Apesar dos inegáveis progressos que se têm verificado, a posição de Portugal, no quadro europeu, continua a ser marcada por uma desvantagem acentuada no plano das qualificações. O país apresenta ainda a maior proporção de adultos que não completaram o ensino secundário da UE (44,6%), situando-se a média europeia nos 20,8%. Da mesma forma, a taxa de participação de adultos em atividades de aprendizagem ao longo da vida continua abaixo da média europeia e é claramente insuficiente para corrigir o défice de qualificações da população ativa.
A partir deste diagnóstico, Benvinda Catarino, diretora da COPRAI – Formação e Desenvolvimento Empresarial da Associação Industrial Portuguesa, defende que "há que auscultar as empresas, procedendo-se a diagnósticos de necessidades de formação para que a oferta formativa vá ao encontro das necessidades efetivas de qualificação, enquadradas nas especificidades dos setores e das regiões, correspondendo aos atuais e futuros desafios do mercado de trabalho". Na sua opinião, a aposta "na aprendizagem ao longo da vida, suportada em estratégias de reskilling e upskilling, é um fator determinante para a competitividade das empresas e do país".
Construir programas relevantes
Neste contexto, para Isaura Pereira, responsável pela formação na CCIP (Câmara de Comércio e Indústria Portuguesa), "a integração e a ligação dos programas de formação com o tecido empresarial e o mercado de trabalho são fundamentais para garantir que estes projetos sejam relevantes, atualizados e eficazes na preparação dos líderes, gestores e outros técnicos para o sucesso na sua vida profissional". Na perspetiva da CCIP, "a interação com as empresas possibilita uma avaliação contínua dos programas de formação, através do feedback dos empregadores e da monitorização do desempenho dos formandos no mercado de trabalho, o que permite identificar áreas de melhoria e ajustar os programas conforme necessário", afirma a responsável.
Desta forma, as parcerias entre empresas e escolas são fundamentais para o desenvolvimento de programas de formação de executivos que sejam relevantes e aportem valor ao tecido empresarial. Estas parcerias normalmente permitem às escolas: oferecer aos alunos experiências práticas e com impacto, como estágios, projetos práticos e visitas a empresas; manter o currículo dos seus programas atualizado com as necessidades do mercado; ampliar a rede de contactos dos alunos, com eventos de networking, feiras de emprego, etc.; promover a investigação e o desenvolvimento, com projetos integrados; e proporcionar a permanente transferência de conhecimento entre empresas, parceiros, academia e alunos.
Escolas envolvem empresas
No caso da Católica Porto Business School, "não só tem um parceiro permanente – a AEP – Associação Empresarial de Portugal –, como possui muitas parcerias estratégicas com empresas e outras entidades para enriquecer a aprendizagem dos alunos", informa João Pinto, diretor da instituição.
Também a Faculdade de Economia da Universidade do Porto se orgulha da forte integração e ligação com as organizações, que é assegurada "por um largo espectro de mais de 100 parcerias estratégicas, nas quais se convidou cerca de 50 parceiros de referência a codesenhar formações alinhadas com as suas exigências, atuais e de futuro, e a visão fundada que têm do mercado", conta Óscar Afonso, diretor da faculdade. Além disso, "os parceiros contribuem ativamente nas atividades formativas, na criação de um espólio rico de casos concretos de estudo e no desenvolvimento de projetos no seu contexto, criando um ecossistema gerador de um valor único para os profissionais, a escola e as organizações parceiras", afirma o responsável.
Para Marta Ferreira, coordenadora executiva da Portucalense Business School, a integração e ligação com o tecido empresarial "é fundamental para o sucesso dos programas executivos que desenham e, por consequência, para os profissionais e a performance das organizações". Dessa forma, procuram estabelecer "parcerias estratégicas em todos os cursos, tanto durante a conceção como no decorrer dos cursos", afirma a responsável.
Essa ligação é igualmente fundamental para o ISVOUGA – Instituto Superior de Entre Douro e Vouga. "A ligação do ISVOUGA ao meio empresarial é muito forte. Existe um elevado número de protocolos com empresas e outras organizações, nos termos dos quais é dada a possibilidade aos nossos estudantes de aí desenvolverem os seus estágios curriculares", afirma Adelina Portela, diretora da instituição. Por outro lado, "as parcerias existentes permitem também, através dos estudantes da escola, com a orientação de docentes, "desenvolver projetos aplicados destinados à resolução concreta de problemas das empresas", conclui.