- Partilhar artigo
- ...
Quando se fala em mobilidade - e nomeadamente a mobilidade elétrica - normalmente pensa-se apenas na individual. No consumidor final. Mas e as empresas? Afinal a mobilidade - quer seja dos seus comerciais, por exemplo, ou dos funcionários - tem um impacto direto no negócio. Sem esquecer a qualidade de vida das pessoas e do planeta.
A pensar nisso, e porque é sempre mais difícil para uma empresa avançar sozinha, a BCSD Portugal promoveu, em parceria com a Câmara Municipal de Braga, o Pacto de Mobilidade Empresarial de Braga (PMEB). O objetivo é o de contribuir para uma mobilidade mais sustentável no concelho de Braga. Mesmo porque foi detetado que 65% das emissões de CO2eq do concelho têm origem no sistema de transporte.
Mas esta não é uma iniciativa pioneira. Na verdade, trata-se de uma espécie de expansão de um projeto que esteve ativo em Lisboa em 2020 e 2021. Na altura o projeto foi lançado em parceria com o WCSD porque foi, ele sim, pioneiro a nível mundial.
Desde essa altura a frota tem sido gradualmente renovada - hoje já 40% das viaturas são elétricas. Faltava então "o contributo alargado de toda a comunidade", constara Ricardo Rio, referido que o Pacto desafia as empresas "a colaborarem com este objetivo estratégico e a assumirem-se também como prescritores de boas práticas de mobilidade para todos os seus interlocutores, a começar pelos seus colaboradores".
O que diferencia este Pacto de outras iniciativas reside no facto de, por um lado, ter apoio institucional, dirigir-se a empresas (e obrigá-las a levar a cabo pelo menos duas das 28 iniciativas) e atuar em quatro pilares fundamentais. Por um lado, pretende promover a descarbonização e desmaterialização da frota interna e das operações da empresa ou instituição; a par de um mix de mobilidade diverso e fomentar a mobilidade partilhada; o uso de meios de transporte coletivos e multimodais e a diminuição do número de viagens; e ainda a mobilidade inclusiva e garantir a acessibilidade para todos. Por outro lado, de realçar que as medidas estão distribuídas entre colaboradores; clientes e visitantes; fornecedores, e público em geral.
Esta versatilidade facilita a adesão por parte das empresas. Esta é a opinião de Ricardo Rio, substancializada pela adesão verificada em Braga. Isto porque "oferece um cardápio de serviços, com as organizações a poderem selecionar os que se ajustam diretamente à sua própria realidade", reflete o presidente da Câmara de Braga, dado como exemplo o estímulo ao recurso aos transportes públicos por parte dos funcionários, a utilização de modos suaves ou mesmo promovendo uma acessibilidade inclusiva.
Dezenas de medidas: três preocupações
O Pacto (e as empresas) tem três preocupações fundamentais, explica João Wengorovius Meneses, secretário-geral do BCSD Portugal. A primeira delas passa por reduzir o número de deslocações - e algumas das medidas passaram por dotar as organizações de meios para possibilitarem o teletrabalho. No caso específico de Braga são mais de 10 mil trabalhadores que estão agora no regime híbrido de trabalho. "Evitamos as emissões por via da diminuição do número de deslocações", aponta o secretário-geral do BCSD Portugal que acrescenta que as "novas salas" também permitem reduzir as deslocações para reuniões com fornecedores e clientes.
O "segundo lote" de medidas tem como objetivo "substituir o veículo movido a combustão por veículos elétricos ou veículos partilhados". Meios suaves que podem ir desde o recurso à bicicleta por exemplo. quanto aos "estímulos" aqui eles passam pela instalação de carregadores elétricos nas garagens, o parqueamento privilegiado para viaturas elétricas (ou veículos partilhados), a empresa adquirir uma frota de bicicletas, instalar duches para os funcionários que se desloquem de bicicleta... na prática trata-se de "criar condições para que se possam adotar meios alternativos ao veículo a combustão". Por fim, o terceiro (e último) conjunto de medidas está inserido na promoção ao transporte coletivo multimodal.
