A edição deste ano da COP28 (sigla que significa 28ª Conferência das Partes da Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre Alterações Climáticas) tem estado envolta em polémica, desde logo pela escolha do Dubai como país anfitrião.
O facto de ser um dos países cuja economia é das mais dependentes dos recursos fósseis levantou um conjunto de polémicas que, a duas semanas do início do encontro, começam a dissipar-se. A maior preocupação reside agora no resultado que dali possa emergir, uma vez que muitos consideram que esta será a última grande oportunidade para chegar a um acordo para o fim dos combustíveis fósseis.
A falta de entendimento pode significar que o mundo não será capaz de impedir uma catástrofe climática que põe em causa a sobrevivência das populações e um conjunto de direitos humanos. Espera-se que a COP28 seja o momento de concluir o primeiro balanço global de implementação do Acordo de Paris (realizado na COP21, 2015), avaliar o progresso coletivo de todos os países nos esforços de mitigação, adaptação, financiamento e transferência de tecnologia relacionadas com as alterações climáticas.
Este ano, o Pavilhão de Portugal, que reunirá um conjunto de entidades públicas, da sociedade e do setor económico, ficará localizado na Zona Azul, administrada pela Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre as Alterações Climáticas (UNFCCC), que estará aberta às partes acreditadas e aos delegados observadores e acolherá negociações formais. Uma das poucas empresas portuguesas que marcará presença na COP28 é a Fidelidade.
O seu CEO, Rogério Campos Henriques, reconhece que esta presença é muito importante. "Trata-se do reconhecimento público do trabalho que temos vindo a desenvolver em matéria de sustentabilidade, desde que em 2022 apresentámos a nossa estratégia para assumir um papel relevante na dimensão social, sermos proativos na transição ecológica e na forma como atuamos enquanto agente económico responsável e exemplar."
O gestor explica que "hoje não fazemos qualquer distinção entre a sustentabilidade e a nossa atividade, precisamente por considerarmos que não é possível ter um negócio robusto, rentável e com futuro sem sermos verdadeiramente sustentáveis. Sermos a única seguradora portuguesa presente neste evento, precisamente no primeiro ano em que Portugal tem um pavilhão próprio, é para nós um motivo de enorme orgulho".
Riscos climáticos são maior desafio do setor segurador
Como consequência do aumento dos gases com efeitos de estufa ao longo dos últimos 50 anos, fruto da industrialização acelerada, os recursos do planeta estão a esgotar-se, com danos graves sobre muitas espécies que asseguram o equilíbrio do planeta e a sobrevivência da humanidade. Adicionalmente, os fenómenos climáticos extremos são cada vez mais visíveis, materializados sob a forma de incêndios violentos, tempestades e inundações, secas prolongadas e o aparecimento de novas doenças.
De acordo com o World Wild Fund for Nature (WWF), cidadãos e empresas têm um papel a desempenhar neste tema, contribuindo de forma positiva para a natureza. No entanto, alerta que é aos governos que cabe ir mais longe, mudando o paradigma para proteger a natureza, e revertendo a perda de biodiversidade para benefício de todos.
Assumindo a sua quota parte de responsabilidade, a Fidelidade encara o tema ambiental e das alterações climáticas como um dos maiores desafios enfrentados pelo setor segurador. Este desafio, explica João Mestre, responsável pela área de sustentabilidade na Fidelidade, materializa-se tanto em riscos físicos, com o aumento da frequência e severidade dos fenómenos climáticos, como em riscos de transição devido às ações necessárias para o desenvolvimento de uma economia neutra em carbono. "Os nossos 200 anos de história são a prova viva da nossa preocupação com a sustentabilidade. Este é um tema que é nosso e também uma ambição genuína", reforça João Mestre.
A presença na COP28 é parte deste percurso e do compromisso assumido, e também a oportunidade de partilhar a sua visão e estratégia no caminho da descarbonização. Da agenda da Fidelidade fazem parte a apresentação de projetos como o Net Zero Plan - um milestone importante na estratégia ESG (Ambiente, Social e Governação) da seguradora -, com ações e metas repartidas por três dimensões – Operações, Investimentos e Seguros -, que espelham o seu compromisso com os seguros e os investimentos sustentáveis e socialmente responsáveis.
