Notícia
"Qualquer acordo vinculativo está fora de questão"
Viriato Soromenho-Marques, coordenador científico do programa Gulbenkian Ambiente, afirma que “nem com um milagre seria possível alcançar um acordo vinculativo” na Cimeira de Cancún.
08 de Dezembro de 2010 às 09:54
Soromenho-Marques admite que as suas palavras sobre a cimeira de Cancún são “desanimadoras” e concorda que se perdeu o “momentum” vivido em Copenhaga. No entanto, sublinha, que “mais do que a opinião pública, são os governos que se têm afastado do tema”.
O coordenador científico do programa Gulbenkian Ambiente critica muitos chefes de Estado por “ainda não terem percebido o que está realmente em causa” nestas negociações: “a relação entre o clima e a energia”.
Em entrevista telefónica ao Negócios, manifestou a sua “grande desilusão” com a administração Obama e com a Câmara dos Representantes na forma como trataram a questão das alterações climáticas.
“Obama definiu três grandes apostas mas a ordem das prioridades não foi a correcta. Em primeiro lugar, o sistema de saúde norte-americano, seguido pela regulação dos mercados financeiros e pelo ambiente.” Mas, “em matéria de ambiente, [a administração Obama] não conseguiu nada”.
E isto aconteceu, sublinha Soromenho-Marques, porque “pura e simplesmente não há figuras no Senado norte-americano suficientemente independentes das empresas petrolíferas”.
Quanto à Cimeira de Cancún, Soromenho-Marques não pede muito. “Pelo menos que se alcance um acordo sobre a destruição das florestas, em especial, tropicais e húmidas, que representam 15% das emissões de CO2 (superiores às emissões da União Europeia)”. “Se diminuirmos em 90% essas emissões era um grande passo em frente”, afirma.
Soromenho-Marques espera ainda um acordo sobre o fundo de financiamento, que permita que “os países mais pobres não se sintam excluídos”, e os meios de adaptação aos efeitos das alterações climáticas.
O coordenador científico do programa Gulbenkian Ambiente critica muitos chefes de Estado por “ainda não terem percebido o que está realmente em causa” nestas negociações: “a relação entre o clima e a energia”.
“Obama definiu três grandes apostas mas a ordem das prioridades não foi a correcta. Em primeiro lugar, o sistema de saúde norte-americano, seguido pela regulação dos mercados financeiros e pelo ambiente.” Mas, “em matéria de ambiente, [a administração Obama] não conseguiu nada”.
E isto aconteceu, sublinha Soromenho-Marques, porque “pura e simplesmente não há figuras no Senado norte-americano suficientemente independentes das empresas petrolíferas”.
Quanto à Cimeira de Cancún, Soromenho-Marques não pede muito. “Pelo menos que se alcance um acordo sobre a destruição das florestas, em especial, tropicais e húmidas, que representam 15% das emissões de CO2 (superiores às emissões da União Europeia)”. “Se diminuirmos em 90% essas emissões era um grande passo em frente”, afirma.
Soromenho-Marques espera ainda um acordo sobre o fundo de financiamento, que permita que “os países mais pobres não se sintam excluídos”, e os meios de adaptação aos efeitos das alterações climáticas.