Opinião
A revolução, segundo Cavaco Silva
Cavaco voltou", diz o Cravo. "Sim, eu senti a trovoada", responde a Ferradura no cartoon de José Bandeira no DN. Se a ideia era regressar com estrondo, o ex-Presidente conseguiu-o com a sua prestação na universidade de Verão do PSD. Pôs todos a falar dele.
O antigo presidente veio dizer que na Zona Euro "a realidade tira sempre o tapete à ideologia", como quem tivesse descoberto a pólvora. O primeiro-ministro achou, e bem, não comentar a substância do discurso, com uma excepção, para dizer que faz parte há muitos anos de um partido "que sempre foi reformista e não iniciou nenhuma revolução". A revolução socialista que Cavaco Silva dizia que era preciso travar, e a que voltou a aludir, nunca o PS a pediu... Nem PCP e Bloco a exigiram para apoiar o Governo. Mas para o antigo presidente foi a realidade que a travou...
Pedro Filipe Soares fala no DN de Cavaco Silva como uma "assombração de Verão". "Vencido, mas não convencido, Cavaco Silva nunca se conformou com o desfecho. (...) O pio do professor é de ave de mau agoiro. Falhou o prognóstico tremendista e agora quer emendar a mão, ensaiando mais uma crítica que não bate certo: não houve uma revolução socialista em Portugal, apenas a demonstração de como era possível parar a austeridade". Não que o Bloco desgoste da ideia. Mas não foi por aí.
Projectando apenas ressabiamento, Cavaco Silva fica a pregar no deserto. Como escreve David Dinis, no Público, "o país bem precisava de uma discussão séria sobre o seu futuro. Séria, despartidarizada, desinteressada. Cavaco Silva podia ter tido esse papel. Infelizmente, assim ninguém o ouvirá".
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