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Consumo deverá ter fechado 2024 a abrandar. Pequena aceleração no investimento

Indicadores de curto prazo da procura interna disponíveis ainda não apontam para um último trimestre forte, que é esperado pelo Governo.

Francisco Seco/AP
20 de Janeiro de 2025 às 11:56
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Os indicadores de curto prazo relativos à evolução da procura interna, que será determinante para alguma aceleração da economia esperada em 2025, continuam a dar sinal fraco, com o consumo privado em abrandamento e os dados de investimento a apontarem apenas para alguma aceleração perto do final do ano passado.

A nova síntese económica de conjuntura, publicada pelo Instituto Nacional de Estatística (INE) nesta segunda-feira, aponta para alguma deterioração no consumo das famílias no fecho de 2024, acompanhando também algum agravamento na confiança. 

Segundo os dados INE, o indicador qualitativo de consumo privado tornou a abrandar em dezembro, para uma variação de 2,6%. Esta evolução ocorreu após novembro ter apontado também para quebras também no indicador quantitativo, tanto no que toca a consumo corrente quanto ao consumo de bens duradouros - as chamadas grandes compras das famílias, como veículos, eletrodomésticos ou mobiliário. 

Para dezembro, estão já disponíveis os dados quanto à evolução dos levantamentos nacionais em caixas multibanco, com uma diminuição homóloga de 2,2%, enquanto nos pagamentos em terminais multibanco se verificou um abrandamento, de 14,9% para 11,5%, no mês do natal. 

As vendas de automóveis ligeiros de passageiros, contudo, estão em recuperação, numa variação homóloga de 21,4% em dezembro (4% de subida em novembro).

Neste período, recorde-se, o indicador de confiança dos consumidores voltou a agravar-se, asssim como a avaliação que as famílias fazem da respetiva situação financeira.

Até ao terceiro trimestre, recorde-se, a situação das famílias tem sido marcada por melhorias no rendimento disponível, mas com os ganhos a serem canalizados para mais poupança, cuja taxa atingiu 8,4% nos meses de julho a setembro. 

Ainda será necessário esperar alguns meses para perceber se o comportamento de poupança das famílias teve alguma alteração de tendência no final de 2024, mas já no final de janeiro o INE divulgará a primeira estimativa preliminar para o PIB, após dois trimestres de variações em cadeia quase nulas (0,2% de subida trimestral do PIB no segundo e terceiro trimestres).

O Governo indicou que está à espera de que os dados confirmem uma aceleração significativa da economia na reta final de 2024, no que seria uma maior apoio para o crescimento no arranque de 2025. Em audição na comissão parlamentar de Orçamento, Finanças e Administração Pública, na passada semana, o ministro das Finanças, Joaquim Miranda Sarmento, afirmou que os números do quarto trimestre terão sido "significativamente bons" e apontou para uma aceleração no indicador de consumo privado e no indicador de atividade.

"Houve uma aceleração económica. São números obviamente provisórios, mas que indicam um bom quarto trimestre, e isso também nos traz maior robustez na previsão de crescimento económico para 2025 de 2,1%", antecipou.

Os indicadores do INE não o confirmam ainda. Em novembro, o indicador de atividade económica seguia a desacelerar, para uma variação de 1,4%.

Mas,os dados de curto prazo que sinalizam a tendência para o investimento oferecem melhorias ligeiras. Depois de em novembro o indicador de formação bruta de capital fixo ter registado uma aceleração ligeiras, o INE indica que "as vendas de cimento produzido em território nacional (não ajustadas de efeitos de sazonalidade e de dias úteis), já disponíveis para dezembro, aumentaram significativamente em termos homólogos, registando uma variação de 25% após a diminuição de 0,9% do mês anterior".

Há também recuperação nas compras de veículos pelas empresas. "Também já disponíveis para dezembro, as vendas de veículos ligeiros comerciais aumentaram 8,2% em termos homólogos (-1,8% no mês anterior) enquanto as vendas de veículos pesados registaram diminuições homólogas significativas nos últimos dois meses (-60,7% e -45,9%)", indica a síntese desta segunda-feira.

Com um quadro bastante mais negativo na procura externa, e incerteza forte quanto à evolução das trocas comerciais no próximo ano, será no investimento e nos gastos das famílias que o PIB terá de encontrar sustentação para acelerar no próximo ano. O Governo, recorde-se, espera um crescimento de 2,1% em 2025, acima dos 1,8% esperados para 2024.

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