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Francisco Seixas da Costa: “Enfrentamos uma vaga populista muito séria”
O embaixador Francisco Seixas da Costa receia uma deriva autoritária global, com expressão também em Portugal. “Fomos muito ingénuos, nós e os espanhóis. Andámos muitos anos a vender à Europa a ideia de que não havia o risco de a extrema-direita aumentar a sua representação, achando que a vacina das ditaduras recentes tinha sido suficiente para evitar essa deriva”, diz ao Negócios numa entrevista que será publicada esta sexta-feira no Weekend.
"A extrema-direita dá repostas erradas a questões certas. Se calhar, há um acto de contrição que tem de ser feito pelos partidos moderados, pela sua incapacidade de encontrar soluções para os reais problemas das pessoas", afirma o diplomata, que lançou em novembro o livro "Antes que Me Esqueça - A Diplomacia e a Vida", com textos publicados no blogue Duas ou Três Coisas.
Para Francisco Seixas da Costa, filiado no Partido Socialista desde 2001, o grande teste do PS é saber como vai "sair da dependência de António Costa" e se o novo líder irá conseguir juntar o partido. "Para bem do PS e do país, espero que Pedro Nuno Santos tenha sorte e demonstre capacidade para liderar um partido cuja história se confunde com a nossa democracia".
Quanto ao futuro do primeiro-ministro, Seixas da Costa diz: "António Costa não se pode furtar a ter de encarar a Presidência da República como o seu futuro destino. Sincera e genuinamente, Costa não queria ser PR, ele gosta de lugares executivos. Mas as circunstâncias desta crise poderão conduzi-lo para uma saída política através da Presidência da República".