Opinião
A mentira é uma arma
No admirável mundo novo da geringonça, o dinheiro não conta e a verdade é um dano colateral. Se confrontarmos as promessas de hoje com as palavras de ontem, percebemos a extensão da utilização da mentira como arma eleitoral.
Back to basics
Aqueles que vos querem fazer acreditar em coisas absurdas são os mesmos que podem levar os outros a cometer atrocidades.
Voltaire
A mentira é uma arma
No admirável mundo novo da geringonça, o dinheiro não conta e a verdade é um dano colateral. Se confrontarmos as promessas de hoje com as palavras de ontem, percebemos a extensão da utilização da mentira como arma eleitoral. Longe vai o tempo em que António Costa dizia que o dinheiro não chegava para tudo - como fez ainda este ano, em Junho, a propósito dos professores. Como se pode acreditar num primeiro-ministro que agora promete tudo mas que, em Novembro de 2017, dizia que era uma ilusão a ideia de que é possível "tudo para todos já". Os próximos meses não vão trazer propriamente a feitura de um programa eleitoral - vão ser o palco onde poderemos observar o despique entre as promessas que vão sendo feitas e o caderno de encargos e o rol de exigências que Bloco e PCP laboriosamente vão compilando. A maior das mentiras, que serve de colchão a todas as promessas, é a repetida afirmação de que tudo agora está bem e que o país avança no caminho do paraíso, onde todos viverão sem se recordarem da crise, longe da austeridade - apenas com umas, digamos, pequenas cativações. Todos querem transportes mais baratos e acolhem de bom grado descontos para os passes dos filhos - mas, como se vai vendo, o reverso é a degradação da qualidade de todos os serviços públicos - da CP aos hospitais, da saúde à educação, passando pela segurança. Já se percebeu que, este ano, o défice público está acima das previsões e a Unidade Técnica de Apoio Orçamental do Parlamento veio dizer que o aumento da despesa pode descontrolar ainda mais as coisas - é o que vai acontecer graças ao orçamento eleitoralista que aí vem. Claro que a seguir virão mais impostos e o previdente Medina, espécie de arauto do que vai na cabeça de Costa, já foi dizendo que o melhor é aumentar a taxa do turismo em Lisboa.
Semanada
• Em 100 euros gastos em Portugal, quase 12 vêm do bolso de turistas • as famílias portuguesas já estão a gastar o mesmo que na pré-troika e o segundo trimestre deste ano foi o que registou maior consumo de bens duradouros dos últimos 17 anos • em Lisboa, entram por dia 370 mil carros vindos dos concelhos limítrofes • a CP, afinal, só vai comprar metade dos comboios previstos no plano de investimentos do ano passado • os juros da dívida pagos pela CP davam para comprar 40 comboios novos • o Bloco de Esquerda afirmou que recusa ser "penacho de um qualquer Conselho de Ministros" após as próximas eleições • o PCP declarou-se disponível para governar - mas para fazer "outra política" • metade da ajuda europeia aos incêndios florestais em Portugal de 2017, no valor de 50,6 milhões de euros, foi canalizada por António Costa para o próprio Estado, nomeadamente para a GNR, a Protecção Civil, o Instituto de Conservação da Natureza e Fundo Florestal Permanente, a Marinha, Força Aérea e o Exército • cada português produz, em média, 40 quilos de resíduos por mês e, por ano, o país acumula quase cinco milhões de toneladas de resíduos, o peso de três pontes Vasco da Gama; segundo o livro "Desperdício Alimentar", de Iva Pires, cada português desperdiça uma média de 100 quilos de alimentos por ano • há 1.350 portugueses à espera de cirurgia de tratamento de obesidade.
Dixit
"É preciso extinguir o que só serve para enganar o povinho (...). Hoje, a corrupção é um grande problema nacional e até é um problema endémico."
