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Espanha à espera de Dom Quixote. E de eleições.

Dom Quixote sabia, pelo menos, onde estava o seu destino: carregava contra os moinhos como se fossem demónios.

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Mas hoje, em Espanha, ninguém percebe qual será o futuro político. Mariano Rajoy continua à espera que, um dia, de eleição em eleição, tenha maioria absoluta. E já disse: "Se Pedro Sánchez continuar a dizer 'não' haverá novas eleições". E, como ninguém se entende, ninguém já se admira que, mais mês, menos mês, os espanhóis regressem às urnas. Iñigo Sáenz de Ugarte, no "eldiario", escreve: "Duas eleições depois, 35 depois das últimas, a política espanhola continua no congelador. É certo que os números têm mau aspecto - que é como quem diz, as combinações parlamentares são complicadas - mas a incapacidade dos partidos para encontrar a forma de eleger um Governo é cada dia mais patente". Antonio Lucas, no "El Mundo", é mais contundente: "Aquilo a que o Governo em funções chama Governo não é nada. (…) O que a oposição denomina alternativa deixou de ter sex appeal". E acrescenta: "Pensem em tantos votos que lhes demos (cada qual o seu). E no preço com que os estão a cobrar. Vão reduzindo-nos a um povo órfão e submisso quando na verdade só se exigia uma solução contra os efeitos da sua cloaca. O mudo dos irmãos Marx mostrou mais audácia com a sua buzina".

E, no "Publico", David Torres arrasa este pântano: "Mariano (Rajoy) também parece ultimamente um cadáver. Não há maneira de despertá-lo do seu encantamento e não diz palavra sobre se vai apresentar-se sozinho à investidura ou na companhia de lobos. Com Pedro Sánchez instalado no não, Albert Rivera no talvez e Mariano no futuro imperfeito é difícil prever como e quando acabará tudo isto". E, realmente, ninguém já consegue perceber esta longa marcha nupcial que, um dia destes, já não terá noivos. 

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