O município da Maia é o quinto maior exportador de Portugal, tendo registado 1,9 mil milhões de euros em exportações no último ano, em grande parte graças às quase 18 mil empresas que escolheram a Maia como sede. Entre essas empresas encontram-se tanto grandes marcas de renome, como a Sonae ou a Bial, e muitas pequenas e médias empresas familiares que compõem a estrutura da economia local. É este ecossistema que torna a Maia um centro de forte inovação e o cenário ideal para debater o impacto da Inteligência Artificial (IA) nas empresas familiares.
O Salão Nobre dos Paços do Concelho da Câmara Municipal da Maia foi o local escolhido para acolher o IV Fórum das Empresas Familiares, que terá lugar no próximo dia 30 de outubro. Esta iniciativa, organizada pela Câmara Municipal da Maia em colaboração com a efconsulting, é gratuita e aberta a empresários, líderes e gestores. O evento promete reunir especialistas, académicos e empresários para debater o impacto da IA nas empresas familiares e nas famílias empresárias.
António Silva Tiago, presidente da Câmara Municipal da Maia, sublinha que o município tem como principal prioridade "atrair investimentos que acrescentem valor ao território, privilegiando projetos empresariais de baixo ou nulo impacto ambiental, que gerem emprego qualificado e riqueza local."
O autarca reconhece que "a regeneração urbana tem desempenhado um papel crucial, tornando a Maia mais atrativa internacionalmente." Esta transformação é vista pelos investidores como "um compromisso com a qualidade de vida, com infraestruturas de nível europeu e uma oferta abrangente de educação, saúde, cultura e desporto." No contexto da Área Metropolitana do Porto, a Maia posiciona-se como "um polo complementar, oferecendo espaços verdes e urbanos equilibrados, com uma qualidade ambiental cuidada e excelente acessibilidade, em consonância com as necessidades contemporâneas de quem escolhe viver e investir na região", concluiu António Silva Tiago.
Estratégia e adaptação
A Inteligência Artificial está a deixar de ser uma mera tendência tecnológica para se afirmar como uma realidade concreta no quotidiano empresarial e, de acordo com estudos recentes, prevê-se que até 2030 aproximadamente 30% das horas trabalhadas nos Estados Unidos e 27% na Europa possam ser automatizadas com IA generativa; este impacto abrange de forma significativa as empresas familiares, que enfrentam agora a necessidade de reavaliar as suas operações e de reestruturar estratégias de liderança, formação e contratação para acompanharem esta transformação.
O IV Fórum das Empresas Familiares sugere alguns passos fundamentais para facilitar esta transição, começando pela compreensão do potencial da IA, o que implica que os líderes compreendam de que forma estas novas tecnologias podem automatizar e otimizar processos sem negligenciar o impacto no capital humano.
Segue-se o planeamento de transformações estruturais, uma vez que a implementação de IA exige uma reconfiguração da força de trabalho e uma abordagem estratégica capaz de integrar novas funções e competências, e culminando com a importância da educação executiva e do desenvolvimento de competências, através do qual executivos e gestores são incentivados a investir na sua formação em tecnologias emergentes, para estarem preparados para liderar com visão na era da automação.
Estima-se que a adoção generalizada da IA possa contribuir para a economia portuguesa na próxima década com um aumento de até 22 mil milhões de euros do PIB. Uma oportunidade que as empresas familiares não devem desconsiderar; contudo, para se adaptarem com sucesso, será necessário um esforço contínuo de capacitação das equipas e a integração estratégica da IA.
Compromisso com as empresas
O vereador Paulo Ramalho, responsável pela Competitividade Económica, Relações Internacionais e Turismo na Câmara Municipal da Maia, justificou a importância da realização do IV Fórum das Empresas Familiares, sublinhando o compromisso do município com a comunidade empresarial.
"O município tem especiais responsabilidades com a comunidade empresarial, uma vez que esta tem desempenhado um papel muito importante no desenvolvimento e atratividade do nosso território, quer pela produção de riqueza, quer pela oferta de postos de trabalho," afirmou Paulo Ramalho. O vereador destacou a existência do "Maia Go," uma estrutura municipal dedicada ao investimento empresarial, que reflete o empenho da autarquia em apoiar o setor.
De acordo com o vereador, aproximadamente 70% do tecido empresarial do concelho é composto por empresas familiares, o que reforça a necessidade de acompanhar as suas dinâmicas, ambições e desafios.
A escolha do tema da inteligência artificial para esta edição do fórum foi explicada referindo a atualidade e a relevância da questão. "Nos últimos três fóruns debatemos questões relacionadas com a liderança, com desafios de mercado, com conflitos, com a sucessão, com a igualdade de género, com a competitividade, e nesta altura, pareceu-nos importante refletir sobre um tema muito atual, como é claramente o da inteligência artificial e como esta pode impactar na vida das empresas familiares," afirmou Paulo Ramalho. O vereador reconheceu que a Europa tem ficado para trás na transição digital em comparação com a China e os Estados Unidos e destacou a inteligência artificial como uma oportunidade para aumentar a competitividade num mercado global e interdependente.
Contudo, não ignorou os desafios associados, nomeadamente as implicações laborais. "Vão desaparecer postos de trabalho e vão seguramente aparecer outros," apontou, referindo que as empresas familiares, por vezes, tendem a ser mais avessas à mudança e ao risco, investindo menos em investigação e desenvolvimento. A necessidade de compreender o estado atual e o impacto da inteligência artificial levou à organização do fórum, que contará com especialistas de renome, incluindo um dos maiores especialistas mundiais em empresas familiares, Salvatore Tomaseli, que abordará o impacto da IA nas famílias empresárias, oferecendo uma perspetiva valiosa para os empresários familiares presentes.
Debates, perspetivas e networking
O IV Fórum das Empresas Familiares contará com uma programação variada, que inclui palestras e mesas redondas com figuras de destaque nos campos da tecnologia, educação e negócios. No painel de abertura, estarão António Silva Tiago, Presidente da Câmara Municipal da Maia, e João Ferreira, Secretário de Estado da Economia, que contextualizarão a relevância do tema para o desenvolvimento local e nacional.
A seguir, António Nogueira da Costa, CEO da efconsulting, dará uma introdução ao potencial transformador da IA nas empresas familiares. Destacam-se ainda as intervenções de Filipe Miranda, da adidas, que abordará as aplicações práticas da IA generativa, e de Américo Azevedo, da FEUP e INESC TEC, que refletirá sobre as oportunidades e desafios específicos das empresas familiares na era digital.
A agenda prevê também mesas redondas moderadas por personalidades do setor, como Paulo Ramalho, vereador da Câmara da Maia, e Salvatore Tomaselli, da Universidad Francisco Marroquín, que trarão uma visão internacional sobre a integração da IA em ambientes familiares e empresariais. Estas sessões prometem fomentar debates construtivos e oferecer insights práticos sobre como as empresas familiares podem posicionar-se competitivamente num mercado em rápida transformação. Um evento a não perder.