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11 de Outubro de 2019 às 11:27

Para onde vais, Portugal?

Olha-se para os resultados das eleições do passado fim-de-semana, e o que salta à vista é que o vencedor foi eleito por uma minoria de cidadãos eleitores.

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Back to basics
"Comprem com base nos rumores, vendam com base nas notícias."
Provérbio nascido em Wall Street

Para onde vais, Portugal
Olha-se para os resultados das eleições do passado fim-de-semana, e o que salta à vista é que o vencedor foi eleito por uma minoria de cidadãos eleitores. A diferença entre o número de eleitores e o número de votantes é cada vez maior. A abstenção ultrapassou os 45%, votaram menos cerca de 300 mil pessoas. O número de eleitores que votaram nulo ou branco subiu - eram 3,7%, agora foram 4,28%. De entre os votos registados nos diversos partidos, 680 mil não elegeram nenhum deputado num total de cinco milhões de votos. Há muitos anos que se fala na necessidade de introduzir alterações na lei eleitoral, por forma a combater a abstenção e melhorar a representatividade da decisão dos eleitores, mas a lei eleitoral está praticamente imutável há mais de quatro décadas, não acompanha a evolução dos tempos, do comportamento dos cidadãos nem da tecnologia. Os cidadãos não se sentem representados num sistema que não aproxima eleitores dos eleitos. Aos partidos maiores não interessa mudar este estado de coisas. O sistema de representatividade existente favorece-os, enquanto prejudica o surgimento de novas organizações políticas. E, apesar das dificuldades do sistema, o descontentamento com os partidos instalados é tanto que três novos partidos conseguiram chegar ao Parlamento. O PS, que chegou a sonhar com uma maioria absoluta e teve o sonho de atingir 40% dos votos, ficou abaixo dos 37%. Costa foi indigitado primeiro-ministro com um milhão e oitocentos e sessenta mil votos num universo de 10,8 milhões de eleitores inscritos - ou seja, pouco mais de 17% do eleitorado. É a António Costa, claramente o vencedor na menor votação de sempre, que cabe decidir os caminhos do futuro próximo. O cenário não é agradável, vamos assistir a uma radicalização do Bloco e do PCP e a uma permanente negociação do PS. Deixa de haver estratégia para o país, passa somente a haver táctica para um partido conservar o poder. Para onde vai Portugal?

Semanada

O peso dos impostos "amigos do ambiente" no total da receita fiscal foi superior em Portugal (7,6%), comparativamente com a média da União Europeia (6,1%) e o seu peso no Produto Interno Bruto em Portugal (2,6%) foi superior ao da média da União Europeia a 28 (2,4%) António Guterres, secretário-geral da ONU, alertou que a organização internacional pode ficar sem dinheiro até ao final deste mês e sem capacidade para o pagamento de salários o Benfica está entre os dez clubes que mais jogadores emprestam e, na última década, cedeu 37 futebolistas a clubes das cinco principais ligas europeias no dia em que as armas de Tancos apareceram, a Polícia Judiciária foi avisada por um coronel da GNR da farsa que estava a ser montada a investigação sobre as golas antifumos já tem sete arguidos os empréstimos à habitação registados este ano já atingem 7 mil milhões de euros, o valor mais alto desde 2010 um inquérito da Marktest revela que os portugueses dizem acreditar no aquecimento global e no papel do Homem nesse fenómeno, mas não acreditam que deixar de consumir carne de vaca tenha impacto nas alterações climáticas estão em curso projectos para a construção de 166 novos hotéis só um terço das câmaras municipais aceitou competências na área da saúde e mais de metade rejeitaram responsabilidades nas áreas da educação e justiça metade dos casos de pornografia infantil não chega a julgamento, por incapacidade das autoridades em localizar os suspeitos.


Dixit
"Logo por azar dos Távoras havia de haver a renovação do mandato da PGR."
Juiz João Bártolo sobre a saída de Joana Marques Vidal durante a investigação do caso Tancos

A força do desenho
Pela segunda semana, o destaque vai para Rui Sanches, desta vez para a segunda visão do "Espelho", no seguimento da retrospectiva dos seus trabalhos em escultura que inaugurou na semana passada na Cordoaria, com curadoria de Delfim Sardo. Agora, no Museu Colecção Berardo, com curadoria de Sara Antónia Matos, Rui Sanches apresenta um notável conjunto de obras focadas no desenho, mas que não se esgota aí. É uma exposição antológica, baseada no desenho, que inclui trabalhos recentes nos quais cruza suportes, meios e técnicas - além de desenho sobre papel, utiliza fotografia, mostra esbocetos de barro e esculturas de parede em diversos materiais. Em paralelo com a exposição da Cordoaria, esta segunda série de obras reunidas de novo sob a designação "Espelho" permite ter uma outra visão e perceber uma dimensão completamente diferente sobre o trabalho e a obra de Rui Sanches. Até 12 de Janeiro no Museu Colecção Berardo. O outro destaque da semana vai para a segunda edição do Drawing Room Lisboa, que até domingo está patente na Sociedade Nacional de Belas Artes (Rua Barata Salgueiro 36). Estão patentes obras de 70 artistas e 25 galerias de arte em torno do desenho contemporâneo. Lourdes Castro, Helena Almeida, Pedro Barateiro, Ana Jotta, Pedro Cabrita Reis, Julião Sarmento, Paulo Brighenti, Júlio Pomar Carlos Correia e Paulo Lisboa estão entre os 70 artistas representados nesta segunda edição do certame. Estão presentes galerias de Lisboa, Porto, Açores, e também de Espanha, Japão, Colômbia, Moçambique e Brasil, numa seleção que coube a Mónica Álvarez Careaga, directora da feira, e ao Comité Consultivo do certame. No âmbito da Drawing Room Lisboa, decorre ainda uma exposição de desenhos da Coleção de Desenho Contemporânea da Fundação PLMJ, com curadoria de João Silvério.

