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Diversidade e igualdade contribuem para crescimento económico das empresas

As empresas só agora estão a despertar par as questões sociais e a perceber que promover uma atividade inclusiva e diversa é não só benéfica para os seus colaborados e imagem pública, mas também para capitalizar o próprio negócio.

17 de Novembro de 2022 às 17:30
Diversidade e igualdade contribuem para crescimento económico das empresas
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A diversidade e igualdade são mais duas faces dos problemas sociais que estão a ser impactadas pelas crises múltiplas que o mundo está a viver. No painel de debate "Diversidade e Igualdade - Ser Diferente, Ser Igual", da conferência ESG do Negócios dedicada ao desenvolvimento social, foi sublinhado o papel das empresas para atenuar estes problemas. Num painel com experiências variadas, ficou claro que promover a diversidade e a igualdade nas empresas é também uma boa prática de gestão, pois contribui para a criatividade e o crescimento económico das mesmas.

Sandra Ribeiro, presidente da Comissão para a Cidadania e a Igualdade de Género (CCIG), confirmou a relação mais próxima das empresas com as questões sociais que se tem vindo a cimentar nos últimos anos. "A parceria público-privada nestas matérias é extremamente importante", explicou. Neste sentido, a Comissão tem vindo a trabalhar numa "estratégia participada" que inclui pactos com empresas que se comprometem a lutar por um determinado objetivo social. A título de exemplo, a presidente da CCIG deu conta de "um pacto contra a violência doméstica em que convidámos empresas a terem tolerância zero para o assédio e a identificar sinais de vítimas de violência doméstica". O objetivo é que "as empresas possam dar o exemplo, quer internamente, para os seus trabalhadores e trabalhadores, quer na imagem institucional que possam passar", acrescentou Sandra Ribeiro. Porém, apesar de na prática haver "cada vez mais empresas que tomam consciência efetiva e incorporam as questões da diversidade, do combate à não discriminação e da igualdade como ferramentas fundamentais da sua gestão de recursos humanos e da sua própria governação e posicionamento no mercado, ainda há uma grande fatia que não vê isso assim", referiu a responsável. A situação continua muito ainda na teoria e pouco na prática, sublinhou. "É um caminho que se faz, mas efetivamente conseguimos ver que as coisas estão a mudar", acrescentou, citando uma campanha natalícia de um supermercado, em que as meninas surgem a brincar com carros e os meninos com bonecas "desconstruindo padrões de igualdade de género".

Sandra Ribeiro sublinhou ainda que Portugal tem feito um caminho modernista no campo das políticas públicas nesta área, "com legislação bastante inovadora e progressista". Porém, na sociedade portuguesa, continuam a existir muitos obstáculos sobretudo nas áreas de igualdade de género, promoção de pessoas LGBTI e nas questões étnicas e religiosas, referiu.

Rui Diniz, CEO da CUF, confirmou que a responsabilização das empresas nesta área está a crescer. No debate, que decorreu em Vila Nova de Gaia, no passado dia 8 de novembro, referiu que "fazer é mais difícil do que falar", mas que "as empresas em Portugal têm feito uma grande evolução". Para Rui Diniz, "há uma convicção generalizada das lideranças em contribuir para a comunidade", destacando que o exemplo das empresas grandes arrasta consigo muitas outras menores. Em termos práticos, perante a atual crise de inflação elevada, o CEO da CUF diz estarem a estudar formas de aumentarem os salários. "Estamos em sede de orçamento a ver como ir ao encontro das dificuldades das pessoas", salientando também que nesta empresa "a preocupação social sempre esteve muito presente".

Hoje em dia, está claro que as empresas têm de se transformar para incluírem critérios de sustentabilidade na sua gestão. "Cada organização, seja grande ou pequena tem impacto", salientou Graça Fonseca, CEO e cofundadora da Because Impacts. Porém, além de ainda existir muito a fazer para conseguir corresponder aos critérios ambientais e sociais, é também necessário medir esse impacto para decidir práticas adequadas. "É difícil medir o impacto social. Temos de criar métricas e KPI de impacto E [de ambiente] e S [de social] de uma empresa", defendeu. Graça Fonseca sublinhou ainda que há muitos estudos a demonstrar o impacto económico numa empresa das suas práticas sociais. "A política de sustentabilidade tem de ser articulada com os resultados económicos. Por isso, é preciso ter estratégias que incorporem inovação social e a medição do impacto social", destacou.

O painel de debate contou ainda com a participação de André Villas-Boas, mentor do projeto Race for Good, que nasceu para dar visibilidade às causas e associações das quais o treinador é embaixador. "Queremos fazer o bem e ligamos empresas a projetos sociais", explicou Villas-Boas. Esta plataforma consegue, assim, angariar donativos de empresas usando a imagem de figuras públicas do desporto para depois canalizar essas verbas para projetos de ação social. Também aqui a medição de resultados é importante para um trabalho mais efetivo. Neste sentido, o mentor referiu que querem "escolher projetos credíveis e saber que impacto social têm".

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