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Défice externo chega quase aos dois mil milhões de euros no primeiro semestre

O saldo conjunto das balanças corrente e de capital agravou-se 323 milhões de euros nos primeiros seis meses do ano. Mas olhando apenas para junho, o desequilíbrio reduziu-se, mostram os dados do Banco de Portugal.

O défice comercial de bens passou de 6% do PIB em 2015 para 9,7% em 2019. É o valor mais alto desde 2010.
Paulo Duarte
19 de Agosto de 2020 às 11:30
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Nos primeiros seis meses do ano, o défice externo (o saldo conjunto das balanças corrente e de capital) atingiu 1.985 milhões de euros, mais 323 milhões do que o verificado em igual período do ano passado. Os dados foram publicados esta quarta-feira pelo Banco de Portugal.

A explicar a evolução do défice estão comportamentos distintos nas trocas de bens, face às trocas de serviços. Na balança de bens, o país continua a registar um défice, mas bastante menor do que o registado no primeiro semestre de 2019. É verdade que se verificou uma queda nas exportações de bens, mas a recessão ditada pela pandemia de covid-19 também travou a fundo as importações, que caíram ainda mais violentamente.

Enquanto as exportações de bens caíram 16,5%, as compras de bens ao exterior diminuíram 17,3%. Desta forma, o défice da balança de bens encolheu 1.623 milhões de euros no primeiro semestre, face ao período homólogo. 

Turismo penaliza

Já na balança de serviços o comportamento foi precisamente o oposto. Registou-se uma degradação acentuada, com o excedente a manter-se, mas em níveis bastante mais baixos: o tombo foi de 3.555 milhões de euros. Enquanto no primeiro semestre de 2019 Portugal tinha um excedente na balança de serviços de 7.159 milhões de euros, agora fica-se pelos 3.604 milhões. A justificar este resultado está a rubrica de viagens e turismo, cujo saldo se degradou em 3.027 milhões de euros.

Do lado da balança de rendimentos, houve uma melhoria no saldo nos rendimentos primários (cujo défice encolheu 1.268 milhões de euros), em grande medida, pela redução do pagamento de rendimentos de investimento a entidades não residentes. "Já o excedente da balança de rendimento secundário decresceu 96 milhões de euros, o que ficou a dever-se a um aumento do pagamento de transferências correntes ao exterior, por comparação com o período homólogo", indica a nota do Banco de Portugal.

Olhando apenas para o mês de junho, o Banco de Portugal dá nota de uma redução do desequilíbrio externo, com o saldo conjunto das balanças corrente e de capital a melhorar face ao mesmo mês de 2019, atenuando assim a degradação dos números no conjunto do primeiro semestre.

Portugal mais endividado ao exterior

Em resultado da recessão económica e do aumento do défice externo, a economia portuguesa aumentou o seu nível de endividamento ao exterior. Os dados do Banco de Portugal dão conta de uma degradação da posição de investimento internacional (PII) de 100,8% do PIB no final de 2019, para 103,8% do PIB. Em termos nominais, o desequilíbrio até se reduziu ligeiramente (1,9 mil milhões de euros, para 212 mil milhões), mas o PIB encolheu com maior violência, tornando a dívida total mais pesada face à dimensão da economia.

A dívida externa líquida, um indicador apurado pelo Banco de Portugal a partir da PII e que exclui, fundamentalmente, os instrumentos de capital, ouro em barra e derivados financeiros, dá nota da mesma tendência de degradação. No primeiro semestre deste ano a dívida externa líquida atingiu 88,8% do PIB, mais 4,1 pontos percentuais do que o verificado no final de 2019.

(Notícia atualizada às 11:40 com mais informação)
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