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As chuteiras de Ronaldo

Os objectos relacionados com o mundo do futebol são cada vez mais valorizados no mercado dos bens culturais. Em momentos especiais do jogo, como é o caso deste Mundial, os especialistas da oferta tentam tudo para obter os troféus mais procurados.

Bruno Colaço
23 de Junho de 2018 às 09:00
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No término do Portugal-Espanha, jogado neste Mundial de futebol, deve ter sido intensa a disputa pelas bolas com que Cristiano Ronaldo marcou os três golos. O próprio facto de ser difícil determinar qual a bola com que foi executado o golo não deve ter preocupado os caçadores, a começar pelo próprio craque português. Com efeito, só o facto de a bola fazer parte do conjunto existente no Portugal-Espanha, torna-a objecto de autenticidade e de valor.

A procura das bolas do jogo, e das bolas de outros jogos que virão a ficar na história, faz parte de um intenso mercado de bens culturais, associados ao desporto. A premissa de partida é que o desporto é um território de heróis e de grandes feitos, a segunda premissa é a de que o desporto é um espectáculo global que concentra a atenção e a dedicação de milhões de cidadãos.

A partir daqui, vários agentes da oferta, a começar por leiloeiras especializadas, perceberam que havia um nicho de mercado. A oferta começou por essencialmente existir nos Estados Unidos da América, relacionada com os desportos mais populares, ou seja, o basebol e o futebol americano.

Mas, o poder do futebol em todo o mundo, rapidamente trouxe o mercado para a Europa. De facto, sendo o desporto que fascina o maior número de pessoas, torna-se natural que gira o maior mercado. A princípio o interesse era apenas o de coleccionadores, e assentava em bens tão simples como os programas dos jogos, que dantes existiam, as colecções de cromos, que nunca foram um fenómeno apenas infantil, ou, claro, os autógrafos dos jogadores. No entanto, à medida que o jogo se ia tornando cada vez mais notório e empresarial, graças à entrada dos negócios com as televisões, os bens procurados tornaram -se aqueles que normalmente ficavam com os atletas ou com os clubes, ou, em alguns casos, em museus.

Estes bens são os primordiais, isto é, os equipamentos dos jogadores, especialmente as camisolas e as chuteiras, as bolas de jogo e outros objectos mais raros, como os blocos de notas dos treinadores e semelhantes. Estas tipologias de objectos são avidamente procuradas, existem muitas vezes bonificações para os "caçadores" com acesso às equipas, e são vendidos em leilões, mas também por empresas especializadas, com forte presença no comércio online.

Os objectos referidos aumentam de valor de modo extraordinário em momentos grandes do futebol, como são os mundiais, os europeus e a final da Champions. Todos os especialistas já perceberam que Cristiano quer fazer um grande campeonato, portanto a caça está aberta. Ao mesmo tempo, todos os especialistas tentam perceber quem serão os outros jogadores em destaque, e qual será a equipa que virá a ser a campeã do mundo. Estão em causa objectos que irão atingir os milhares de euros. 


Nota ao leitor: Os bens culturais, também classificados como bens de paixão, deixaram de ser um investimento de elite, e a designação inclui hoje uma panóplia gigantesca de temas, que vão dos mais tradicionais, como a arte ou os automóveis clássicos, a outros totalmente contemporâneos, como são os têxteis, o mobiliário de design ou a moda. Ao mesmo tempo, os bens culturais são activos acessíveis e disputados em mercados globais extremamente competitivos. Semanalmente, o Negócios irá revelar algumas das histórias fascinantes relacionadas com estes mercados, partilhando assim, de forma independente, a informação mais preciosa.


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