João Cravinho
Este é de Olhão
O "este" a que me refiro é "O Centro do Mundo", o romance de Ana Cristina Leonardo que este ano me fez querer conhecer melhor Olhão - e passar aí uns dias das minhas férias. Não me arrependo. Descobri uma terra que apenas conhecia de passagem e que tem uma zona central antiga, arruinada ao longo dos anos, mas que deve ter sido acolhedora e envolvente, e que agora começa a ser recuperada. Numa só rua vi três agências imobiliárias seguidas, umas coladas às outras, com ofertas de casas locais antigas para restaurar. Terra de pescadores e da indústria conserveira, com ilhas da Ria Formosa mesmo em frente, com um mercado antigo, recuperado, e uma marginal em que abundam restaurantes, Olhão já foi descoberta por estrangeiros que foram comprando casas, muitas com açoteias de onde se avista a Ria e as casas brancas em forma de cubo. "O Centro do Mundo", de Ana Cristina Leonardo, é outra conversa - uma viagem através do tempo, que fala de como era Olhão, percorre a sua História sob o pretexto da evocação de um aventureiro de origem russa, fugido da revolução de Outubro, espião ocasional, vigarista regular, sedutor impenitente. Boris Skossyreff, assim se chama a personagem, acaba pois por funcionar como o guia que nos leva por Olhão ao longo de algumas décadas. O livro está editado pela Quetzal.
Polémica: Festival de Veneza acolhe a Netflix
Depois de o Festival de Cannes ter cedido à pressão dos distribuidores de filmes franceses e ter impedido as produções da Netflix de ali se apresentarem, o Festival de Cinema de Veneza acolheu de braços abertos o gigante do streaming que levou as suas produções mais recentes - a começar por "Roma", do mexicano Alfonso Cuarón, que foi o grande destaque da abertura deste 75.º Festival de Veneza. A Netflix apresenta outros seis títulos, entre eles dois candidatos ao Leão de Ouro: "The Ballad of Buster Scruggs", de Ethan e Joel Coen (na imagem), e "22 July", de Paul Greengrass. "Roma" não tem elenco internacional, foi filmado em preto e branco e é falado em espanhol. "É um tipo de projecto que teria enormes dificuldades para encontrar espaço no mercado", defendeu o director mexicano, elogiando a atitude da Netflix. Outras produções da Netflix presentes em Veneza são "On My Skin", do italiano Alessio Cremonini, o muito aguardado "The Other Side Of The Wind" - o derradeiro filme, inacabado de Orson Welles que a Netflix recuperou - e o documentário "They'll Love Me When I'm Dead", de Morgan Neville, exactamente sobre Welles e a epopeia que foi a rodagem do seu filme. Entretanto, a Confederação Internacional dos Cinemas de Arte (Cicae) já criticou o Festival de Cinema de Veneza por aceitar filmes estreados fora das salas de cinema - mas que chegam a uma enorme audiência, garantida pelo crescente número de assinantes da Netflix em todo o mundo.
Arco da velha
O tribunal de Montemor-O-Novo libertou quatro indivíduos que tinham sido detidos em flagrante a fazer explodir uma caixa multibanco em Reguengos de Monsaraz.
A caçadora Anna Calvi
Há cinco anos que a britânica Anna Calvi não lançava um disco novo - e estão agora a fazer sete anos que tocou no Lux, a seguir ao seu primeiro álbum. Este "Hunter" é o seu terceiro registo e cumpre à risca o que ela havia anunciado: uma colecção de canções pop com ar sério sobre o desejo, o controlo e o género - o que vai ao encontro das conhecidas causas que Calvi vem defendendo publicamente. Mesmo que não sigam as letras, ficarão contagiados pelo lado musical do álbum, pela forma como ela continua a explorar os limites da guitarra e a mostrar o seu virtuosismo, sem nunca recorrer ao exibicionismo fácil e gratuito - uma forma de tocar guitarra particularmente evidente em faixas como "Don't Beat The Girl Out Of My Body" ou "Indies Of Paradise". "Hunter", a canção que dá título ao disco, é construída entre um fundo de sintetizador e uma guitarra que se conjuga com a percussão, numa balada rock poderosa. Anna Calvi diz que este é o seu disco de referência, de entre os que gravou até agora - e é simultaneamente suave e enérgico, permanecendo simples e envolvente. O tema "Swimming Pool", aparentemente uma homenagem a David Hockney, explora explicitamente o prazer sem culpa e um terreno sonoro semelhante, mais ambiental ainda, é dado em "Eden", o último tema do álbum. A produção é de Nick Launay, com quem Nick Cave gosta de trabalhar. Aqui, ele deixou espaço para que Calvi soasse mais autêntica, musicalmente menos polida, com, um registo de voz mais intimista, na verdade mais próxima da realidade ao vivo. Disponível no Spotify.
