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O dia a dia no Estado Novo

“Deus, Pátria e Família” é o “slogan” por excelência do Estado Novo. Foi à volta destes três pilares que a sociedade portuguesa viveu entre 1933 e 1974, naquela que foi a ditadura mais longa da Europa. Mas como é que o salazarismo interferiu na vida diária do “povo”? É sobre isso que a historiadora Ana Sofia Ferreira escreve no livro “A vida quotidiana no Estado Novo”, editado pela Presença.
Filipa Lino 14 de Abril de 2024 às 10:00

Se perguntarmos hoje a um menino de 10 anos o que significa a expressão “erro de palmatória”, talvez ele não consiga responder. Mas quem foi criança no tempo do Estado Novo sabe bem o que quer dizer. As memórias da escola primária para quem tem hoje mais de 60 anos são um misto de saudade e pavor. Naquele tempo, não saber a tabuada ou dar erros no ditado era punido com violência – ou se sentia a dor de uma reguada nas mãos ou o ego ficava ferido com a humilhação de usar umas orelhas de burro e ficar virado num canto para a parede.

A escola, no período do salazarismo, era uma das instituições onde se fazia sentir o poder da autoridade, na figura do professor, e servia para doutrinar desde cedo os portugueses na ideologia do regime. O método de ensino baseava-se em decorar matéria, que passava pelos rios, os reis, ou as vias férreas de Portugal e das colónias. “Não se pretendia que os alunos pensassem, analisassem ou refletissem. As crianças aprendiam a repetir e a obedecer, porque era isso que se esperaria delas quando fossem adultas – que obedecessem, sem pensar e sem questionar”, afirma a historiadora Ana Sofia Ferreira, autora do livro “A vida quotidiana no Estado Novo”, editado pela Presença.

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