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Maria Cândida Rocha e Silva foi a primeira mulher corretora em Portugal, numa altura em que a profissão era classificada como "viril" pela lei dos anos 70 do século XX.
Numa entrevista ao Negócios, no âmbito do arranque da 5.ª edição do Negócios Sustentabilidade 20|30 e que será publicada esta quarta-feira, a presidente do conselho de administração do Banco Carregosa - que recebeu do seu pai ainda como casa de câmbios e que foi transformando ao longo dos últimos quase 40 anos - conta como foi "desafiante" o tempo passado num "floor" então "pouco movimentado".
"Era uma coisa pouco movimentada nos primeiros tempos, mas pronto, teria a sua piada e eu fui gostando", conta a banqueira sobre os primeiros tempos na bolsa de valores do Porto, onde chegou em 1981 e eram apenas três corretores.
A bolsa e a Associação Portuguesa de Analistas Financeiros (APAF) tinham na altura "muito a preocupação de organizar viagens e, portanto, nós íamos visitar outras bolsas", relata, numa entrevista feita no Palácio da Bolsa, no Porto. "A Associação Portuguesa de Analistas Financeiros proporcionava-nos grandes viagens, não no sentido de irmos para a Nova Zelândia ou para a Austrália, mas viagens interessantes e conhecer outras bolsas e conhecer outros ambientes", descreve.
A que gostou mais de conhecer foi "talvez a de Londres" por ser muito diferente da bolsa de valores do Porto. "O que nós cobiçávamos era, sobretudo, o movimento", afirma, contando que, em Portugal, não havia gritos nem sinais entre "traders". "Para nós não valia a pena. Não era preciso."
Maria Cândida Rocha e Silva lidera um banco com origem em 1833, que passou pela Revolução do 25 de Abril como casa de câmbios e tem resistido aos tempos graças à inovação. Tem o selo de primeira corretora online em Portugal logo no ano 2000, sete anos antes de criar o GoBulling, primeiro "broker" sem comissão de corretagem.
Aos 80 anos, a última das banqueiras, que conheceu e foi parceira de negócios de empresários como Américo Amorim e Belmiro de Azevedo, fala do que tem sido a sua vida. Esta é uma entrevista que marca a estreia da 5.ª edição da iniciativa Negócios Sustentabilidade 20|30, que poderá ler na íntegra na edição de quarta-feira do Jornal de Negócios.