Uma boa cervejaria
Dantes era o Spianata, um restaurante de inspiração italiana e comportamento incerto, que ao longo do tempo foi ainda ficando mais incerto. O local é bom - na Travessa de Santa Quitério, perto da Pedro Álvares Cabral, com um amplo parque de estacionamento por baixo. A sala do restaurante prolonga-se num terraço enorme, que acolhe uma esplanada com uma bela vista sobre Lisboa e de onde ainda se vê o Tejo. Há uns meses, ali está a cervejaria Sem Vergonha. Uma boa cervejaria, maioritariamente frequentada por portugueses, com um serviço simpático, e que está aberta ao domingo, o que é sempre uma boa ideia. Tem marisco fresco, um tártaro de atum bem aprontado, choco frito a bater-se com muitos de Setúbal, peixinhos da horta acima da média, um picapau de novilho bem temperado e um belo bitoque do lombo. As batatas fritas são boas - e isto é crucial numa cervejaria. À entrada está um balcão de peixe fresco que o cliente pode pescar na altura. O serviço funciona bem, a carta de vinhos tem preços honestos e a imperial é bem tirada. Nas sobremesas, figuram os gelados Artisani, que aliás têm loja própria ali perto. É aquele género de restaurante onde apetece voltar, com uma boa relação qualidade-preço e onde os clientes se sentem bem. Que não se estrague é o meu desejo. Travessa de Santa Quitéria 38 D, telefone 213 850 967. Fecha às segundas, aberto até à uma, mas à sexta e ao sábado encerra às duas.
Aqueles que vos querem fazer acreditar em coisas absurdas são os mesmos que podem levar os outros a cometer atrocidades.
Voltaire
A mentira é uma arma
No admirável mundo novo da geringonça, o dinheiro não conta e a verdade é um dano colateral. Se confrontarmos as promessas de hoje com as palavras de ontem, percebemos a extensão da utilização da mentira como arma eleitoral. Longe vai o tempo em que António Costa dizia que o dinheiro não chegava para tudo - como fez ainda este ano, em Junho, a propósito dos professores. Como se pode acreditar num primeiro-ministro que agora promete tudo mas que, em Novembro de 2017, dizia que era uma ilusão a ideia de que é possível "tudo para todos já". Os próximos meses não vão trazer propriamente a feitura de um programa eleitoral - vão ser o palco onde poderemos observar o despique entre as promessas que vão sendo feitas e o caderno de encargos e o rol de exigências que Bloco e PCP laboriosamente vão compilando. A maior das mentiras, que serve de colchão a todas as promessas, é a repetida afirmação de que tudo agora está bem e que o país avança no caminho do paraíso, onde todos viverão sem se recordarem da crise, longe da austeridade - apenas com umas, digamos, pequenas cativações. Todos querem transportes mais baratos e acolhem de bom grado descontos para os passes dos filhos - mas, como se vai vendo, o reverso é a degradação da qualidade de todos os serviços públicos - da CP aos hospitais, da saúde à educação, passando pela segurança. Já se percebeu que, este ano, o défice público está acima das previsões e a Unidade Técnica de Apoio Orçamental do Parlamento veio dizer que o aumento da despesa pode descontrolar ainda mais as coisas - é o que vai acontecer graças ao orçamento eleitoralista que aí vem. Claro que a seguir virão mais impostos e o previdente Medina, espécie de arauto do que vai na cabeça de Costa, já foi dizendo que o melhor é aumentar a taxa do turismo em Lisboa.
