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O Papa que deu poder às mulheres

Francisco celebra 10 anos do seu Pontificado a 13 de março. Nesta década, colocou leigas e religiosas em cargos importantes e com poder de decisão, tanto no governo da Cidade do Vaticano como na Santa Sé. Algo inédito, que é uma resposta do Papa às exigências dos católicos e da sociedade, em geral, do terceiro milénio. As vozes femininas estão a ser mais ouvidas e as melhorias introduzidas estão à vista, garante o líder da Igreja Católica. Mas o sacerdócio das mulheres ainda é tabu.
Filipa Lino 11 de Março de 2023 às 11:00

O balanço é positivo. Francisco olha para trás e garante que as mulheres que escolheu nestes 10 anos de Pontificado para cargos relevantes nas estruturas da Igreja, foram uma aposta ganha. "Reparei que sempre que uma mulher vai para uma posição com responsabilidade no Vaticano, as coisas melhoram", disse aos jornalistas no voo de regresso a Roma, depois da viagem papal ao Bahrain, em novembro de 2022.

O Papa está a levar a cabo uma revolução na Igreja ao dar poder e voz às mulheres, o que não agrada a todos dentro da instituição dominada há séculos por homens. Mas não tem dúvidas de que este é o caminho a seguir, porque "as mulheres sabem encontrar a forma certa para irmos em frente". De facto, acrescentou na mesma ocasião, "uma sociedade que não permite às mulheres terem papéis importantes não consegue progredir".

São várias as leigas e religiosas que ocupam atualmente cargos importantes. A cientista política e freira franciscana Raffaella Petrini é "número dois" no Governo do Estado da Cidade do Vaticano. Assumiu o cargo de secretária-geral da Governação, tendo à sua responsabilidade cerca de dois mil funcionários. Os museus do Vaticano, uma importante fonte de receitas para o Estado, são liderados desde dezembro de 2016 por Barbara Jatta.

Na Cúria Romana, há leigas que foram chamadas para conselheiras em áreas-chave, como as finanças. O Conselho para a Economia - criado por Francisco um ano depois de assumir o Pontificado para fiscalizar as estruturas e as atividades administrativas e financeiras da Santa Sé -, integra desde 2020 seis especialistas leigas de várias nacionalidades, com currículos ligados à academia, economia, direito, mercados financeiros e banca.

Na área diplomática, a advogada italiana Francesca Di Giovanni é subsecretária da Secção para Relações com os Estados na Secretaria de Estado do Vaticano.

Também a freira salesiana italiana e economista Alessandra Smerilli ocupa um dos mais altos cargos de responsabilidade na Cúria Romana ao ter sido escolhida para secretária do Dicastério para o Serviço de Desenvolvimento Humano Integral, criado pelo Papa no fim de 2016 para tratar, entre outras matérias, da problemática dos migrantes, deslocados, refugiados e vítimas de tráfico humano.

No Sínodo dos Bispos, a religiosa francesa Nathalie Becquart é subsecretária, um cargo também ocupado pela primeira vez por uma mulher. E os Dicastérios para a Cultura e Educação e para os Leigos, a Família e a Vida também têm subsecretárias.

No processo de escolha dos bispos para cada diocese, as mulheres têm agora uma palavra a dizer, ao terem sido nomeadas duas religiosas e uma leiga para o Dicastério para os Bispos. Às religiosas Raffaella Petrini e Yvonne Reungoat junta-se a enfermeira argentina Maria Lia Zervino, presidente da União Mundial das Organizações de Mulheres Católicas e copresidente da organização Religions for Peace.

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