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Combustíveis renováveis podem representar 15% do sector dos transportes até 2050

As conclusões são de um estudo recente da Bain & Company, que avisa que “as matérias-primas e tecnologia atuais não serão suficientes para responder à procura”.

11 de Março de 2025 às 18:45
O Estado abdicou de quase 100 milhões de euros em ISP pela utilização de combustível nos equipamentos agrícolas. Benefício vale 38% do total.
Adriano Machado/Reuters
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Depois de ter duplicado a sua capacidade de produção entre 2021 e 2024, a indústria dos combustíveis renováveis "pode mais do que triplicar até 2028 em cenários razoáveis", aponta um novo estudo da Bain & Company. De acordo com a consultora, "a procura por combustíveis renováveis vai ultrapassar os biocombustíveis tradicionais".

"É plausível que, até 2050, a procura global por combustível de aviação sustentável (SAF) e diesel renovável possa ser cerca do dobro do tamanho dos mercados globais atuais de etanol e biodiesel", acrescenta ainda a consultora. O estudo "Renewable Fuels Seizing the Generational Opportunity" defende que, com base em cenários conservadores, os combustíveis renováveis serão "responsáveis por 10% a 15% da procura total de combustíveis de transporte até 2050".

Com este aumento, será expectável também que o retorno para os investidores seja atrativo e, neste campo, a Bain & Company aponta para que, até 2050, os lucros possam atingir entre 100 mil milhões e 150 mil milhões de dólares. "Isso representa cerca de 4% a 6% do lucro líquido médio do mercado global de petróleo e gás nos últimos cinco anos", escreve-se no relatório divulgado.

A "pressão" para entrar neste mercado "nunca foi tão intensa" e há boas razões para isso. Desde logo, o quadro legislativo da União Europeia (UE) estabelece metas a cumprir já em 2030 para a descarbonização dos combustíveis no sector dos transportes que obrigam a acelerar o passo na Europa; bem como a (ainda inalterada) proibição de venda de novos veículos com motor a combustão a partir de 2035.

Apesar da corrida aos combustíveis do futuro, a Bain & Company diz que no ano passado houve algumas empresas produtoras que abrandaram o ritmo de investimento, em grande medida pela incerteza regulatória, instabilidade geopolítica e dificuldades nos abastecimentos. "O sinal de longo prazo, no entanto, é claro. O mundo está a caminhar em direção a um futuro mais descarbonizado", assegura a consultora.

Seja qual for o cenário de transição energética, os peritos esperam que a procura por combustíveis renováveis seja "duas a quatro vezes maior" até 2050. Entre os diferentes combustíveis, é o da aviação "que mais cresce", seguido do combustível para transporte pesado e transporte de passageiros. "O SAF desempenhará um papel crítico na descarbonização da indústria", sublinha-se.

Entre os desafios, destaque para a dificuldade em adequar a oferta à procura crescente. A Bain & Company prevê que, embora hoje a oferta supere a procura, seja preciso aumentar a matéria-prima disponível, o que levará ao aumento de interesse por matérias-primas agrícolas e de resíduos.

Recorde-se que, na semana passada, foi anunciado um novo financiamento do Banco Europeu de Investimento à Galp para a construção, em Sines, de dois projetos focados na descarbonização dos transportes.

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