Um setor dinâmico, mas com problemas. Assim está o mercado da construção e do imobiliário em Portugal, que para este ano deve continuar como no segundo semestre de 2023, com "a estabilização no número de transações e uma moderada subida de preços", antevê Paulo Caiado, presidente da Associação dos Profissionais e Empresas de Mediação Imobiliária de Portugal (APEMIP), ao perspetivar 2024 para o setor. Porém, a concretização da descida das taxas de juro "pode potencializar um aumento mais significativo no número de transações imobiliárias". "Essa perspetiva reflete uma conjuntura favorável, mas também sugere a necessidade de acompanhar de perto as tendências do mercado e os indicadores económicos para ajustar estratégias e aproveitar oportunidades."
As perspetivas do setor da Associação Portuguesa de Promotores e Investidores Imobiliários (APPII) para este ano no setor da construção e do imobiliário em Portugal são "sombrias". "Temos um problema de habitação no nosso país, que reside na escassez de oferta, que permanece inadequada à procura, e cuja principal consequência é a subida do preço das casas. O que se tem verificado em contínuo nos últimos anos. Este problema ainda não foi resolvido e se não temos mais casas novas não há condições para que em 2024 o preço baixe ou desacelere de forma significativa", explica Hugo Santos Ferreira, presidente da direção da APPII.
“Observamos um aumento significativo do recurso às imobiliárias, o que representa uma excelente oportunidade e, simultaneamente, uma responsabilidade acrescida.” Paulo Caiado
presidente da APEMIP
Para o responsável da APPII, este ano espera-se que a procura se mantenha elevada, pois as pessoas continuam a precisar de uma casa para viver. No entanto, "os juros elevados dificultam, e espera-se que continuem a dificultar, o acesso ao financiamento por parte dos portugueses para a compra de casa, o que também continuará a criar pressão no mercado de arrendamento".
Em relação aos Vistos Gold e ao Regime de Residentes Não Habituais, com o seu fim, Hugo Santos Ferreira espera "um abrandamento na compra de casas por parte dos estrangeiros". "As medidas anunciadas ao longo de 2023, claramente que assustaram os investidores estrangeiros, o que levou a uma retração neste mercado, mas nem por isso o preço das casas desceram. Antes pelo contrário", assegura aquele responsável, acrescentando que, neste momento, o setor imobiliário encontra-se "num efeito suspensivo e não se espera que em pouco tempo se reverta". "Esperaremos que Governo vai resultar das eleições para se perceber como evoluirá o mercado".
Desafios e oportunidades
Sobre os desafios e oportunidades que se avizinham para este ano para o mercado imobiliário, Paulo Caiado diz que são "diversos". "Observamos um aumento significativo do recurso às imobiliárias, o que representa uma excelente oportunidade e, simultaneamente, uma responsabilidade acrescida", recorda o responsável da APEMIP, acrescentando ser fundamental que tanto os serviços prestados quanto todo o setor se baseiem "numa maior profissionalização, rigor e transparência para responder adequadamente a essa procura crescente". "A profissionalização do setor não aumenta apenas a confiança dos clientes, mas também eleva os padrões de qualidade e ética, garantindo um ambiente de negócio mais saudável e sustentável, a longo prazo", recorda.
“Os juros elevados dificultam, e espera-se que continuem a dificultar, o acesso ao financiamento por parte dos portugueses para a compra de casa, o que também continuará a criar pressão no mercado de arrendamento.” Hugo Santos Ferreira
presidente da APPII
Por sua vez Hugo Santos Ferreira, da APPII, afirma que os desafios serão muitos e as oportunidades também, mas tem de haver "vontade política para adequar as medidas às necessidades dos portugueses". "Vamos a factos: prevê-se que os preços das casas continuem a subir. Como não estamos a construir casas em número suficiente para as necessidades do país, não conseguiremos entregar aos portugueses casas que possam pagar. Não há um problema de habitação em Portugal, mas sim um problema de acesso à habitação, que não se vai resolver enquanto não construirmos mais e enquanto não tivermos mais casas no mercado."