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Amadora, uma terra de pão

“Pequenos lavradores seareiros, trabalhadores do campo, moleiros e padeiros eram as ocupações da maioria da população nos finais do século XIX”. Os campos eram feitos sobretudo de trigo e existiam no território cerca de uma centena de moinhos de vento e uma dezena de azenhas. A exposição “Trigo na Eira, Pão na Masseira - Uma história do pão na Amadora” está no Núcleo Museográfico do Casal da Falagueira e mostra-nos uma terra fértil e abundante em cereais.
Lúcia Crespo 05 de Novembro de 2022 às 17:00

Foto em cima: Eira Casal de São Brás - Ilustração Portuguesa -1911

A bicicleta do padeiro António é o cartão de visita da exposição "Trigo na Eira, Pão na Masseira - Uma história do pão na Amadora", que está no Núcleo Museográfico do Casal da Falagueira, sede do Museu Municipal de Arqueologia, até dia 7 de maio de 2023. "O senhor António Martins Rodrigues foi o último distribuidor de pão porta a porta daquele território; muitas pessoas ainda se lembram de o ver passar de bicicleta, com um grande cesto", conta ao Negócios a arqueóloga Leonor Medeiros, comissária desta exposição que nos mostra uma Amadora rural, fértil e abundante em cereais, sobretudo de trigo.

 

"Existiram cerca de uma centena de moinhos de vento e uma dezena de azenhas no território, construídos para abastecer Lisboa e acabando também por servir a população local. A pedra para as mós era retirada das pedreiras de calcário envolventes, a que se dava o nome de alveiras ou trigueiras, usadas para moer o abundante trigo aqui cultivado", lê-se no catálogo da exposição. "Não havia moinhos sem eiras, e, na Amadora, estas eram de terra batida. Na época certa, famílias de perto e de longe iam para lá trabalhar."

 

"Pequenos lavradores seareiros, trabalhadores do campo, moleiros e padeiros eram as ocupações da maioria da população nos finais do século XIX", descrevia António dos Santos Coelho na obra "Subsídios para a História da Amadora" (1982), citado no texto da exposição. "Em março ou abril, semeavam os milhos e começavam as mondas dos trigos. Em maio, procedia-se à ceifa dos fenos… Em junho e julho, ceifavam o trigo, faziam molhos e acarretavam-nos para as eiras, fazendo medas".

 

O ciclo artesanal do pão é contado ao detalhe: depois de separados da palha, os grãos são levados para os moinhos e transformados em farinha. A farinha moída, peneirada e separada por diferentes tipos, é ensacada e distribuída pelas famílias, padeiros ou fábricas. Depois de misturada com fermento, sal e água, a massa de pão é deixada "a descansar" para levedar. A seguir, é cortada e moldada. Da sua cozedura, resulta o nosso pão.

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