Outros sites Medialivre
Notícia

Novo estudo confirma “potencial extraordinário” do hidrogénio verde em África

A análise destaca os benefícios de aproveitar a energia solar para criar hidrogénio verde na Mauritânia, Marrocos, África Austral e Egito, com vista à descarbonização do continente e à participação no comércio global desta energia.

22 de Dezembro de 2022 às 09:39
  • Partilhar artigo
  • ...

O Banco Europeu de Investimento, a Aliança Solar Internacional e a União Africana divulgam um estudo que sustenta o "potencial extraordinário" do hidrogénio verde em África, com vista à descarbonização do continente e à sua participação como ator global no mercado desta energia.

O estudo conclui que o hidrogénio verde pode acelerar o crescimento económico com baixo teor de carbono em todo o continente e reduzir as emissões em 40%, substituindo 500 milhões de toneladas de CO2 por ano.

O aproveitamento da energia solar de África para produzir 50 milhões de toneladas de hidrogénio verde por ano, até 2035, pode ajudar a assegurar o fornecimento global de energia, criar empregos, descarbonizar a indústria pesada, aumentar a competitividade global e transformar o acesso à água limpa e à energia sustentável.


O relatório "Potencial Extraordinário do Hidrogénio Verde em África" representa a primeira investigação detalhada sobre o desenvolvimento viável do hidrogénio verde em todo o continente. O novo estudo combina a análise de oportunidades de investimento centrando-se em três polos: Mauritânia, Marrocos, África Austral e Egipto, com um roteiro de soluções técnicas, económicas, ambientais e financeiras para desbloquear o desenvolvimento comercial.

"África tem a melhor energia renovável do mundo e o aumento da produção de hidrogénio verde pode transformar o acesso à eletricidade de baixo custo e à água limpa. Libertar o potencial de hidrogénio verde de África exigirá uma estreita cooperação entre parceiros públicos, privados e financeiros", disse Ambroise Fayolle, vice-presidente do Banco Europeu de Investimento, em comunicado.

O estudo esboça o que pode ser alcançado e o que precisa de ser feito, com vista a permitir que o hidrogénio verde se torne uma realidade em larga escala neste continente. "África tem a melhor energia solar do mundo e transformar a energia solar em hidrogénio verde pode reforçar a segurança energética, reduzir as emissões e a poluição e descarbonizar a indústria e os transportes", sublinhou Abdessalam Mohamed Salah, ministro da Energia da República da Mauritânia, acrescentando que este relatório "mostra oportunidades concretas para transformar o acesso à energia verde e à água limpa em todo o continente".

A análise abrangente realizada nas últimas semanas pela consultora internacional CVA sugere que o investimento em larga escala em hidrogénio verde pode acelerar a descarbonização ao permitir aos grandes utilizadores africanos de energia, tais como os produtores de fertilizantes e de aço, utilizar hidrogénio verde.


O estudo salienta que esta energia é economicamente viável e pode ser produzida a menos de dois euros por quilograma, mais barato do que a energia fóssil tradicional, e satisfaz tanto a procura de energia local como permite que o hidrogénio verde seja exportado para mercados globais. Isto é equivalente a custos energéticos de 60 USD por barril.

A investigação sugere três requisitos para permitir que 50 milhões de toneladas de hidrogénio verde sejam produzidas em África até 2035. Nomeadamente, a mobilização do setor privado para o investimento; os projetos-piloto precisam de demonstrar que conseguem gerar, armazenar e distribuir hidrogénio verde; e são necessárias parcerias para permitir a aquisição e a procura de hidrogénio verde em grande escala a nível nacional e internacional, além de cooperação para conceber, financiar, construir e operar infraestruturas de produção, armazenamento e distribuição de hidrogénio verde.

O estudo refere que o investimento de 1 trilião de euros (escala anglo-saxónica) em hidrogénio verde pode proporcionar o equivalente a mais de um terço do atual consumo de energia em África, impulsionar o PIB, melhorar o abastecimento de água limpa e capacitar as comunidades.

Segundo o estudo, a geração de hidrogénio verde em grande escala permitirá a este continente fornecer 25 milhões de toneladas de hidrogénio verde aos mercados energéticos mundiais, o equivalente a 15% do gás atualmente utilizado na União Europeia.

 

 

 

 

 

Mais notícias