O PSD teme que no rescaldo das eleições autárquicas de 2017 seja replicado o entendimento à esquerda que no final do ano passado chumbou a formação de um Governo de direita e contrapôs a actual solução governativa liderada por António Costa. Em causa pode estar um acordo entre PS e PCP para assumir a liderança da Associação Nacional de Municípios Portugueses (ANMP), que costumava ser entregue ao partido com mais presidentes de câmara eleitos.

O coordenador autárquico do partido, Carlos Carreiras (na foto), alertou que "essa não deixa de ser uma possibilidade" e pede uma clarificação antes da ida às urnas. "Para não voltarem a enganar os eleitores, o que seria lógico era apresentarem-se coligados. (…) Seria prudente os eleitores estarem conscientes de que ao votarem no PS ou no PCP ou no BE estão, ao fim ao cabo, a votar na mesma coisa", referiu ao jornal i o presidente da Câmara de Cascais.

É que a tradição de a presidência ser entregue ao partido com maior número de autarquias conquistadas não está prevista nos estatutos da ANMP, actualmente liderada por Manuel Machado (PS), que em 2013 regressou ao poder no município que já tinha chefiado entre 1989 e 2001. Ora, se socialistas e comunistas apresentarem uma lista conjunta à mesa do congresso geral da associação e ela for a mais votada, então assumiriam assim a presidência deste órgão.

Com o PS e o PCP em silêncio sobre este assunto, ao mesmo jornal o presidente dos autarcas social-democratas, Álvaro Amaro, dramatizou que "se se viesse a formar uma geringonça autárquica seria um mau princípio que iria abalar fortemente as fundações da ANMP". O histórico social-democrata, presidente da Câmara da Guarda, notou que "há uma lógica autárquica que não tem que ver com a lógica parlamentar que originou esta maioria que suporta o Governo".

Os princípios estratégicos dos social-democratas para as eleições autárquicas de 2017 foram aprovados há dois meses, tendo ficado definido o calendário para a apresentação de candidatos entre Outubro deste ano e Abril de 2017. O objectivo fixado pela estrutura liderada por Pedro Passos Coelho passa por ser o partido com mais câmaras e juntas de freguesia.