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Aumento das temperaturas pode reduzir PIB global em 20% até 2100

Na Índia, o PIB poderia ter sido cerca de 25% maior sem o aquecimento ocorrido até 2019. Já o PIB da Nigéria seria impulsionado em 35%.

Há quase 90 anos que Portugal não enfrentava uma seca tão severa. Várias regiões do país foram afectadas e o impacto não se limitou à agricultura e pecuária, chegando ao abastecimento de água às populações. A região de Viseu chegou a ser abastecida por camiões-cisterna.
11 de Julho de 2020 às 19:00
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Temperaturas mais altas até 2100 podem reduzir o PIB global em mais de 20%, segundo um novo estudo, e a maneira como o impacto económico será distribuído pode tornar as alterações climáticas um enorme fator de desigualdade mundial.

Uma nova análise da relação entre calor e desempenho económico divulgada nesta semana pela Oxford Economics, uma empresa global de investigação, identificou uma divisão entre nações de 15° Celsius, o "ponto ideal global" para a atividade económica. Um país cujas temperaturas médias anuais hoje são mais baixas do que 15° C, incluindo aqueles na América do Norte e Europa, podem beneficiar um pouco a curto prazo com o aumento das temperaturas. Países tropicais e subtropicais, cujas temperaturas médias já são mais altas do que 15° C atualmente, incluindo todo o Sul global, podem enfrentar uma degradação económica catastrófica.

A Índia, segundo a Oxford Economics, está numa trajetória particularmente ruinosa. A sombria previsão captura a relação histórica entre PIB e temperatura. Uma vez estabelecida, investigadores usam projeções climáticas para o resto do século para produzir estimativas do PIB. O estudo assume uma trajetória de emissões que poderia elevar as temperaturas médias globais em 3° C antes de 2100, sem medidas mais agressivas para conter o aumento.

A nova análise é uma atualização independente do estudo de referência de 2015 publicado pela revista Nature, que introduziu a técnica para projetar os impactos económicos de um mundo mais quente. O resultado principal - um impacto de 21% no PIB global até 2100 - está alinhado com o trabalho original. A pesquisa atualizada inclui uma década adicional de dados e outros 40 países, elevando o total analisado para 203 nações. O estudo original tornou-se uma ferramenta influente, agora que economistas incorporam projeções científicas do aquecimento global em modelos de crescimento. O estudo original de 2015 passou a ser usado como referência para estudos climáticos do Fundo Monetário Internacional e muitas organizações.

Os economistas, durante muito tempo, viram as alterações climáticas como um problema futuro que ainda está a décadas de distância, disse James Nixon, economista-chefe europeu da Oxford Economics e autor do novo estudo. "Obviamente, quando se estuda a literatura, percebe-se que não é bem assim", disse. "Como estamos a produzir previsões de longo prazo para países como a Índia, que provavelmente serão afetados adversamente pelas mudanças climáticas, precisamos de encontrar uma maneira de quantificar e pensar sobre o quanto devemos reduzir as projeções."

Nixon produz também estimativas do PIB per capita "contrafactual" - ou o que teria acontecido se o mundo não tivesse aquecido 1,1°C acima das médias pré-industriais. Na Índia, o PIB poderia ter sido cerca de 25% maior sem o aquecimento ocorrido até 2019; o PIB da Nigéria seria impulsionado em 35% sem o aquecimento.

Os economistas do clima têm um trabalho ingrato: Nixon descreve a sua tarefa como "tentar colocar um número em coisas que ainda não aconteceram". Isso gera muitas críticas, pois a complexidade e a incerteza fazem com que as projeções possam ser contestadas. Ou, como o novo artigo da Oxford Economics destaca, "colocar um número no impacto económico do aquecimento global é extremamente difícil".

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