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Bom momento da dívida pública portuguesa agrava dívida externa

A dívida externa portuguesa fixou-se em Setembro deste ano em 105,2% do PIB. Nos primeiros nove meses deste ano assistiu-se a um agravamento explicado com a valorização da dívida pública nacional.

Miguel Baltazar
21 de Novembro de 2017 às 15:00
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No final de Setembro deste ano, a posição de investimento internacional de Portugal estava em -200,3 mil milhões de euros, o equivalente a -105,2% do produto interno bruto (PIB). Valores que constituem um agravamento face ao final de 2016, justificado com o bom momento da dívida pública portuguesa.

 

Segundo os dados publicados esta manhã pelo Banco de Portugal, a dívida externa medida pela posição de investimento internacional – diferença entre activos e passivos do país face ao resto do mundo - teve um agravamento de mais de seis mil milhões de euros entre Dezembro de 2016 e Setembro deste ano, passando de 104,7% para 105,2% do PIB.

 

O Banco de Portugal justifica esta evolução em grande medida com "variações de preço", em especial a valorização dos títulos de dívida pública portuguesa e acções de empresas nacionais detidas por não residentes. Pode parecer paradoxal, mas o bom momento da dívida pública – que se observa na descida recente das "yields" para mínimos de 2015 – acaba por ter um efeito negativo da dívida externa, uma vez que a fatia desse passivo que está nas mãos de estrangeiros é valorizado.

 

Outro factor a contribuir para a degradação da posição de investimento internacional foi a flutuação cambial, nomeadamente a apreciação do euro face ao dólar. Esse efeito valeu 1,9 mil milhões de euros, enquanto o "factor preço" valeu 6,2 mil milhões. Em sentido contrário, as transacções deram um contributo positivo (2,4 mil milhões) para a dívida externa.

 

Na mesma publicação do Banco de Portugal, é divulgado o valor da dívida externa líquida, que parte da posição de investimento internacional, mas exclui "instrumentos de capital, ouro em barra e derivados financeiros". Esse indicador apresenta um ligeiro agravamento nominal de 0,5 mil milhões de euros face a Dezembro do ano passado - também explicado pela valorização da dívida pública -, mas em percentagem do PIB assiste-se a um recuo de 2,2 pontos percentuais, caindo de 94,5% para 92,3% do PIB.

 

Ou seja, o crescimento da economia "mais do que compensou o aumento nominal da dívida", escrevem os técnicos do Banco de Portugal. 

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