Lei do Restauro da Natureza aprovada na União Europeia
Após alguma polémica, a Lei de Restauro da Natureza, foi aprovada pela União Europeia (UE) há pouco mais de dez dias. Segundo a legislação agora aprovada, os países-membros devem lançar medidas que abranjam 30% dos seus habitats naturais degradados (rios, florestas, prados), com o objetivo de recuperar a biodiversidade. De acordo com dados da Comissão Europeia, atualmente 81% dos habitats naturais da Europa encontram-se em mau estado.
Recorde-se que esta lei surge na sequência do acordo alcançado em dezembro passado na COP15 – Diversidade Biológica -, no Canadá, que estabeleceu a meta global da conservação e gestão efetiva de pelo menos 30% das terras, águas interiores, áreas costeiras e oceanos. Um passo importante quando, atualmente, apenas 17% da terra e 10% dos mares estão protegidos, e uma meta que está para a diversidade como o Acordo de Paris está para o aquecimento global.
Já este ano, e antes mesmo da aprovação desta nova lei, a Fidelidade já iniciara um caminho que vai ao encontro destas metas. O Fundo Florestas de Portugal, aprovado pela CMVM (Comissão do Mercado de Valores Mobiliários) como artigo 9º da SFDR (Sustainable Finance Disclosure Regulation – dark green) será um sumidouro de carbono natural e terá impactos sociais, na biodiversidade e no incentivo a uma gestão da terra sustentável (valorização do capital natural) potenciando os serviços do ecossistema.
Com um investimento mínimo de 12M€, esta é uma resposta da Fidelidade na adaptabilidade e mitigação aos riscos climáticos, que permitirá o conhecimento para o desenvolvimento de novos produtos e serviços que potenciem projetos sumidouros de carbono e o aumento da biodiversidade. No entanto, este não será um trabalho isolado, mas um projeto colaborativo, que contará com a participação de diferentes agentes, dos setores público e privado, ONG, academia e sistema científico. "É um caminho longo, mas estamos seguros de que estamos a trilhá-lo de forma sólida e coerente, norteados por uma ambição genuína de fazer o melhor pela sociedade", conclui o responsável de sustentabilidade da Fidelidade.
3 dezembro | 10h-11h
Evento Fidelidade:
De mim para nós: Transição Colaborativa
É necessária uma mudança fundamental de um compromisso individual para um movimento coletivo na abordagem dos grandes desafios - significando uma transição de esforços isolados para uma frente unida.
Enfatizar o poder da colaboração para alcançar mudanças significativas na transição ambiental e no seu impacto social será o tema central deste evento dividido em duas partes, compostas por uma palestra de abertura e duas mesas-redondas, que contam com oradores nacionais e internacionais.
1ª parte: De mim para nós: Do global para o local
As alterações climáticas têm muitas implicações para a sociedade e a nossa resposta é imperativa a nível global, mas também a nível local. O setor dos seguros tem uma influência decisiva na transição, nomeadamente nos compromissos Net-Zero.
Palestra: Aquecimento global e seguros
Keynote speaker: Boston Consulting Group (BCG): Lorenzo Fantini, Global leader ESG Risk & Compliance|Global co-leader climate & sustainability insurance
Debate: Ação climática - Esforços locais
Rogério Campos Henriques (CEO da Fidelidade) & Lorenzo Fantini (BCG)
2ª parte: De mim para nós: Colaboração de Impacto Social para a Terra
As transições sustentáveis requerem a intervenção de todos, exigindo esforços de colaboração entre governos, municípios, empresas e ONG para mitigar os riscos sociais promovidos pelas alterações climáticas.
Mesa-redonda: Colaboração de impacto social para a Terra
Moderador: João Mestre (Diretor de Sustentabilidade da Fidelidade)
Convidados: Global Compact; Joana Balsemão (Vereadora Executiva do Ambiente e da Cidadania, Câmara Municipal de Cascais); Rui Esteves (Diretor de Estatística e Estudos Técnicos Não Vida, Fidelidade).