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Dois terços das empresas já usam inteligência artificial para reduzir perdas de água

A conclusão é de um relatório do Indra Group, que aponta a emergência da tecnologia como “catalisador para redefinir a eficiência, a rentabilidade e a sustentabilidade” na gestão deste recurso.

19 de Março de 2025 às 17:20
O regulador dá conta, em 2022, de perdas reais de 21,5 mil milhões de litros de água nos sistemas em alta (grupo Águas de Portugal) e de 162 mil milhões de litros em baixa (municípios).
Namukolo Siyumbwa/Reuters
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A digitalização do setor da água em Portugal está a ganhar impulso, à boleia da integração de soluções tecnológicas, nomeadamente baseadas em ferramentas de inteligência artificial (IA). De acordo com o mais recente relatório Ascendant da Minsait (parte do Indra Group), 67% das empresas do setor já utilizam IA para reduzir perdas de água e otimizar a gestão das infraestruturas.

O documento revela ainda que 80% das empresas consideram esta tecnologia essencial para melhorar a eficiência operacional, com as principais aplicações focadas na diminuição do desperdício e na melhoria da distribuição.

Este é um tema particularmente caro a Portugal, uma vez que o país continua a registar elevadas taxas de perda de água – cerca de 30% de toda a água não é faturada, seja por fugas ou falta de cobrança. Estima-se que, anualmente, o prejuízo financeiro ronde 90 milhões de euros.

Para responder a este desafio, muitas empresas estão a apostar na tecnologia como grande aliada na procura por mais eficiência, em particular com recurso a sensores inteligentes e modelos preditivos que permitem uma gestão mais eficaz da rede. Além disso, com a monitorização permanente é também possível identificar, em tempo real, a existência de fugas ao longo da rede de abastecimento.

Segundo Juan Pérez de Cossió, diretor de Mercado Global de Energia e Serviços Públicos da Minsait, "a utilização de modelos preditivos e sensores inteligentes está a permitir uma redução significativa da água não registada, facilitando um controlo mais preciso do abastecimento e reduzindo o stress hídrico em zonas de elevada procura".

A aplicação da IA no setor não está, porém, limitada apenas à redução de perdas. O relatório da Minsait aponta que a tecnologia está a ser utilizada para otimizar a distribuição, melhorar a qualidade da água e reforçar a resiliência das infraestruturas. Em paralelo, a previsão e a gestão de eventos climáticos extremos são igualmente áreas em que a IA está a ser explorada, o que permite antecipar inundações ou períodos de seca e preparar medidas de contingência.

A relação entre IA e economia circular não é menos importante. "Uma das tendências mais proeminentes no setor da água é a transição para uma economia circular, promovendo a reutilização e reaproveitamento de recursos hídricos e subprodutos", afirma Pérez de Cossió, citado em comunicado.

Aliás, o município de Lisboa já reutiliza água para regar os jardins, assim como a Câmara Municipal de Cascais, que recentemente anunciou um projeto semelhante para limpar ruas e regar áreas verdes.

Vale a pena assinalar que, segundo dados da Entidade Reguladora dos Serviços de Águas e Resíduos (ERSAR), os cinco concelhos nacionais com melhor desempenho em termos de perdas são: Vila do Conde (9,1%), Matosinhos (9,1%), Barcelos (9,5%) e Santo Tirso (10,4%). Para o regulador, as taxas de desperdício não devem ultrapassar a barreira dos 20%, mas há concelhos, como o de Vila Nova de Cerveira, que chegam perto dos 85%.

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