Opinião
Os 12 Segredos da Nação Startup
Em Setembro de 2009 organizei a conferência TEDxEdges, a primeira TEDx em Portugal, em que convidei uma série oradores para falarem entre outras temáticas dos modelos de economias baseadas em inovação, em concreto dos casos da Finlândia e de Israel.
Em Setembro de 2009 organizei a conferência TEDxEdges, a primeira TEDx em Portugal, em que convidei uma série oradores para falarem entre outras temáticas dos modelos de economias baseadas em inovação, em concreto dos casos da Finlândia e de Israel. Desde essa altura tenho vindo a defender que países pequenos como Portugal devem olhar para Israel como modelo de uma economia baseada em inovação.
A forma mais eficiente de um pequeno país como Portugal poder dar um salto no seu processo de desenvolvimento é de copiar o modelo israelita. Claro, nem tudo pode ser copiado, mas pelo menos podemos seguir algumas das mesmas linhas de sucesso.
Muitas pessoas estão agora convencidos pelas evidências de uma das mais graves crises económicas que já atingiu Portugal que devemos alterar a nossa atitude em relação ao empreendedorismo, e eventos como o que teve lugar no passado mês de março em Lisboa, na livraria Ferin, Israel: Startup Nation que contou com a participação da Embaixadora de Israel em Lisboa, a Sra Tzipora Rimon, são também uma boa contribuição nesse sentido. Aproveito para resumir os 12 pilares nos quais assenta a ‘Nação Startup’:
1 . As Forças de Defesa de Israel (IDF) são cada vez mais tecnológica e requerem soluções reais. O tipo de soluções críticas que não têm uma segunda oportunidade. Além disso, e porventura ainda mais importante, o serviço militar, sendo obrigatório, é uma grande rede de contactos para a maioria da população.
2 . “Pensar fora da caixa” e uma rede de contactos alargada é uma parte muito importante da cultura em Israel, onde a pequena dimensão do País quase faz com que “toda a gente conheça toda a gente” – para um empresário que tenta arrancar um projeto, ter ao seu alcance uma poderosa rede é uma grande vantagem.
3 . A cooperação entre universidades e a indústria é uma realidade e não uma teoria. Há 7 grandes universidades em Israel e em cada uma existem parques industriais para capitalizar o investimento feito em I&D e garantir a transferência de tecnologia para a indústria nacional. Um dos principais exemplos é o Instituto Weissman YEDA Research, o qual é gerido como uma empresa privada para vender tecnologia, com inúmeros casos de sucesso.
4 . A aposta na qualidade do ensino superior e institutos de pesquisa de excelência, que o número de prémios Nobel atribuídos a Israelitas é sem dúvida, o melhor exemplo.
5 . As melhores empresas escolhem Israel como destino de investimento direto estrangeiro para os seus laboratório I&D. Muitas empresas americanas têm montado os primeiros centros de I&D fora os EUA em Israel, por duas razões a) os laços profundos entre EUA e economia israelita e b) pelo facto do governo de Israel fazer um lobby eficaz a atrair esses centros para solo israelita.
6 . Israel é o País número 1 em termos de investimento em I&D, como percentagem do PIB, cerca de 4,5% i.e. três vezes mais do que Portugal (1,5%), e isso é o resultado da determinação de toda uma geração de políticos que querem levar o país para o que de mais avançado se faz em ciência e tecnologia. O que começou como necessidade de sobrevivência é agora um processo econômico que se sustenta per se.
7 . Uma rede de incubadoras espalhadas por todo o País garante que empreendedores de alta tecnologia podem obter uma via rápida para a criação de projetos de startups nos seus domínios de especialidade.
8 . A Câmara Municipal de Tel Aviv tem ajudado a organizar uma comunidade de empreendedores que é muito ativa, e atrai ativamente as melhores startups para a região.
9 . Até mesmo as regiões mais remotas são apoiadas, como Beersheba, no deserto do Negev, e sua Universidade Ben-Gurion recebem projeto de alto interesse estratégico, como o recém-inaugurado Beersheba Cyber Security Hub, provavelmente o mais avançado centro de ciber-segurança no mundo.
10 . A força de trabalho é muito qualificada, e também multi-língua, com os imigrantes provenientes de literalmente todo o mundo.
11 . Apesar de Israel não ser membro da UE tem acordos de comércio com esta e participa das principais iniciativas de I&D, como seja o programa quadro Horizonte 2020 , permitindo ao País participar em paridade com outros membros da UE.
12 . Estrutura de financiamento moderna e eficiente, com abundância de capital de risco que só perde em sofisticação e abundância para o Silicon Valley, nos EUA.
Portugal precisa de deixar contagiar por uma onda de optimismo baseada nas nossas capacidades de superarmos obstáculos e de nos excedermos sempre que somos confrontados com enormes desafios.
Uma das novidades da nova edição do acelerador de startups Lisbon Challenge 2014 que está a ser organizado pela Beta-i passa precisamente por incluir Israel no roadshow internacional final. Acredito que, ao expormos as startups do programa, ao eco-sistema tecnológico israelita estas ficarão contagiadas pelo efeito “nação startup”, o que no fundo, se traduz em fazer da impossibilidade de sua geografia, uma realidade a cada dia.
André Marquet, co-fundador da Beta-i e coordenador do Lisbon Challenge