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"O mundo está melhor porque o seu negócio existe?"

Necessidade e oportunidade obrigam a fazer uma transição energética capaz de dar resposta às alterações climáticas. Alertas feitos pela administradora executiva da EDP, Vera Pinto Pereira, e pelo especialista americano em negócios sustentáveis, Andrew Winston, na abertura do EDP Business Summit.

18 de Março de 2024 às 11:21
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Abraçar a transição energética é, simultaneamente, uma necessidade e uma oportunidade para todas as partes interessadas, lembrou a administradora executiva da EDP, Vera Pinto Pereira, que abriu o evento internacional EDP Business Summit, na sede da energética em Lisboa. O encontro internacional de empresários e de especialistas no setor da energia decorreu há uma semana e foi transmitido em streaming, a partir de Lisboa para todo o mundo.



A administradora executiva da EDP destacou a forma como esta mudança, que considera fundamental, oferece um caminho para combater ativamente as crises energética e climática, promovendo simultaneamente a independência energética, mitigando a volatilidade do mercado e acelerando a descarbonização. "Das empresas aos governos e à sociedade civil, todos são convidados a juntar-se a este compromisso coletivo: unir o nosso poder para um futuro mais limpo e sustentável", defendeu Vera Pinto Pereira.

E o papel das empresas de energia nesse futuro é fundamental. "O mundo está melhor porque o seu negócio existe?" foi o mote deixado à plateia pelo consultor americano especialista em negócios sustentáveis, Andrew Winston, antes de elencar um conjunto de desafios e tendências, mas também de oportunidades. "Cabe aos líderes deste negócio (da energia) melhorar o futuro", desafiou, recordando que "com a pandemia percebemos que o mundo é resiliente, tem dinheiro, vontade e conhecimento para mudar. Agora, é preciso agir".

Andrew Winston é autor e consultor especializado em temas como alterações climáticas, sustentabilidade e inovação. No EDP Business Summit promoveu a reflexão sobre o papel das empresas num mundo em mudança, e no qual a transição energética é uma parte essencial desta equação. Em declarações ao Negócios, à margem da conferência, descreveu desta forma simplificada, a transformação em curso, rumo à neutralidade carbónica: " É um trabalho em progresso."


"As empresas têm um papel essencial na mudança através da colaboração, da adoção de novas tecnologias para a inovação e a competitividade empresarial." Andrew Winston
especialista em negócios sustentáveis


Metas de Paris reforçadas
Já a administradora executiva da EDP, Vera Pinto Pereira, lembrou ainda, na sua intervenção, o compromisso assumido pelos países que, em 2016, assinaram o Acordo de Paris, que prevê que o mundo atinja a neutralidade carbónica em 2050, reforçado este ano na COP28, que decorreu no Dubai, onde foram estabelecidos objetivos ambiciosos como triplicar a capacidade renovável de 2022 até 2030. Foi uma evolução, como reconhece a administradora executiva da EDP, que recorda a primeira Conferência das Partes (COP), promovida pelas Nações Unidas, em 1994. "Na altura, as ameaças das alterações climáticas ainda não eram bem entendidas. Felizmente, 30 anos depois o mundo está a fazer esta transição."

Colaboração é a palavra-chave
Na empreitada da mudança exigida pela transição energética, "temos de ir mais longe, e muito mais depressa", alertou, por sua vez, Andrew Winston. Para o fazer, defende, "a colaboração é a palavra-chave", porque cada empresa, sozinha, não terá a possibilidade de amplificar o seu contributo. "As empresas têm um papel essencial na mudança através da colaboração, da adoção de novas tecnologias para a inovação e a competitividade empresarial, alinhando a sustentabilidade com o lucro, e com um impacto positivo nas pessoas e no planeta", afirma.

No fundo, Andrew Winston defende que, com este caminho de transformação, "estamos a construir um mundo próspero". O autor recorda uma das lições da pandemia da covid-19, que demonstrou que é preciso atuar nas alterações climáticas. Cidades habitualmente cinzentas, fruto do nevoeiro gerado pelo excesso de poluição, viveram, em 2020, semanas de "ar respirável" e ganharam cor. Isto significa que "atingiremos a neutralidade carbónica, quando o mundo for alimentado apenas por energias renováveis, quando os transportes forem todos elétricos, aí as cidades deixarão de ter o nevoeiro da poluição".

Contudo, para atingir esta meta, é preciso ultrapassar o desafio das desigualdades que agravam assimetrias entre as diversas partes do planeta. Também aqui, acredita Andrew Winston, a transição energética pode ajudar, uma vez que a crescente utilização das renováveis permitirá democratizar o acesso à energia em zonas mais vulneráveis e menos desenvolvidas do mundo. "Endereçar a pobreza e as alterações climáticas serão os maiores desafios da humanidade", alerta.

Às empresas portuguesas, o orador deixa uma mensagem: "O caminho da transição vale a pena, quer pelo impacto no ambiente, quer pelo custo mais baixo que apresenta." Claro que, reconhece, as soluções de mudança serão distintas para as empresas de maior ou de menor dimensão. Mas "o custo da inação é muito maior do que o custo da ação", concluiu.
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