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Porque é que há tanta volatilidade na bolsa de Hong Kong?

Em menos de uma hora uma acção caiu 90%, sem razão aparente. Uns dias antes, outro titulo disparou, dentro dos mesmo valores, depois de dois anos de suspensão. O regulador do mercado diz o que é necessário: "relax".

Bloomberg
29 de Março de 2017 às 20:26
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O responsável da Bolsa de Hong Kong, Charles Li, não está preocupado com as recentes subidas e descidas abruptas naquele mercado. Questionado sobre a elevada volatilidade, Charles Li afirmou: "Todos nós precisamos relaxar. Este é um grande mercado. Não podemos querer que o regulador resolva todos os problemas."

Na passada sexta-feira, dia 24, os títulos da China Huishan Dairy caíram 90% em apenas uma hora e sem razão aparente. Feitas as contas, a empresa perdeu 4 mil milhões de dólares da sua capitalização bolsista, naqueles 60 minutos. Exemplo do outro extremo são os títulos da construtora Kaisa Group, que renasceram das cinzas na segunda-feira dia 20, depois de terem disparado também cerca de 90%, após uma suspensão que durou cerca de dois anos.

Este são dois exemplos recentes, apontados pelo Financial Times, para constatar um comportamento bolsista ao estilo montanha russa. Comportamento que raramente se observa em qualquer outro mercado mundial.


O jornal britânico aponta cinco razões para este fenómeno, que Charles Li simplesmente compara a "uma cidade razoavelmente bem gerida, mas com alguns becos escuros e pequenos cantos"…


Falta de limites diários

As regras introduzidas em 2016 para travar as fortes oscilações bolsistas aplicam-se apenas uma parte das cotadas que compõem o principal índice de Hong Kong, o Hang Seng, e o China Enterprises index. Este novo sistema coloca os títulos numa espécie de ‘pausa’ durante cinco minutos quando estes registam uma alteração de 10% no espaço de cinco minutos. A bolsa de Hong Kong não pretende, pelo menos no curto prazo, alargar estas regras às restantes cotadas, mas garante que está atenta à evolução do mercado.


Concentração

Por regra, quanto maior controlo tem o accionista principal menos atractivas são as acções da empresa e menos acções estão disponíveis. O fundador da Huishan Dairy’s passou, nos últimos dois anos, de uma carteira de 52% para 74% das acções da sua empresa e o número de acções transaccionadas diariamente caiu 40% durante esse periodo. Quanto menor liquidez e menos menos transacções regista um título, mais provavél é vir a registar grandes quedas ou subidas.

 

Acções garantia

A entrega de acções com garantia para empréstimos é um efeito secundário, mas pode efectivamente tornar as acções de uma empresa mais vulneráveis a oscilações acentuadas. A possibilidade de dar acções com garantia de um empréstimo é aceite em vários mercados, mas é especialmente usada em Hong Kong. Onde a suspensão de negociação de um determinado título pode durar dias, semanas ou até anos. O objectivo é, tal como cá, proteger os pequenos accionistas da eventual falta de informação, mas períodos tão grandes de suspensão permitem que empresas  - como a construtora Kaisa -  estejam fora dos mercados durante dois anos e possam renascer das cinzas. Estes dois anos permitiram à empresa - que estava em 'default' quando foi suspensa - a recuperação, sem a pressão diária dos mercados.


Mercado concentrado

A Bolsa de Valores de Hong Kong é a segunda maior da Ásia, atrás da praça de Tóquio, e a sexta maior do mundo. A grande maioria das empresas que negoceiam nesta bolsa são grandes grupos que operam na China, muitos sob tutela do próprio Estado, e este domínio, embora não seja surpreendente tendo em conta o regime político, faz com que as regras e práticas diferentes levem muitos investidores a olhar para este mercado com uma cautela acrescida.

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