Outros sites Medialivre
Notícias em Destaque
Opinião

Porque há tanta preocupação com o Covid-19?

O que pretendo com este artigo é sugerir que, a posteriori, sem “estar a quente”, refletir bem no que se está a passar e como se deverá proceder no futuro, pois, muito provavelmente, no próximo ano a gripe irá aparecer e matar uns poucos milhares de portugueses.

  • 3
  • ...

Estamos numa situação que muito poucos anteviam. No planeamento e gestão estratégicos das empresas, a análise dos fatores externos e a avaliação do seu impacto nas empresas e nas suas estratégias são muito relevantes. Havendo muitos fatores externos (futuros eventos, tendências, etc.), as empresas devem focar-se mais naqueles cuja combinação de probabilidade de ocorrência com o seu potencial impacto no desempenho da empresa são maiores.

Embora, como docente e como consultor, apresente as epidemias como fator a considerar na gestão estratégica, o que está correto, não antecipei a questão da preocupação para além das consequências das epidemias. Trata-se do receio da culpabilização e responsabilização a vários níveis dos gestores de empresas perante tal ameaça, na perspetiva em que muitos receiam que, se alguém morrer do Covid-19, poderão ser responsabilizados por não terem tomado todas as possíveis precauções para evitar essa morte.

Em certos países mais litigantes, isso é uma ameaça ainda mais séria. Quando se pede uma indemnização porque o manual do micro-ondas não referia que não se podia secar gatos no aparelho, imagine-se agora o que poderá acontecer no caso de mortes pelo Covid-19…

Quando, por um lado, as primeiras entidades começaram a tomar muitas precauções e a mediatizar-se muito essas precauções perante esta epidemia (como as limitações de eventos e reuniões, quarentenas). E por outro lado, se mediatiza com grande destaque, um a um, a todo o momento, os números de suspeitos, e depois os números de infetados, então as restantes entidades acabam por não poder “ficar atrás” pois facilmente serão criticadas por não ser tão “exigentes nas precauções” como as outras entidades. E assim, todos caminham na mesma direção de minimizar o risco de serem responsabilizados por eventuais consequências do Covid-19.

Obviamente não estou a descurar a preocupação com o novo coronavírus, nem estou a dizer que devemos “fechar os olhos” e que isto tem pouca importância. Não me entendam mal. O que pretendo com este artigo é sugerir que, a posteriori, sem “estar a quente”, refletir bem no que se está a passar e como se deverá proceder no futuro, pois, muito provavelmente, no próximo ano a gripe irá aparecer e matar uns poucos milhares de portugueses, como o faz todos os anos, e não se poderá entrar em receios excessivos de culpabilizações dos gestores que possam prejudicar o país, ou mesmo doentes que precisam de ir ao hospital e não são rapidamente atendidos pois as urgências estão cheias de pessoas que não deviam lá estar, mas que por precaução vão lá na mesma…

Ver comentários
Mais artigos do Autor
Ver mais
Outras Notícias
Publicidade
C•Studio