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Como a economia portuguesa está a baixar a dívida em 10 gráficos

O endividamento da economia portuguesa baixou para mínimo de oito anos. Se no Estado a descida fosse ao mesmo ritmo do registado no privado, o mínimo seria bem mais distante.

O endividamento do sector não financeiro (famílias, empresas e Estado) em Portugal totalizou 721,1 mil milhões de euros no final do primeiro semestre deste ano, o que representa 367,67% do PIB. Apesar de, em valor nominal, o endividamento da economia portuguesa até estar com tendência de alta (atingiu mesmo um máximo histórico em Maio), em termos de peso no PIB (que é o indicador mais relevante para medir o endividamento) a trajectória é claramente de descida.

 

O peso de 367,7% representa uma descida de dois pontos percentuais face ao registado no final do primeiro trimestre (369,7% do PIB) e de quase 14 pontos percentuais no espaço de um ano (381,6% em Junho de 2017). É preciso recuar ao último trimestre de 2010 (quando se situou nos 365,1% do PIB) para encontrar um rácio mais baixo, e o actual nível de endividamento da economia portuguesa está já bem afastado do máximo histórico atingido no segundo trimestre de 2013 nos 427,7% do PIB.

Não tem sido pelo sector público que o endividamento total da economia tem descido de forma notória nos últimos tempos. A dívida do sector público não financeiro (não é a mesma coisa que dívida pública) caiu para 162,1% em Junho, o que até representa uma redução superior a 6 pontos percentuais face ao registado em Junho do ano passado (168,4%). Mas, como é evidente no gráfico em cima, não se afastou ainda de forma notória dos máximos históricos dos anos mais recentes, o que espelha as dificuldades do Estado em reduzir o seu endividamento.

A dívida do sector privado não financeiro (famílias e empresas) tem vindo a descer de forma ininterrupta desde 2012 e atingiu em Junho um novo mínimo desde que o Banco de Portugal começou a recolher estes dados (2007). No espaço de seis anos a descida é já superior a 50 pontos percentuais.

 Nas empresas públicas a descida do endividamento começou a ganhar ritmo em 2012, situando-se em Junho deste ano abaixo dos 22% do PIB. Persiste ainda acima dos valores registados há 10 anos, quando estava abaixo dos 20%.

A dívida pública portuguesa baixou em Junho para 125,8% do PIB, um valor apenas uma décima acima do verificado no final de 2017, mas ainda longe da meta definida pelo Governo para este ano. Desde 2012 que a dívida pública medida em percentagem do PIB tem oscilado em torno dos 130% do PIB, quase o dobro do registado em 2007.

Nas empresas privadas a tendência é claramente de queda no endividamento, que representava 133% do PIB em Junho deste ano. É o valor mais baixo desde que o Banco de Portugal começou a recolher estes dados (2007) e situa-se quase 40 pontos percentuais abaixo do máximo atingido em 2013.  

Entre as famílias portuguesas a redução do endividamento também ganhou força a partir de 2012 e está em mínimos desde 2007. Em Junho situava-se em 72,4%, o que compara com os 95% registados em 2010. A descida das taxas de juro por parte do BCE deu um contributo relevante para a desalavancagem dos particulares, mas a crise também levou os portugueses a reduzirem o consumo e a compra de casa com recurso ao crédito.    

 

Medida em percentagem do rendimento disponível, o endividamento das famílias também tem descido de forma acentuada. Até 2016 o valor da dívida era superior ao rendimento disponível, o que espelhava a forte alavancagem das famílias portuguesas e a descida do rendimento disponível nos anos em que foram aplicadas as medidas de austeridade mais gravosas.

O crédito à habitação representa a grande fatia do endividamento das famílias. Em Junho situava-se em 65,2% do PIB (90% do total), o que representa o valor mais baixo desde 2012. Em 2007, ainda antes do "boom" do recurso ao crédito por parte dos portugueses para a compra de casa, o peso no PIB era de 50%.

O endividamento total para comprar casa está em queda, mas as famílias voltaram a acumular mais dívidas para consumir. Em Junho, o "stock" total do endividamento das famílias para consumo atingiu 26.745 milhões de euros, o que equivale a 21,9% do PIB, o que é o nível mais elevado desde 2015. Ainda assim abaixo do registado em 2007, quando superava um quarto do PIB.

25 de Agosto de 2018 às 15:00
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Prosseguiu no primeiro semestre o processo de redução do endividamento da economia portuguesa, que está a ser transversal a todos os sectores: Estado, empresas e famílias. Mas o ritmo de endividamento é bem diferente quando se compara público e privado.

Nas empresas e nas famílias, o nível do endividamento em termos de peso no PIB (que é o indicador mais relevante para medir o endividamento) está no nível mais baixo desde 2007. Já o endividamento do sector público tem descido nos últimos trimestres, mas sem se afastar dos máximos históricos recentes.  

Os 10 gráficos em cima mostram como está a evoluir de forma distinta o endividamento da economia portuguesa nos três sectores.

 

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