A polémica do clima
Judith A. Curry é uma climatologista americana, que dirigiu a Escola de Ciências Atmosféricas e da Terra do Georgia Institute of Technology, publicou numerosos estudos sobre alterações na atmosfera e nos oceanos e foi galardoada pela Sociedade Americana de Meteorologia pelos estudos que desenvolveu sobre o aquecimento global e os furacões. Nos últimos anos, tem tomado posições contrárias à corrente mais catastrofista, denunciando métodos de previsão baseados em dados insuficientes e falta de rigor científico. "Alterações Climáticas, o que sabemos, o que não sabemos" é o seu novo livro, agora editado em Portugal, pela Guerra & Paz. Trata-se de uma obra de pensamento aberto que afirma a incerteza científica face a um pretenso unanimismo de redução do aquecimento global a uma única causa. Numa época em que o alarmismo campeia e se gerou uma intensa vaga emocional que quase proíbe o exercício de qualquer pensamento crítico, Judith Curry defende uma única solução: o método científico, a necessidade de lidarmos com a incerteza, o reconhecimento efectivo do que não sabemos. Curry opõe-se ao actual consenso, que considera desvirtuar o método científico e ser determinado por razões políticas e discorda, nomeadamente, que a causa humana seja o factor dominante das alterações climáticas. O livro alerta-nos para a perigosidade de uma hipótese excessivamente simplificada monopolizar toda a investigação científica, uma hipótese para a qual, segundo a autora, há provas observacionais insuficientes e que se baseia em modelos climáticos inadequados para estabelecer as causas do aquecimento recente. Ora aqui está bom combustível para alimentar a polémica.

Arco da velha
A eleita do PAN por Setúbal, Cristina Rodrigues, admitiu numa entrevista não conhecer o programa do partido.

A música da dor
Ao fim de 40 anos de carreira, Nick Cave fez um dos seus trabalhos mais fortes e tocantes, uma meditação sobre a vida e a mortalidade e sobre o luto. Aqui, as suas canções partem de uma terrível experiência pessoal que já tinha marcado o seu disco anterior, "Skeleton Tree", de 2016, que gravou pouco depois da morte, num acidente, do seu filho adolescente. O disco e o documentário que acompanhou a sua produção, "One More Time With Feeling", são fruto de um momento dramático. Mas neste "Ghosteen", um duplo CD, Cave vai ainda mais longe e de forma muito mais profunda. No novo disco continua a marca da dor, a sombra do desespero, mas também a busca da própria vida, procurando uma razão para continuar. Musicalmente, o disco vive da criação de espaços, de ambientes carregados de sentimentos como por vezes só a música permite fazer, entre palavras que organizam a meditação ao mesmo tempo que procuram um enquadramento para reforçar os laços entre os que (sobre)vivem. Um dos pontos incontornáveis de "Ghosteen" é a clássica lenda budista de Kisa Gotami, que Nick Cave relata. Depois de perder o seu filho, Gotami procura o apoio e conselho do Buda, que a manda procurar e trazer sementes de mostarda de cada casa onde ninguém tenha morrido na família. Ela acaba por perceber que a morte entra em todas as casas, em todas as famílias e regressa, sem as sementes, ao Buda que a conforta e lhe abre caminho a uma nova forma de encarar a vida. "Everybody’s losing someone/ It’s a long way to find peace of mind", evoca Cave num dos momentos em que canta num registo acima do habitual, reforçando o dramatismo da interpretação. É impossível escolher canções aqui, mas arrisco destacar "Bright Horses" no primeiro disco e dois temas fortíssimos no segundo, aquele que dá título ao álbum, "Ghosteen", e o final, "Hollywood", que são duas das mais marcantes canções que Cave escreveu em toda a sua carreira.

Vinhos & petiscos
E que tal uma "happy hour" baseada em vinhos e petiscos? Em plena Avenida da Liberdade, o bar Intra-Muros e a Esplanada do restaurante AdLib, no Hotel Sofitel, proporcionam uma selecção de vinhos franceses e portugueses, servida com queijos franceses bem escolhidos e petiscos caseiros do chef Daniel Schlaipfer. Os vinhos franceses estão em destaque até 13 de Outubro, entre as 18h30 e as 21h00. Os vinhos selecionados incluem um Branco Domaine Fevre Petit Chablis, um Rosé Miraval Provence e um Tinto Domaine Bonnard Sancerre. Pode optar por um prato de 3 ou 5 queijos, a 8 e 13 euros, respectivamente. Os vinhos são degustados a copo a partir dos 6 euros, com a opção de um "wine flight" de 3 vinhos a 12 euros. Os Wine Days dedicados a Portugal decorrem de 14 a 31 de Outubro e a selecção inclui um Tinto do Douro, Cheda Reserva, um Branco também do Douro, Terras do Grifo, e um Rosé Alentejano, Lima Mayer, servida com uma selecção de petiscos do chef -Wine 3 petiscos 8€ e 5 petiscos 13€. Os preços do vinho são os mesmos - 6 euros um copo, 13 euros a prova dos três. Durante todo este período, está disponível no restaurante AdLib um menu de degustação preparado pelo chef Daniel Schaipfer, a 50 euros por pessoa .
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