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IV Fórum das Empresas Familiares
Notícia

A IA como um motor de transformação nas empresas familiares

O IV Fórum das Empresas Familiares, realizado na Maia, destacou o papel transformador da Inteligência Artificial na competitividade das empresas. Com a presença de especialistas e empresários, o evento enfatizou a importância da inovação e do apoio às empresas familiares na era digital.

07 de Novembro de 2024 às 10:39
António Silva Tiago, Presidente CM Maia, na abertura do IV Fórum das Empresas Familiares.
António Silva Tiago, Presidente CM Maia, na abertura do IV Fórum das Empresas Familiares.
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A Inteligência Artificial (IA) é um tema complexo e impactante na vida atual e no futuro das empresas, avaliou António Silva Tiago, presidente da Câmara Municipal da Maia, no IV Fórum das Empresas Familiares. Este evento, coorganizado pelo Município da Maia e pela Efconsulting, destacou-se precisamente pelo debate sobre o potencial da IA na melhoria da competitividade das empresas familiares. "Estamos muito atentos a esta nova realidade e fazemos tudo o que está ao nosso alcance para apoiar as empresas que nasceram e permanecem na Maia, seja na promoção de eventos que facilitam o ajustamento da visão estratégica de futuro, seja na criação de condições favoráveis ao desenvolvimento de iniciativas de investimento ou ao reforço da sua capacidade produtiva", explicou o autarca, salientando que essas ações contribuem para o aumento de postos de trabalho e para o incremento da geração de riqueza.

O autarca define a Maia como um "ecossistema humano, social e económico forte, vibrante e dinâmico, que interage num território magnético excelente para se viver, trabalhar e investir", lançou um repto aos empresários que têm nesta geografia sediadas as suas empresas, "muitas delas de matriz familiar", no sentido de ponderarem estratégias de valorização do seu entorno territorial, cívico e social dispondo-se a participar na vida da comunidade concelhia, exercendo a sua responsabilidade social. Nomeadamente, explicita António Silva Tiago, residirem e "desfrutarem de um estilo de vida saudável", entregando aos algoritmos e à inteligência artificial "as tarefas rotineiras, repetitivas e monocórdicas que só nos subtraem tempo precioso para vivermos e sermos ainda mais felizes". 

As empresas familiares no centro da economia

"Um Governo ao serviço das empresas e dos que acrescentam valor" – foi assim que João Ferreira, secretário de Estado da Economia, justificou a sua presença neste evento, numa região onde o governante se "move" particularmente bem. Aproveitando o conceito de ecossistema "transformador" mencionado por António Silva Tiago, o secretário de Estado estendeu-o à região Norte, destacando a infraestrutura do setor científico-tecnológico, desde a Universidade do Porto ao Instituto Politécnico e ao INESC TEC. "Portugal, como uma economia de dimensão relativamente pequena, tem de ter uma visão global do mundo como plataforma de negócios, com uma economia baseada em valor acrescentado. Tudo o que possamos fazer em termos de políticas públicas – e o que já o setor privado faz do ponto de vista do desenvolvimento – deve assentar numa lógica de diferenciação e de inovação tecnológica naquilo que produzimos."

João Ferreira salientou ainda a importância de estreitar as cadeias de valor, sublinhando que as empresas devem estar mais próximas dos clientes e, em seguida, explorar a lógica de exportação e internacionalização como um fator essencial. "Conheço a realidade de quem trabalha nas empresas, dos fornecedores, dos trabalhadores, do equipamento que avaria e da reparação que não acontece, da encomenda que não chega, do pagamento que se atrasou, da linha de crédito que aumentou ou da energia que subiu. As empresas têm uma dinâmica muito própria, sobretudo as PME", afirma João Ferreira, para quem as estruturas familiares "são a base de todas as empresas". O governante fala com conhecimento de causa, uma vez que a empresa de que foi CEO, a WFS Cork, foi fundada pelo seu avô. "As empresas familiares são um ativo importantíssimo para o país e para esta região", destaca, não só porque representam uma parte significativa do PIB e do emprego, mas também por terem um fator altamente diferenciador: uma perspetiva a longo prazo, com uma visão de sucessão e de valor retido na empresa, que tende a ser mais estável e prudente.

