Outros sites Medialivre
Notícia

COP15: Guterres pede “Quadro de Biodiversidade ousado” para o mundo

Os líderes mundiais voltam a reunir-se na conferência das Nações Unidas sobre biodiversidade. Na COP15, o objetivo é acordar um Quadro Global para a Biodiversidade que conserve e restaure a natureza degradada.

07 de Dezembro de 2022 às 09:21
António Guterres, secretário-geral da ONU, na abertura da COP15 UN Photo / Evan Schneider
  • Partilhar artigo
  • ...

O secretário-geral das Nações Unidas, António Guterres, alerta para a urgência de travar a destruição da biodiversidade e de se encontrarem soluções que coloquem a humanidade novamente em harmonia com a natureza.

No início da Conferência das Partes da Convenção das Nações Unidas (COP15), que decorre em Montreal, no Canadá, de 7 a 19 de dezembro, Guterres apelou às partes "nada menos do que um ousado Quando de Biodiversidade Global pós-2020. Um que refute o apocalipse da biodiversidade com urgência, combatendo os seus impulsionadores: mudança na utilização da terra e do mar, exploração excessiva das espécies, alterações climáticas, poluição e espécies não nativas invasoras".

O Quadro Global para a Biodiversidade, em cima da mesa nesta conferência, é visto como o Acordo de Paris para a biodiversidade, na medida em que será um novo compromisso político que irá gerar ação política e apoio financeiro nos próximos anos. "Estamos a travar uma guerra contra a natureza. Esta conferência é sobre a tarefa urgente de fazer a paz. Porque hoje estamos fora de harmonia com a natureza", acrescentou António Guterres na declaração emitida na COP15.

Guterres realçou que um terço do planeta está degradado, com um milhão de espécies em risco de extinção, causando danos à natureza e também à sobrevivência das populações. "A perda da natureza e da biodiversidade traz um custo humano acentuado. Um custo que medimos em empregos perdidos, fome, doenças e mortes. Um custo que medimos em 3 triliões de dólares [2,8 biliões de euros] em perdas anuais até 2030 pela degradação dos ecossistemas. Um custo que medimos em preços mais elevados da água, alimentos e energia. E um custo que medimos nas perdas profundamente injustas e incalculáveis dos países mais pobres, populações indígenas, mulheres e jovens", acrescentou.

A COP15 é copresidida pela China e pelo Canadá e tem como principal objetivo a adoção do Quadro Global de Biodiversidade pós-2020, de forma a conservar a natureza existente e restaurar a perdida. Este quadro reconhece que é necessária uma ação política urgente a nível global, regional e nacional para transformar os modelos económicos, sociais e financeiros de modo a que as tendências que exacerbaram a perda de biodiversidade estabilizem até 2030 e permitam a recuperação dos ecossistemas naturais, com melhorias líquidas até 2050.


A associação ZERO, que estará presente na COP15, também salienta a necessidade de um acordo que "salve o planeta", mas sublinha que "há um conjunto de preocupações que permanecem pela dominância de interesses de algumas empresas e a relutância de muitas partes em se comprometerem com os passos necessários para garantir o futuro de toda a vida na Terra". E teme que, com apenas 14 dias de negociação e centenas de desacordos entre as partes, esta COP seja "um desastre diplomático".

Portugal vai fazer-se representar no segmento de alto nível, entre os dias 15 e 17 de dezembro. Em termos de biodiversidade, o país tem estado a fazer o levantamento dos habitats e a definir planos de gestão para conservar e restaurar os ecossistemas nacionais, tendo como meta proteger 30% da terra e do mar até 2030.

 

Mais notícias