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04 de Dezembro de 2009 às 11:52

A esquina do Rio

A táctica do Governo com a oposição não é chegar a consenso nem procurar soluções, é esticar a corda para ver se ela rebenta. Esta táctica serve a estratégia de colocar Belém numa posição de xeque-mate, face à embrulhada dos prazos constitucionais...

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PROBLEMA - A táctica do Governo com a oposição não é chegar a consenso nem procurar soluções, é esticar a corda para ver se ela rebenta. Esta táctica serve a estratégia de colocar Belém numa posição de xeque-mate, face à embrulhada dos prazos constitucionais que se avizinha. Para prosseguir esta táctica é provável que o discurso de vitimização aumente de tom, que seja metido no mesmo saco o chumbo de propostas e as investigações em curso e que, eventualmente, a coisa culmine com uma moção de confiança que possa pôr em cima da mesa a hipótese de demissão do Governo. Sócrates joga no papão da instabilidade para conseguir manter-se no poder - pouco mais pode fazer, para além das oportunidades de imagem e de boa imprensa que o fim-de-semana lhe deu na cimeira ibero-americana e na assinatura do Tratado de Lisboa. O problema de Sócrates é que ele está tão viciado no poder absoluto que teve durante uma legislatura que agora - numa situação de crise económica grave ainda por cima - não consegue viver na procura de soluções e na resolução de dificuldades, habituado que está a fazer o que quer e a empurrar os problemas sempre para a frente - que verdadeiramente foi o que nos levou ao triste ponto onde agora estamos.

RESTAURAÇÃO - Não deixa de ser uma triste coincidência que o Dia da Restauração, que assinala a data em que Portugal reconquistou a soberania enquanto Nação independente, seja o dia em que foi assinado, em Lisboa, o novo tratado da União Europeia, mais um passo na subalternização da individualidade das nações. É curioso ver como a cerimónia, que aqui encheu televisões e capas de jornais, teve apenas repercussão média por essa Europa fora e no resto do Mundo mal se deu pela coisa.

LISBOA I - As estações de Metro do Saldanha e de S. Sebastião foram inauguradas há cerca de dois meses mas à superfície continua o caos. Lá estão ainda os estaleiros, a Duque de Ávila permanece com condicionamentos de trânsito, que incluem a impossibilidade de atravessar a Avenida da República. A complacência da Câmara Municipal de Lisboa com estas situações é inaceitável.

LISBOA II - Quem passar no largo do Príncipe Real achará que houve um bombardeamento. Grades levantadas, zonas interditas, tudo feito sem informação nem diálogo com os moradores, derrubes polémicos de árvores, enfim prepotência a rodos pela mão do duo que apostou em dar cabo de Lisboa: quando passarem no Príncipe Real como ele está agora lembrem-se que aquilo é fruto de António Costa de mão dada com José Sá Fernandes.

LER - A edição de Dezembro da revista "Monocle" inclui um suplemento com o top 50 em matéria de viagens - desde hotéis a linhas aéreas, passando por aeroportos, restaurantes e cidades. Na mesma edição é publicada a lista das 20 pessoas que estão a ajudar a mudar o mundo para melhor - e Catarina Portas aparece em 16º lugar, sobretudo graças à sua defesa dos produtos tradicionais nas suas lojas "A Vida Portuguesa" e nos seus quiosques. Esta edição inclui análises de tendências para o próximo ano por 25 autores das mais diversas áreas, tem um especial sobre Madrid , além das habituais secções sobre design, arquitectura e media. Este é verdadeiramente um número de colecção.

OUVIR - Em fase natalícia proponho um produto "dois em um". Trata-se de uma caixa com dois CDs de Frank Sinatra que a Universal Musi em boa hora teve a ideia de juntar. O primeiro regista um histórico concerto gravado em Março de 1986 no estádio de Meadowlands, na sua Nova Jersey onde nasceu. Ao todo são 21 temas que fizeram história na carreira de Sinatra. O outro disco, "Christmas with Sinatra and Friends", é uma compilação de melodias tradicionais de Natal interpretadas por Sinatra, Rosemary Clooney, Mel Tormé, Tonny Bennett, Bill Evans, Ray Charles e Betty Carter. Simplesmente arrebatador.

CHIADO - Dia 1 de Dezembro, passeio no Chiado, ainda muito vazio, ao princípio da tarde. Bom movimento na FNAC ( de longe a loja mais movimentada), o resto um pouco mortiço, mesmo na própria rua. Alguns locais continuam obrigatórios, como a Casa Pereira onde existem aquelas que são provavelmente as melhores raspas de casca de laranja cobertas a chocolate preto e onde podem descobrir as maravilhas do chá pérola ou de cafés de origens invulgares - fica na Rua Garrett 38. Na Rua Anchieta 11, numa loja antiga, vive hoje em dia "A Vida Portuguesa", a loja criada por Catarina Portas para divulgar produtos tradicionais de Portugal - desde lápis Viarco a baralhos de carta, passando por sabonetes Ach Brito os extraordinários cadernos da Papelaria Emílio Braga, mais baratos e melhores que os da Moleskin.

PETISCAR - Ele há sítios que podiam ter todas as condições para funcionar bem e depois se perdem por coisas idiotas. O "Café no Chiado", no Largo do Picadeiro, tem um ar simpático e confortável mas frusta as expectativas. Numa casa que ganhou fama com os seus bifes, um steak com molho de mostarda antiga, veio no meio de um molho demasiado aguado. Como havia esparregado incluído nos acompanhamentos foi pedido que ele não fosse trazido e que a dose original de batatas fritas fosse reforçada, mas em vez disso veio singela e escassa, com batatas mais cozidas que fritas e bastante oleosas. Mas o pior estava para vir na factura - uma amostra de queijo de Azeitão, colocado fora do couvert, e que não foi nem pedido nem tocado, apareceu facturado à mesma, por cinco euros. É uma pena e azar meu, porque sei que a sopa do dia, de ervilhas, e uns ovos com salmão, que o outro lado da mesa foram testados, estavam apreciáveis. E o vinho da casa, servido a copo, satisfazia. Mais cuidado na cozinha e mais cuidado na forma de fazer as contas são esforços que compensariam. Regista-se que está aberto até ás duas e tem uma esplanada abrigada todo o ano. Telef 213460501.

BACK TO BASICS - Para entrar na diplomacia nada melhor que demonstrar aptidões ao conduzir uma dança de salão - Oscar Wilde.



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