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Bruxelas mais pessimista prevê recessão de 9,8% em Portugal

A Comissão Europeia reviu em baixa as suas previsões para a economia portuguesa este ano. Agora já é a instituição com a projeção mais pessimista de todas e diz que Portugal vai contrair mais do que a média do euro.

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A Comissão Europeia reviu em baixa as suas projeções para a economia portuguesa este ano. Bruxelas é agora a instituição mais pessimista e antecipa uma recessão de 9,8%, maior do que a contração esperada para a média da zona euro e bem longe do valor usado pelo Governo português para desenhar o Orçamento do Estado Suplementar. Os números foram publicados esta terça-feira, nas Projeções de Verão.

Em apenas dois meses, Bruxelas acentuou o seu pessimismo sobre a contração esperada para as economias europeias este ano – e Portugal não foi exceção. Para o conjunto da zona euro, a expectativa é agora a de uma queda de 8,7%, mais um ponto percentual do que o que tinha sido assumido nas Projeções de Primavera, em maio.

A previsão para Portugal sofreu uma revisão ainda maior: agora, Bruxelas já não admite que a economia portuguesa possa contrair menos do que os parceiros da moeda única e afasta-se da sua primeira projeção de uma queda de 6,8% do PIB, um valor que até agora tinha servido de argumento ao ministro das Finanças João Leão, para defender o cenário macroeconómico que usou para retificar a lei do Orçamento do Estado. A equipa das Finanças comprometeu-se em junho com uma projeção de recessão de 6,9%.


"Porque o levantamento das medidas de confinamento está a prosseguir a um ritmo mais gradual do que o assumido nas Projeções de Primavera, o impacto na atividade económica em 2020 será mais significativo do que o antecipado", justifica a Comissão.

Turismo em Portugal colapsou em abril

Sobre Portugal, os peritos comunitários sublinham o impacto da pandemia e das medidas de saúde pública no turismo, o setor "afetado de forma mais dramática, cujas visitas colapsaram em quase 100% em abril, face a um ano antes".

Recordando que a economia já contraiu 2,3% no primeiro trimestre do ano em termos homólogos (e 3,8% face aos três meses anteriores), a Comissão espera uma deterioração ainda maior no segundo trimestre, na ordem dos 14% em cadeia.

As contrações são "dramáticas na maior parte dos indicadores", reforça a Comissão, notando a contração abrupta do indicador de sentimento económico dos 105,7 pontos registados em fevereiro (uma marca que apontava para a continuação do crescimento), para 63 pontos em maio, um valor claramente de recessão. Em junho, houve uma recuperação, mas apenas "parcial", notam os economistas, para 74,1 pontos. 

Sobre o mercado de trabalho, a Comissão assinala como ponto "positivo" o facto de a taxa de desemprego se ter mantido no intervalo entre 6,2% e 6,3% em março e abril, associando a estabilização da taxa às medidas de lay-off implementadas pelo Governo e considerando que os despedimentos temporários não tiveram impacto imediato. No discurso, os peritos desvalorizam assim a subida do número de pessoas classificadas como inativas pelas estatísticas (em vez de desempregadas) apenas por não terem procurado emprego durante os meses de maior confinamento – um efeito que, pelo contrário, tem vindo a ser sublinhado pelo Instituto Nacional de Estatística para explicar a aparente estabilização do desemprego.

Bruxelas vê alguns sinais de uma retoma "lenta" da atividade em muitos setores, mas sublinha que para as "companhias aéreas e hotéis" a expectativa é que os níveis se mantenham "bem abaixo dos valores pré-pandemia durante um período mais longo". A TAP está a negociar com o Governo e a Comissão um duro plano de reestruturação, na sequência de um pedido de financiamento urgente feito ao Estado.

Recuperação em 2021 longe de compensar queda

A projeção de uma recessão mais funda este ano para a economia portuguesa não teve como contrapartida a expectativa de uma retoma muito mais vigorosa em 2021. A Comissão Europeia reviu apenas ligeiramente a previsão do próximo ano, de um crescimento de 5,8%, para 6%.

"Os riscos continuam no sentido descendente devido ao grande impacto no turismo estrangeiro, onde as incertezas sobre o médio prazo continuam significativas", lê-se no relatório.

A incerteza é, aliás, generalizada a todos os países. A Comissão assume por agora que não haverá uma segunda vaga de covid-19 e que o desconfinamento deverá continuar lentamente a acontecer, mas reconhece os riscos da projeção. A projeção para a zona euro é de um crescimento de 6,1% em 2021. O conjunto da União Europeia deverá contrair 8,3% este ano, crescendo apenas 5,8% no próximo.



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