O ministro francês das Finanças mostrou-se hoje confiante no sucesso da operação de recompra de dívida grega, fundamental para descer o "stock" de endividamento do país o que, por seu turno, é fundamental para que o Fundo Monetário Internacional (FMI) continue a garantir um terço dos empréstimos e assegure a parte que lhe cabe na próxima tranche de mais de 30 mil milhões de euros, que deverá ser formalmente libertada em 13 de Dezembro.

"Estou confiante de que será bem sucedida", disse Pierre Moscovici, ministro francês das Finanças à entrada do segundo dia do encontro dos ministros europeus das Finanças. "Está tudo a encaminhar-se na direcção certa", concordou Maria Fekter, ministra austríaca das Finanças.

O ministro alemão, Wolfgang Schäuble, voltou, por seu turno, a frisar que este procedimento – em que o Fundo Europeu de Estabilidade Financeira de Estabilidade Financeira (FEEF) se compromete a emprestar até mais 10 mil milhões de euros à Grécia para recompra de dívida – é "caso único".

Michael Noonan, ministro irlandês das Finanças, reconheceu que este procedimento não se aplicará aos outros dois países resgatados do euro – Irlanda e Portugal –  , sublinhado que o novo empréstimo para este fim foi concedido à Grécia a troco de condições muito exigentes, designadamente sobre o uso das verbas resultantes das privatizações, que passam a ser geridas numa conta reservada prioritariamente ao pagamento do serviço da dívida. Ainda assim, Noonan considerou “interessante” a possibilidade da Irlanda beneficiar da redução da taxa de comissão cobrada pelo FEEF e uma extensão dos prazos de reembolsos dos empréstimos.

O instituto que gera a dívida pública grega deu sexta-feira início ao leilão de recompra de obrigações do país, oferecendo-se para investir 10 mil milhões de euros na aquisição dos 62 mil milhões de euros em novos títulos de dívida que emitiu no início deste ano, em paralelo com o perdão de dívida acordado com bancos e detentores privados de títulos gregos.

O livro de ordens vai estar aberto até ao final desta semana, tendo a Grécia disponibiliza-se para comprar estes títulos com um elevado desconto. O preço oferecido, nos títulos que têm uma maturidade entre 2023 e 2042, é de 33,1% do valor nominal.

Esta operação faz parte do pacote de medidas que foram decididas na última reunião de ministros das Finanças da Zona Euro. O objectivo passa por reduzir a dívida pública grega para 124% do PIB em 2020, face aos 190% que estava previsto atingir em 2014 sem a adopção destas medidas.

A operação de recompra de dívida representa um corte de 11 pontos percentuais na dívida pública grega, ou seja, mais de metade dos 20 pontos percentuais deste pacote de medidas.

A oferta de recompra destes títulos incide sobre obrigações no valor de 62 mil milhões de euros, que foram emitidas depois da operação de troca de dívida que resultou num perdão de dívida à Grécia. Parte desta dívida é detida por instituições gregas: os bancos controlam 15 mil milhões e o fundo de pensões do país mais 8 mil milhões.