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Be Next – Europe’s Decentralized Energy Innovation Forum
Notícia

Energia solar descentralizada já evita mais de 600 milhões de toneladas de CO2

Impacto positivo no ambiente deverá aumentar à medida que estas soluções forem sendo adotadas pelas empresas e pelos consumidores. McKinsey estima que o mercado global conte com mais de 1 bilião de dólares de investimento até ao final da década.

30 de Abril de 2024 às 12:04
Miguel Lopes, consultor da McKinsey Portugal.
Miguel Lopes, consultor da McKinsey Portugal.
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Se dúvidas houvesse, ficou claro ao longo do Be Next – Europe’s Decentralized Energy Innovation Forum que a transição energética, embora crucial para a descarbonização do planeta, tem custos e exige avultados investimentos ao longo dos próximos anos. De acordo com um estudo recente da McKinsey, para que Portugal atinja a neutralidade carbónica será necessário assegurar um investimento de 500 mil milhões de euros até 2045. Um dos grandes aliados desta jornada é a produção descentralizada de renováveis, em particular de energia solar, que, no seio da União Europeia, cresceu cerca de 40%. “Temos visto que a energia solar tem crescido significativamente, especialmente em 2022 e 2023 devido à crise energética e à subida dos preços da energia”, constata Miguel Lopes.


O consultor da McKinsey Portugal não tem dúvidas de que a produção solar descentralizada “é já uma força para a sustentabilidade em todo o mundo, entregando mais de 800 TWh”, mas também evitando “mais de 600 milhões de toneladas de emissões de CO2 por ano”. Por si só, estes valores são animadores, mas o especialista garante que este impacto deverá aumentar ao longo dos próximos anos.


No entanto, não é apenas em matéria de descarbonização que a energia descentralizada assume um papel central. Miguel Lopes destaca ainda o papel na redução das faturas energéticas para famílias e empresas, potenciando a criação de empregos no setor energético. Porém, os investimentos são para continuar e até para acelerar até 2030, altura em que já deverá ter sido investido um valor superior a 1 bilião de dólares, que permitirá acrescentar 1 TW de energia solar descentralizada, segundo contas da McKinsey.


Mercado volátil, mas promissor

Apesar de se verificar uma desaceleração na adoção de solar descentralizado em vários mercados, em grande medida à boleia das elevadas taxas de juro que reduziram a capacidade financeira das famílias, Miguel Lopes acredita que, “mesmo com esta incerteza, há grande potencial para a adoção do solar descentralizado”. “Nos Países Baixos, esperamos que aumente a penetração do solar e mais do que duplique até ao final desta década. O que a nossa análise mostra é que haverá uma correção de mercado a curto prazo à medida que as taxas de juro baixam”, explica.


Por tudo isto, a McKinsey defende que os operadores de mercado devem “pensar estrategicamente e mudar a forma como se estão a posicionar no mercado de produção descentralizada”, nomeadamente procurando a “excelência operacional” e repensando o portefólio. Isto significa que as empresas devem procurar, cada vez mais, oferecer “soluções integradas” com base nas necessidades dos clientes, apostar em PPA [contratos de fornecimento de longa duração], tarifas indexadas e outros modelos relevantes. “Começámos num espaço em que vendíamos solar descentralizado como vendíamos um eletrodoméstico, e agora estamos a ver uma alteração para ter propostas de valor holísticas”, diz Miguel Lopes. Os sistemas de gestão de energia, as baterias para armazenamento e as bombas de calor são também produtos em franco crescimento e que não devem ser deixados de fora dos portefólios, avisa.


Os três segmentos em que se antecipa maior crescimento a médio prazo são as comunidades de energia, que beneficiam de um quadro regulatório favorável na UE e em Portugal, nas PME, que têm menor capacidade de investimento, e no mercado residencial de baixos rendimentos.

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