Outros sites Medialivre
Notícia

COP27 deve passar das promessas à ação

A Conferência do Clima da ONU vai insistir no apoio efetivo aos países que mais sofrem com as alterações climáticas e pedir ação mais firme na redução das emissões de gases com efeito de estufa.

Negócios 07 de Novembro de 2022 às 09:21
Simon Stiell, secretário-executivo da ONU para as Alterações Climáticas, na abertura da conferência UN Climate Change
  • Partilhar artigo
  • ...

A Conferência das Nações Unidas sobre Alterações Climáticas (COP27) decorre de 6 a 18 de novembro com o objetivo de passar das promessas à ação e assegurar a plena implementação do Acordo de Paris. O efetivo financiamento dos países em vias de desenvolvimento para combaterem as alterações climáticas, a criação de um mecanismo de apoio a perdas e danos para as populações mais afetadas, o aumento da ambição e ação em prol da redução das emissões de gases com efeito de estufa (GEE) estão entre os temas que vão dominar a conferência que decorre em Sharm-el-Sheik, no Egito.

No início dos trabalhos, António Guterres, secretário-geral da Organização das Nações Unidas (ONU), referiu que "à medida que a COP27 se inicia, o nosso planeta está a enviar um sinal de socorro", sublinhando que estamos a viver "caos climático", uma vez que "a mudança está a acontecer com velocidade catastrófica, devastando vidas e meios de subsistência em todos os continentes". Por isso, Guterres pediu mais ação: "Temos de responder ao sinal de socorro do planeta com ação climática ambiciosa e credível. A COP27 deve ser o local e agora deve ser a altura".

Desde a COP26, em Glasgow, no ano passado, apenas 29 dos 194 países avançaram com planos nacionais mais rigorosos. Neste sentido, a ONU refere que a COP27 deve ser lembrada como a 'COP da implementação que restabelece o Acordo de Paris".

Num ano pleno de inundações devastadoras, ondas de calor sem precedentes, secas severas e tempestades, a par de impactos de crises simultâneas de energia e alimentação agravadas por tensões geopolíticas, alguns países começaram a protelar ou inverter as políticas climáticas e duplicaram a utilização de combustíveis fósseis. Mas tal não deverá servir de justificação. "A COP27 estabelece uma nova direção para uma nova era de implementação, onde os resultados do processo formal e informal começam realmente a juntar-se para impulsionar um maior progresso climático ", referiu Simon Stiell, secretário-executivo da ONU para as Alterações Climáticas, na abertura da conferência.

Nesta segunda-feira e terça-feira, decorre a Cimeira dos Líderes Mundiais com a presença de mais de 100 chefes de Estado e de Governo, incluindo o primeiro-ministro António Costa.

No capítulo do financiamento climático, existem ainda muitas lacunas a serem ultrapassadas, nomeadamente no cumprimento do compromisso de 100 mil milhões de dólares anuais que deveria ser entregue pelos países desenvolvidos, para apoiar os países em vias de desenvolvimento no combate às alterações climáticas. "Este valor, embora inadequado, injusto e problemático, continua a ser importante. Os países desenvolvidos têm de compensar a falta de entrega dos 100 mil milhões a tempo, garantindo um montante global coletivo de, pelo menos, 600 mil milhões de dólares para o período 2020-2025, com 50% desse valor a ser alocado à adaptação", defende a ZERO numa nota enviada às redações.

Espera-se também que no decorrer desta cimeira seja estabelecido um Mecanismo de Financiamento para Perdas e Danos que auxilie as comunidades a superarem o impacto de efeitos cada vez mais extremos e nefastos. Assim como maior ambição nas políticas acordadas para a redução dos GEE, com o aumento das Contribuições Determinadas a Nível Nacional (NDC, sigla em inglês) em sintonia com o que divulgam os últimos relatórios científicos.

Recorde-se que recentemente o relatório UN Emissions Gap Report 2022, da responsabilidade do Programa das Nações Unidas para o Ambiente (UNEP), deu conta de que o mundo já aqueceu até 1,2°C e, com as políticas atuais, deverá registar um aumento de 2,8°C até final do século. "Com esta redução de emissões prevista nas políticas atuais, estamos ainda muito longe de limitar o aumento de temperatura global a 1,5°C e evitar consequências mais graves das alterações climáticas. É preciso maior ambição e uma ação muito mais rápida", sublinhou a ZERO.

 

 

Mais notícias