Uma das medidas mais adotadas, revela João Wengorovius Meneses, foi a substituição de viaturas a combustão por veículos elétricos. Foi o que fizeram 22 empresas. Medida que permitiu, num ano, "poupar a emissão de 582 toneladas de carbono, o que é equivalente a cerca de à captura de carbono feita por 22 mil árvores por ano".
Oficialmente o programa termina no próximo ano. Mas Ricardo Rio afirmou que é uma iniciativa que o município quer que continue a crescer, que as organizações já aderentes possam alargar o seu leque de compromissos assumidos, e, claro, haja mais empresas a aderir.
Como aponta João Wengorovius Meneses "as empresas, em muitos casos, não sabem como tornar as suas cadeias de valor sustentáveis", pelo que "este tipo de iniciativas ajuda de forma muito concreta ao ter um conjunto, neste caso de 29 ações, que as empresas podem adotar". De realçar que estas, para serem signatárias do Pacto têm de adotar pelo menos duas delas. Sem esquecer a oportunidade de partilha de boas práticas. Isto porque "os signatários têm reuniões regulares" e não só partilham boas práticas entre si. Por vezes, acrescente Ricardo Rio, essa colaboração estende-se a algumas iniciativas. Um exemplo? Empresas com instalações no mesmo locais que acabam a promover a partilha de veículos e de rotas, que podem ser alargadas para lá da própria organização. O presidente da Câmara de Braga releva que o procura de necessidades específicas de empresas que estavam localizadas no mesmo local levou o concelho a criar linhas de transportes públicos quase dedicadas para servir o interesse dessas mesmas empresas.
A pensar nisso, e porque é sempre mais difícil para uma empresa avançar sozinha, a BCSD Portugal promoveu, em parceria com a Câmara Municipal de Braga, o Pacto de Mobilidade Empresarial de Braga (PMEB). O objetivo é o de contribuir para uma mobilidade mais sustentável no concelho de Braga. Mesmo porque foi detetado que 65% das emissões de CO2eq do concelho têm origem no sistema de transporte.
Mas esta não é uma iniciativa pioneira. Na verdade, trata-se de uma espécie de expansão de um projeto que esteve ativo em Lisboa em 2020 e 2021. Na altura o projeto foi lançado em parceria com o WCSD porque foi, ele sim, pioneiro a nível mundial.
Braga, de acordo com o Eurobarómetro 2020, era uma das cidades a nível europeu onde existia uma utilização mais massiva da viatura própria pelos cidadãos. Ricardo Rio
Presidente da Câmara Municipal de Braga
Braga, explica, o presidente da Câmara de Braga, Ricardo Rio, surgiu não só na lógica de dar continuidade ao projeto original, mas também porque a "iniciativa nos pareceu mito interessante e alinhada com uma estratégia que o município vinha a desenvolver". Nomeadamente no sentido de promover a sustentabilidade e descarbonização no concelho - a participação em redes internacionais colocou metas de redução das emissões até 2030 em 55% e "seremos totalmente neutrais até 2050". O município há já algum tempo que realiza um relatório de sustentabilidade e os últimos dados recolhidos apontaram para um problema grave: a mobilidade, responsável por 65% das emissões. "Braga, de acordo com o Eurobarómetro 2020, era uma das cidades a nível europeu onde existia uma utilização mais massiva da viatura própria pelos cidadãos", aponta Ricardo Rio, que reconhece que o concelho tinha, igualmente, dificuldade na capacidade de resposta por parte dos transportes públicos, fruto de uma frota muito envelhecida - a idade média dos autocarros era de cerca de 17 anos, "viaturas muito poluentes". A combinação destes fatores levou o município a elegera a mobilidade como "o" combate a travar no que se refere à diminuição das emissões e à melhoria das condições no concelho. Presidente da Câmara Municipal de Braga
40%Frota
A frota de autocarros de Braga tem vindo a ser renovada e atualmente 40% dos veículos em circulação já são elétricos.
O que diferencia este Pacto de outras iniciativas reside no facto de, por um lado, ter apoio institucional, dirigir-se a empresas (e obrigá-las a levar a cabo pelo menos duas das 28 iniciativas) e atuar em quatro pilares fundamentais. Por um lado, pretende promover a descarbonização e desmaterialização da frota interna e das operações da empresa ou instituição; a par de um mix de mobilidade diverso e fomentar a mobilidade partilhada; o uso de meios de transporte coletivos e multimodais e a diminuição do número de viagens; e ainda a mobilidade inclusiva e garantir a acessibilidade para todos. Por outro lado, de realçar que as medidas estão distribuídas entre colaboradores; clientes e visitantes; fornecedores, e público em geral.
