Opinião
As três letras da discórdia
A redução da Taxa Social Única (TSU), acordada na concertação social como contrapartida pela subida do salário mínimo, deixou o país político às avessas. Sociais-democratas contra Passos Coelho, Catarina Martins ao lado do PSD. O acordo com os parceiros sociais na corda bamba.
Ora a corda rompeu quando o PSD anunciou que votaria ao lado do Bloco de Esquerda e do PCP contra a descida da TSU a cargo das empresas. Manuel Villaverde Cabral escreve no Observador que era a António Costa e ao PS a quem cabia garantir a viabilização parlamentar da medida. No Observador, questiona se o Governo estava à espera "que o PSD viesse tirá-lo de um enorme embaraço político que expõe à vista de todos a fragilidade da base governamental?" Depois de não ter existido qualquer iniciativa prévia para "solicitar um eventual apoio das oposições".
Rui Tavares vê a TSU como mais um episódio numa crise mais profunda do partido, a que chama de "pasokização" do PSD, fenómeno que já atormentou o PS. No Público, o coordenador do Livre escreve que "o PSD não é conhecido hoje em dia senão por quatro anos de austeridade e a vontade mal disfarçada de que o diabo apareça para lhe dar razão contra o novo Governo". E mais à frente: "Os problemas do PSD (...) são estruturais. Poderão não chegar para dar ao partido o destino do Pasok, mas deveriam ser suficientes para o fazer despertar e obrigá-lo a redefinir a sua missão na política e na sociedade portuguesa." E qual é ela? Rui Tavares não diz.
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