Opinião
A esquerda caviar
A esquerda já não existe. Há, quando muito, a esquerda gestora de mercado e a esquerda nostálgica que ainda dorme com um quadro de Estaline na parede do quarto. E há uma nova variante: a esquerda caviar, uma mistura de chantilly pós-moderno entre Paris Hi
Em Portugal há alguém que representa a esquerda caviar. Dá pelo nome de Inês Pedrosa. Aliás, há duas Inês Pedrosa. A militante das candidaturas independentes, como a de Manuel Alegre, e a feroz defensora das patrulhas ideológicas, na sua versão “Expresso” de 21 de Julho. Esta última tendência escreve, a propósito de tantos lisboetas não terem ido votar, esta pérola de realismo socialista na versão stakonovista: “esta demissão dos cidadãos em relação às suas responsabilidades deveria ser sancionada: quem se está nas tintas para o governo da cidade deveria perder o direito a candidatar-se a empregos, bolsas ou apoios públicos”. Vejamos se entendemos: por exemplo, quem denuncia esse pecado deveria ter direito a todos os empregos, subsídios e cargos públicos? Sócrates deveria contratar já esta jovem para a DREN. A jovem Pedrosa diz o que a esquerda caviar pensa na sua inócua inutilidade: se o povo não pensa o mesmo que nós, os iluminados, deve ser açoitado. A jovem Pedrosa tem da política uma visão militante: os intelectuais devem ser “bibelots” dos candidatos partidários. Inês Pedrosa é a Joana d’Arc da esquerda caviar: tão libertária que acabará como Pol Pot nos seus dias mais liberais.
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