10Trabalho
No caso específico de Braga são mais de 10 mil o número de trabalhadores que estão agora no regime híbrido de trabalho.
Dezenas de medidas: três preocupações
O Pacto (e as empresas) tem três preocupações fundamentais, explica João Wengorovius Meneses, secretário-geral do BCSD Portugal. A primeira delas passa por reduzir o número de deslocações - e algumas das medidas passaram por dotar as organizações de meios para possibilitarem o teletrabalho. No caso específico de Braga são mais de 10 mil trabalhadores que estão agora no regime híbrido de trabalho. "Evitamos as emissões por via da diminuição do número de deslocações", aponta o secretário-geral do BCSD Portugal que acrescenta que as "novas salas" também permitem reduzir as deslocações para reuniões com fornecedores e clientes.
O "segundo lote" de medidas tem como objetivo "substituir o veículo movido a combustão por veículos elétricos ou veículos partilhados". Meios suaves que podem ir desde o recurso à bicicleta por exemplo. quanto aos "estímulos" aqui eles passam pela instalação de carregadores elétricos nas garagens, o parqueamento privilegiado para viaturas elétricas (ou veículos partilhados), a empresa adquirir uma frota de bicicletas, instalar duches para os funcionários que se desloquem de bicicleta... na prática trata-se de "criar condições para que se possam adotar meios alternativos ao veículo a combustão". Por fim, o terceiro (e último) conjunto de medidas está inserido na promoção ao transporte coletivo multimodal.
Uma das medidas mais adotadas, revela João Wengorovius Meneses, foi a substituição de viaturas a combustão por veículos elétricos. Foi o que fizeram 22 empresas. Medida que permitiu, num ano, "poupar a emissão de 582 toneladas de carbono, o que é equivalente a cerca de à captura de carbono feita por 22 mil árvores por ano".
Oficialmente o programa termina no próximo ano. Mas Ricardo Rio afirmou que é uma iniciativa que o município quer que continue a crescer, que as organizações já aderentes possam alargar o seu leque de compromissos assumidos, e, claro, haja mais empresas a aderir.
A nossa expectativa é que este projeto possa dar um contributo para esse plano de combate às alterações climáticas que passou a ter obrigatoriedade legal, prevista na Lei de Bases do Clima. João Wengorovius Meneses
Secretário-geral da BCSD Portugal
A isto João Wengorovius Meneses lembra que os municípios têm, há um ano, uma Lei de Bases em vigor, e que são obrigados a apresentar um orçamento de carbono até fevereiro do próximo ano. "A nossa expetativa é que este projeto possa dar um contributo para esse plano de combate às alterações climáticas que passou a ter obrigatoriedade legal, prevista na Lei de Bases do Clima", refere o secretário-geral do BCSD Portugal. Sem esquecer que ajuda as empresas no seu processo de descarbonização. E essa é uma das vantagens do programa. Secretário-geral da BCSD Portugal
Como aponta João Wengorovius Meneses "as empresas, em muitos casos, não sabem como tornar as suas cadeias de valor sustentáveis", pelo que "este tipo de iniciativas ajuda de forma muito concreta ao ter um conjunto, neste caso de 29 ações, que as empresas podem adotar". De realçar que estas, para serem signatárias do Pacto têm de adotar pelo menos duas delas. Sem esquecer a oportunidade de partilha de boas práticas. Isto porque "os signatários têm reuniões regulares" e não só partilham boas práticas entre si. Por vezes, acrescente Ricardo Rio, essa colaboração estende-se a algumas iniciativas. Um exemplo? Empresas com instalações no mesmo locais que acabam a promover a partilha de veículos e de rotas, que podem ser alargadas para lá da própria organização. O presidente da Câmara de Braga releva que o procura de necessidades específicas de empresas que estavam localizadas no mesmo local levou o concelho a criar linhas de transportes públicos quase dedicadas para servir o interesse dessas mesmas empresas.