"Claro que depois há que incorporar os fatores de capacidade e autonomia de gestão, de separação entre o quotidiano familiar e o empresarial, de adaptação às novas realidades e de antecipação de tendências...", reforçando assim o sentido de sessões como esta, onde se debate a Inteligência Artificial. "Estas sessões têm a vantagem de colocar à disposição das empresas um conjunto de especialistas, além de trazer o tema para a ordem do dia." João Ferreira abordou, em particular, os desafios e oportunidades que a IA pode proporcionar, bem como a necessidade de a União Europeia acelerar o quadro regulatório e o investimento no setor. Referiu também a importância crescente das competências em IA, que considera fundamentais para o futuro.

IA está na adolescência

No IV Fórum das Empresas Familiares, António Nogueira da Costa, CEO da Efconsulting, empresa coorganizadora do evento, recordou que a Inteligência Artificial remonta a 1956, contextualizando esse conceito na atualidade, numa época em que Elon Musk, proprietário da Tesla, apresentou as novas versões dos robôs humanoides Optimus, programados para interagir com humanos e auxiliar nas tarefas do quotidiano, por 28 mil dólares. "Há 80 anos, estaríamos a falar de feitiçaria, algo do imaginário", brincou, ao introduzir o conceito de Inteligência Não Cerebral, que transforma robôs em agentes capazes de executar não apenas tarefas simples, mas também atividades complexas. "Diria que estamos numa fase de adolescência, onde já somos de alguma forma complexos e temos capacidade de tomada de decisão". António Nogueira da Costa salientou que, neste contexto, surgem "oportunidades astronómicas", mas também desafios "galácticos".

A culpa não é da IA, é "minha"

O evento prosseguiu com apresentações de especialistas conceituados na área. Filipe Miranda, Senior Data Engineer da adidas, abordou os aspetos essenciais da IA Generativa, oferecendo uma perspetiva valiosa sobre o mundo corporativo e a aplicação prática destas tecnologias. Américo Azevedo, professor da FEUP e coordenador do TEC4Industry no INESC TEC, partilhou a sua visão sobre as oportunidades e desafios das empresas familiares na era da IA, estabelecendo uma ponte crucial entre a academia e o setor empresarial. O académico sublinhou que, apesar de a IA e a robótica serem conceitos e tecnologias com décadas de existência, a grande diferença é que anteriormente eram utilizadas sobretudo para tarefas repetitivas, e não para as denominadas "tarefas únicas" — algo que hoje é possível, num mundo "onde tudo é customizável", voltando assim ao conceito de artesão, como descreveu Américo Azevedo.

Pedro Aguiar, coordenador da pós-graduação em Inteligência Artificial no Marketing do IPAM, destacou que não é a IA que retirará negócio ou empregos, mas sim o uso que se fará dela. A grande questão, diz o especialista, é se saberemos aproveitar esta ferramenta "para ser profissionais e competentes no nosso trabalho e para tornar as nossas empresas competitivas. Não podemos, ao final do dia, culpar a tecnologia. A culpa será nossa".

Salvatore Tomaselli, professor na Universidad Francisco Marroquín e na Università degli Studi di Palermo, abordou as "Oportunidades e Desafios para as Famílias Empresárias" no contexto da inteligência artificial.

A última parte da sessão, moderada pelo vereador da Competitividade Económica Paulo Ramalho, foi enriquecida por relatos de empresas familiares que já implementaram soluções de IA nas suas operações. Representantes de marcas como Azevedos Indústria, Laboratórios Germano de Sousa, Portugal Foods e Remax partilharam as suas experiências, os desafios enfrentados e os benefícios obtidos com a adoção dessas tecnologias.

Carlos Mendes, presidente da Associação Empresarial da Maia, afirmou que, após esta conferência, está ainda mais convencido de que "não há plano B; não há como seguir em frente sem ter em conta a Inteligência Artificial". O responsável, que mencionou ter experimentado usar o ChatGPT para escrever o discurso — "e duvido que conseguisse fazer melhor", brincou —, afirma que esta é uma nova realidade que temos de enfrentar. "A associação, para além da missão de promover, proteger, defender e representar os seus associados, tem agora também a missão de os alertar para esta realidade e de os apoiar, junto de centros tecnológicos, a aproveitarem as oportunidades e enfrentarem os desafios que a IA traz ao meio empresarial".

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