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D. Manuel Martins

D. Manuel Martins, bispo resignatário de Setúbal, é uma figura ímpar. Frontal, corajoso (desafiando, por vezes, atavismos da própria Igreja que serve) não deixa ninguém indiferente.

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D. Manuel Martins, bispo resignatário de Setúbal, é uma figura ímpar. Frontal, corajoso (desafiando, por vezes, atavismos da própria Igreja que serve) não deixa ninguém indiferente. Na sexta-feira resolveu falar, na sequência dos distúrbios na Bela Vista, depois de um jovem do bairro ter sido morto numa perseguição social (a seguir a um assalto a uma caixa multibanco). Como sempre, D. Manuel pôs-se ao lado dos mais fracos, alertando a sociedade para os riscos de ter uma explosão social devido à crise que o país vive (de permeio criticou a economia de mercado, assunto que analisaremos noutra ocasião).

Compreende-se o desassossego de D. Manuel Martins. O país tem muitas políticas sociais erradas, entre as quais a forma como constrói bairros sociais e neles despesa famílias inteiras sem nada que as ligue. Mas de uma pessoa com o seu bom senso espera-se algo mais: que saiba escolher bem as palavras e que tenha melhor sentido de oportunidade. Porque prenunciar explosões sociais quando a Polícia se esforçava por repor a ordem num bairro difícil da sua cidade, onde uns poucos aterrorizam a vida de tantos, é no mínimo uma boutade. Porque uma coisa é criticar políticas sociais, outra é deitar gasolina numa fogueira já de si muito atiçada. Ninguém tem dúvidas que D. Manuel Martins não subscreve a violência dos gangues na Bela Vista. Mas na 6ª feira devia, ao falar, devia ter usado mais a razão e menos o coração.
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