e novamente em termos líquidos, "atingiu, no final de Março de 2017, 171,7 mil milhões de euros. Trata-se de uma diminuição de 2,9 mil milhões de euros relativamente ao observado no final de 2016", escreve o banco central, que acrescenta que  "em percentagem do PIB, a dívida externa líquida reduziu-se em 4,6 p.p. tendo passado de 96,5 por cento, em final de 2016, para 91,9 por cento, no primeiro trimestre de 2017".

Excedente externo aumenta 351 milhões face a 2016

Ao mesmo tempo que o "stock" de dívida líquida diminui, o excedente registado nas contas com exterior no primeiro trimestre melhorou, com o turismo novamente em destaque, revelou também o banco central, num balanço das relações com o exterior no primeiro trimestre do ano.

"No primeiro trimestre de 2017, o saldo conjunto das balanças corrente e de capital situou-se em 583 milhões de euros, tendo aumentado 351 milhões de euros em comparação com o mesmo período de 2016. Para esta evolução, contribuíram todas as componentes da balança corrente e de capital, com excepção da balança de bens e da balança de rendimento primário", escreve o Banco de Portugal numa outra nota divulgada à imprensa.

"Até Março, a balança de bens e serviços registou um excedente de 72 milhões de euros, menos 54 milhões de euros que no período homólogo de 2016. Os saldos da balança de bens e da balança de serviços apresentaram evoluções diferenciadas, tendo sido o aumento do saldo da balança de serviços insuficiente para compensar o aumento do défice da balança de bens. Neste período, as exportações cresceram 15% (16,7% nos bens e 11% nos serviços), a par com os 15,4% registados nas importações (15,9% nos bens e 13,3% nos serviços)", sintetiza. Nesta evolução o turismo está novamente em destaque: "Na balança de serviços, o excedente da rubrica "Viagens e turismo" aumentou 160 milhões de euros, fixando-se em 1270 milhões de euros".

O banco central dá ainda conta de um agravamento do défice da balança de rendimentos primários, que inclui salários e juros, e uma melhoria do excedente do rendimento secundário, que inclui remessas de emigrantes e transferências de e para a União Europeia: "O défice da balança de rendimento primário aumentou 188 milhões de euros, tendo passado de 347 para 535 milhões de euros, influenciado pela redução dos rendimentos de investimento recebidos do exterior. O saldo da balança de rendimento secundário aumentou 501 milhões de euros, justificado pela variação das transferências correntes recebidas, e pela diminuição da contribuição financeira paga à União Europeia", lê-se na mesma nota.
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