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A história do Estado e do Fittipaldi

O Fittipaldi era uma das figuras carismáticas lá da terra.

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Dele se dizia ser capaz de matar um pardal com uma pressão de ar, com a pressão de ar pousada em cima do ombro, de costas voltadas para o alvo, e fazendo mira através do espelho que utilizava para se barbear no quintal da sua casa.

O Fittipaldi recebera este cognome pela imensa perícia que mostrava a conduzir o seu Ford Cortina - sendo visíveis as parecenças com Emerson Fittipaldi, o piloto brasileiro que brilhou na Fórmula 1 no início da década de 70, quando conquistou dois títulos mundiais.

Um dia - há sempre um dia - Fittipaldi convocou para uma viagem de automóvel outra das figuras da vila, o Limão, massagista em regime de "part-time" da equipa de futebol local. Eis agora Fittipaldi já ao volante, manobrando com destreza o Ford Cortina azul, risca branca ao meio - atravessando verticalmente o carro -, que engole o alcatrão a uma velocidade superior ao aconselhável. E, de repente, Fittipaldi, perde o controlo e o Ford choca com estrondo num sobreiro. O Limão é projectado e a sua cabeça embate no porta-luvas. Na cena seguinte já está o Limão a lamentar-se: "ai que eu morro, ai que eu morro...". Ea réplica do Fittipaldi, desconcertante, não se fazendo esperar: "não morres nada, que eu tenho aqui os papéis do seguro...".

Agora faça um exercício. Substitua o Fittipaldi pelo Estado e ponha o Limão no papel, abstracto, das empresas que são suas fornecedoras. De que lhe serve um papel (a garantir que lhe pagam) se estão a morrer.


Nota: O Limão teve mais sorte. Apenas sofreu escoriações na testa. As empresas, essas, muitas delas, acabam por desaparecer.
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