Opinião
A lei do silêncio
Foi a arte da Polinésia que influenciou o modernismo. O conceito de tabu veio de lá e, como é norma, foi adaptado aos interesses ocidentais: o que era tabu (algo que não deveria ser tocado) passou a ser sinónimo de proibido. Algo diferente, convenhamos. O
Para a guarda pretoriana de Sócrates há um tabu: dizer mal do Governo. Algo que, um dia destes, poderá ampliar-se a quem pensar mal (mesmo em sonho) do Governo. O princípio ideológico de tabu para o executivo foi explicitado a quem ainda não colocou os dedos na ficha do choque tecnológico: "pode-se dizer mal do Governo se for em casa. O ínclito pensamento da secretária de Estado da Saúde foi complementado por outra ideia que lhe valerá o Nobel da Física: no seu posto num local público nunca poderia dizer mal do Governo. Vejamos se entendemos. Se eu sou secretário de Estado e digo mal do Governo não o posso fazer. Pim! Claro: se tenho esse cargo, e digo mal do Governo é porque não quero estar nele e digo isto para me darem um chuto. Portanto dizer mal do meu próprio Governo seria um exercício de Sado-masoquismo. Mas a secretária de Estado não está só. O Estado deve ser silencioso. Exemplo: um professor morre tendo de trabalhar até ao último dia porque a Caixa Geral de Aposentações não lhe concedeu a reforma. Aqui está o tabu: será que se pode saber quem foram os génios que tomaram a sinistra decisão ou, como quer o Governo, o silêncio impere no país?
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