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Transformação das cidades é essencial para criar uma sociedade mais inclusiva

Habitação acessível, mobilidade eficiente e espaços sociais são ferramentas que ajudam a tornar uma sociedade mais sustentável. É também preciso investir em equipamentos que tragam as pessoas de volta para a rua, para combater o isolamento social.

17 de Novembro de 2022 às 18:30
Transformação das cidades é essencial para criar uma sociedade mais inclusiva
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O terceiro debate da conferência ESG do Negócios dedicada ao desenvolvimento social incidiu sobre o papel das cidades e das casas para promover o bem-estar das populações. Sendo a habitação uma das primeiras necessidades, devem ser criadas condições de qualidade e acesso nas cidades, na medida em que estas albergam a grande maioria da população. Um desenho adequado destas infraestruturas ajuda não só a reduzir o impacto ambiental, como a promover espaços públicos para uma convivência social saudável. É o caso do projeto "Meu Bairro, Minha Rua", da responsabilidade da Câmara Municipal de Gaia, que visa contribuir para a criação de uma nova forma de viver em comunidade, através de um trabalho muito próximo da comunidade. Para Francisco Saraiva, arquiteto gestor deste projeto, esta proximidade "é fundamental para que se possa ter bons resultados de aceitação por parte das pessoas, para que se possa beneficiar o espaço público e pra gerar uma melhor qualidade de vida". O arquiteto sublinhou que uma das tendências que saíram vincadas da pandemia foi a procura por uma melhor qualidade de vida. E tal pode ser entregue em parte pelas cidades, na medida em que é necessário que existam equipamentos públicos que promovam a interação social como forma de combater o isolamento crescente. "Estamos a tornar-nos pessoas egoístas, egocêntricas e isoladas nos nossos apartamentos pequeninos. Por isso, cada vez mais é necessário criar espaços exteriores apelativos para trazer as pessoas para a rua e criar essa interação social tão necessária." O arquiteto lembrou que a transformação do espaço público ajuda a combater problemas de saúde mental. "As pessoas isoladas em equipamentos têm todas as condições para a sua sobrevivência, mas não para a sua sanidade mental", sublinhou.

São, assim, precisas também grandes transformações estruturais para tornar as cidades mais inclusivas e saudáveis. No painel "Casas e cidades mais amigas - O que estão a fazer as autarquias", José Gomes Mendes, presidente da Fundação Mestre Casais, salientou que "existe um problema de acesso e de qualidade na habitação em Portugal". Considerou que a intervenção nestes espaços é fundamental para construir uma sociedade mais sustentável, tanto a nível ambiental como social. "Quando olhamos para as cidades vimos que são geradoras de gases de efeito de estufa. A operação dos edifícios vale 28% e 10% estão incorporados nos materiais. É muito." Neste sentido, destacou o trabalho do grupo Casais, que procura criar soluções sustentáveis com recurso à madeira e em modelos pré-fabricados, combatendo desta forma e em simultâneo a questão ambiental e a da disponibilidade mais rápida de habitações.

Também a EMERGE - Mota-Engil Real Estate Developers Portugal aposta na sustentabilidade da construção, salientando que todos os materiais utilizados são certificados. Contraria o mito de que para ser sustentável é mais caro, dizendo que "a solução está na escolha dos materiais certos, os custos não são acrescidos, conseguimos é ter soluções melhores", referiu Vítor Pinho, CEO da EMERGE, revelando que apostam mais em soluções locais e investem mais tempo no desenvolvimento do projeto. Exemplificou com um dos projetos que têm em mãos, o antigo matadouro do Porto desativado há 20 anos, que vai ser transformado num equipamento âncora para a reabilitação da zona oriental da cidade, baseado nos eixos da coesão social, da economia e da cultura. A cobertura, por exemplo, vai ser coberta por painéis solares, revelou.

Por fim, Martim Salgado, diretor do Gabinete de Coordenação de Impacto Social da EDP, destacou que a sustentabilidade e a responsabilidade social são parte integrante da empresa. Ao atuarem num dos setores envolvidos tanto na transição verde como na crise energética, o responsável referiu que querem "assegurar a transição energética para todos". Para isso, vão investir "mais de 300 milhões de euros em impacto social até 2030". Tal passa por desenvolver projetos em várias frentes, nomeadamente na inclusão energética, qualidade da construção, educação sobre eficiência energética, aposta no solar nas cidades, na mobilidade elétrica, etc.

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