Opinião
O défice (o nosso e o dos outros)
A decisão da Comissão Europeia, de abrir um procedimento de défices excessivos contra Portugal, é um pau de dois bicos. Como temos a companhia de mais oito países (fora os nove que, anteriormente, já tinham sido alvo de procedimento semelhante) a decisão...
A decisão da Comissão Europeia, de abrir um procedimento de défices excessivos contra Portugal, é um pau de dois bicos. Como temos a companhia de mais oito países (fora os nove que, anteriormente, já tinham sido alvo de procedimento semelhante) a decisão tenderá a ser desvalorizada. Sobretudo cá no burgo. O raciocínio é simples: como não estamos sozinhos a atenção de Bruxelas vai dividir-se por um grupo alargado de países, alguns dos quais com grande peso na economia europeia (como a Alemanha). Sendo assim é mais fácil passar entre os pingos da chuva sem apanharmos uma molha.
É escusado dizer que esta atitude, ensaiada pelo ministro das Finanças na semana passada (quando disse ao "DE" que a redução do défice não implicaria cortes "draconianos" na despesa pública), é um erro. Porque ignora duas coisas: o carácter estrutrural do nosso défice (que não favorece correcções rápidas de trajectória) e o crescimento anémico da economia (1,5% ao ano na próxima década, segundo a OCDE), que não permite sonhar com uma recuperação rápida da receita (até porque os ganhos de eficiência, iniciados em 2004, estão a esbater-se).
O que é que isto significa? Que em 2010 ou 2011 quando outros países, alguns com défices mais elevados do que o nosso, registarem grandes progressos na redução dos seus desequilíbrios, nós estaremos a debater-nos com o excessivo e estrutural peso do Estado na economia. É fácil imaginar os "recados" que nessa altura vamos receber de Bruxelas.
camilolourenco@gmail.com
É escusado dizer que esta atitude, ensaiada pelo ministro das Finanças na semana passada (quando disse ao "DE" que a redução do défice não implicaria cortes "draconianos" na despesa pública), é um erro. Porque ignora duas coisas: o carácter estrutrural do nosso défice (que não favorece correcções rápidas de trajectória) e o crescimento anémico da economia (1,5% ao ano na próxima década, segundo a OCDE), que não permite sonhar com uma recuperação rápida da receita (até porque os ganhos de eficiência, iniciados em 2004, estão a esbater-se).
camilolourenco@gmail.com
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