As PME representam o grosso da economia nacional e são elas que fazem parte importante dos números nacionais de emprego, volume de negócios, valor acrescentado bruto, entre outras variáveis. No entanto, num exercício de comparação, setor a setor, da economia nacional com outras economias europeias em indicadores de produtividade, em regra, o nosso posicionamento revela uma baixa capacidade concorrencial das PME nacionais face às internacionais.
Apesar de a incerteza reinante tornar difícil definir quais os setores de atividade que estão mais preparados para enfrentar a crise que se avizinha para 2023, quisemos saber quais as PME que poderão ter maior dificuldade em lidar com os desafios atuais.
Na opinião de Hermano Rodrigues, Principal na EY-Parthenon, os setores de atividade mais fortes tendem a ser os transacionáveis, ao passo que "os mais expostos serão os setores produtores de bens de capital e os setores produtores de bens e serviços que não sejam de primeira necessidade". De forma assimétrica – prossegue –, "os setores mais dependentes do gás natural deverão continuar a ser mais afetados". "Claro está que existirão surpresas, até porque ainda existe bastante poupança acumulada do período agudo da covid-19 que constituirá um amortecedor importante em 2023. Contudo, o forte aumento das taxas de juro atualmente em curso está e irá continuar a refrear bastante o consumo, sobretudo de bens e serviços mais dispensáveis ou adiáveis."
Já Pedro Otero, coordenador do Gabinete de Estudos na ANPME, considera que "setores dos serviços empresariais, das tecnologias da informação e comunicação, o energético/ambiente e a agricultura e recursos naturais" poderão ser os mais competitivos. Pelo contrário, tenderão a apresentar maior fragilidade "os do alojamento e restauração, as atividades imobiliárias, o retalho e os transportes."