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29 de Novembro de 2007 às 13:59

Bolsa portuguesa: para quando a maturidade?

Não terá sido mero acaso o facto de, nas recentes quebras das bolsas a nível mundial, provocadas pela chamada crise do “subprime”, a portuguesa se ter destacado como uma das mais penalizadas. Tal facto deve-se, sem dúvida, à eterna adolescência no mercado

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Exemplos que consubstanciam o que afirmo não faltam: as cotações das empresas, e até dos “pesos-pesados”, sofrem maiores oscilações com qualquer rumor de OPA, OPV, fusão ou cisão, do que com a divulgação de dados concretos, até mesmo de resultados excepcionais. Claro que nas bolsas mais evoluídas e com maior volume esses movimentos também se verificam, mas como – chamemos-lhe assim – cristas de uma onda maior, que é o valor material – corrente ou potencial – da empresa. Vejam-se os casos da cavalgada monumental do BCP – a suposta montanha (OPA) que pariu um rato (uma hipotética fusão a preço de saldo) –; da constante demanda de um alvo para a Sonaecom, ou da sua venda a sabe-se lá quem; da agora “opável” PTM, em descida constante até se saber que Pereira Coutinho andava a comprar acções; ou o cometa Martifer, que rapidamente desapareceu num buraco negro; ou ainda do caso pitoresco da Teixeira Duarte, que sobe ou desce ao sabor da cotação do BCP, como se essa sua participação fosse o único activo da empresa.

Ser uma bolsa especulativa é bom para os investidores experientes e para fundos estrangeiros, que entram em força e mais rapidamente saem, assim que realizam alguma mais-valia, mas não esqueçamos a principal função do mercado de valores numa economia: dotar as empresas de capital sem recurso a dívida. Um país tão carenciado de capital como o nosso beneficiaria de uma bolsa de investimento, onde o mercado não fosse as empresas do PSI-20 e pouco mais, onde as empresas privilegiassem ainda mais a comunicação com os investidores e a distribuição de dividendos, onde os pequenos investidores preferissem investir através de fundos e estes, como o seu próprio nome indica, tivessem de facto uma política de investimento. Uma bolsa mais evoluída e racional captaria certamente mais capital, o capital que carecemos para expandir as nossas empresas. Ou estarão estas condenadas a ser pequenas, à escala global, ou a ser engolidas por outras? Maturidade precisa-se, com urgência.
Alguém dispensa uma bisnaguinha de Clearasil?

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