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Afinal, China é o quinto maior investidor em Portugal. Espanha o primeiro

A economia chinesa utiliza outros países para fazer a maior parte do seu investimento em Portugal. Apenas 28% do que investe vem diretamente, 41% vem através do Luxemburgo.

ADRIANO MACHADO
29 de Março de 2022 às 11:02
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O investimento não chega diretamente da economia chinesa mas, na verdade, a China é o quinto maior investidor final em Portugal - e não o nono, como sugere uma análise mais simples das estatísticas do investimento direto estrangeiro. Os dados foram revelados esta terça-feira pelo Banco de Portugal, que desenvolveu estatísticas novas, e mostram que a China utiliza o Luxemburgo, e outros países, para fazer a maior parte dos seus investimentos na economia portuguesa.

Olhando para os dados do investimento final de forma mais simples, atendendo apenas ao destino imediato dos fundos, a China é o nono investidor direto em Portugal, com uma fatia muito curta do investimento direto estrangeiro no país, de 2% do stock total em 2021.

Mas com as estruturas mais complexas das empresas, e a formação de multinacionais e grandes grupos, há países por onde o investimento é feito apenas de passagem e não tem ali o seu destino final. É o caso de muito do investimento que passa pelo Luxemburgo.

As novas estatísticas do Banco de Portugal permitem perceber qual é o destino final do investimento. No caso da China, apenas 28% do investimento feito em Portugal vem diretamente da economia chinesa. 41% do que investiu na economia portuguesa fê-lo através do Luxemburgo e 22% via Hong Kong - considerando sempre stocks, e não fluxos.

Considerando esta ótica de análise, a China passa a ser o quinto maior investidor em Portugal, com 6,8% do stock total investido em 2021 no país.

Olhando para setores específicos, a posição da China torna-se ainda mais dominante. 38% do investimento direto realizado no setor da eletricidade, gás e água em 2021 é chinês. França é responsável por 17% e Espanha responde por 7%.

Espanha mantém-se como maior investidor no país
Mesmo corrigindo os fluxos de investimento direto estrangeiro para detetar o destino final das verbas, Espanha mantém-se como o maior investidor no país, embora com uma posição menos dominante no stock total, mostram os dados. Olhando para o setor específico da construção, Espanha detinha 20% do stock total do investimento direto estrangeiro em 2021. O Brasil respondia por 15% neste setor e o Reino Unido por 12%.

O segundo maior investidor, na verdade, é a própria economia portuguesa, que também recorre a países terceiros para depois canalizar novamente o investimento para Portugal. Entre outros motivos, esta estratégia serve para diversificar riscos, obter ganhos fiscais e aceder a outros mercados. Portugal utiliza maioritariamente os Países Baixos e o Luxemburgo para fazer estas operações.

O terceiro maior investidor final em Portugal é França, que também usa o Luxemburgo para canalizar 28% do seu investimento em Portugal, seguida do Reino Unido, em quarto lugar. Os dados mostram que o Reino Unido tem uma posição preponderante no setor das indústrias transformadoras, respondendo por 31% do investimento.

Com esta análise mais fina, os Países Baixos e o Luxemburgo deixam, respetivamente, o segundo e terceiro lugares, que ocupam enquanto contraparte imediata, e caem para sexto e décimo lugar, no ranking de investidores finais.
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