• Em 100 euros gastos em Portugal, quase 12 vêm do bolso de turistas • as famílias portuguesas já estão a gastar o mesmo que na pré-troika e o segundo trimestre deste ano foi o que registou maior consumo de bens duradouros dos últimos 17 anos • em Lisboa, entram por dia 370 mil carros vindos dos concelhos limítrofes • a CP, afinal, só vai comprar metade dos comboios previstos no plano de investimentos do ano passado • os juros da dívida pagos pela CP davam para comprar 40 comboios novos • o Bloco de Esquerda afirmou que recusa ser "penacho de um qualquer Conselho de Ministros" após as próximas eleições • o PCP declarou-se disponível para governar - mas para fazer "outra política" • metade da ajuda europeia aos incêndios florestais em Portugal de 2017, no valor de 50,6 milhões de euros, foi canalizada por António Costa para o próprio Estado, nomeadamente para a GNR, a Protecção Civil, o Instituto de Conservação da Natureza e Fundo Florestal Permanente, a Marinha, Força Aérea e o Exército • cada português produz, em média, 40 quilos de resíduos por mês e, por ano, o país acumula quase cinco milhões de toneladas de resíduos, o peso de três pontes Vasco da Gama; segundo o livro "Desperdício Alimentar", de Iva Pires, cada português desperdiça uma média de 100 quilos de alimentos por ano • há 1.350 portugueses à espera de cirurgia de tratamento de obesidade.
Dixit
"É preciso extinguir o que só serve para enganar o povinho (...). Hoje, a corrupção é um grande problema nacional e até é um problema endémico."
João Cravinho
Este é de Olhão
O "este" a que me refiro é "O Centro do Mundo", o romance de Ana Cristina Leonardo que este ano me fez querer conhecer melhor Olhão - e passar aí uns dias das minhas férias. Não me arrependo. Descobri uma terra que apenas conhecia de passagem e que tem uma zona central antiga, arruinada ao longo dos anos, mas que deve ter sido acolhedora e envolvente, e que agora começa a ser recuperada. Numa só rua vi três agências imobiliárias seguidas, umas coladas às outras, com ofertas de casas locais antigas para restaurar. Terra de pescadores e da indústria conserveira, com ilhas da Ria Formosa mesmo em frente, com um mercado antigo, recuperado, e uma marginal em que abundam restaurantes, Olhão já foi descoberta por estrangeiros que foram comprando casas, muitas com açoteias de onde se avista a Ria e as casas brancas em forma de cubo. "O Centro do Mundo", de Ana Cristina Leonardo, é outra conversa - uma viagem através do tempo, que fala de como era Olhão, percorre a sua História sob o pretexto da evocação de um aventureiro de origem russa, fugido da revolução de Outubro, espião ocasional, vigarista regular, sedutor impenitente. Boris Skossyreff, assim se chama a personagem, acaba pois por funcionar como o guia que nos leva por Olhão ao longo de algumas décadas. O livro está editado pela Quetzal.
Gosto
A edição em jornal da Monocle Autumn Fashion Edition dedica duas páginas à indústria têxtil portuguesa, nomeadamente às empresas que têm introduzido inovação tecnológica e às que produzem para marcas de luxo.
Não gosto
O programa de obras em escolas de ensino básico de Lisboa, a cargo da autarquia de Medina, regista atrasos sensíveis a poucos dias da abertura do ano escolar.
Polémica: Festival de Veneza acolhe a Netflix
Depois de o Festival de Cannes ter cedido à pressão dos distribuidores de filmes franceses e ter impedido as produções da Netflix de ali se apresentarem, o Festival de Cinema de Veneza acolheu de braços abertos o gigante do streaming que levou as suas produções mais recentes - a começar por "Roma", do mexicano Alfonso Cuarón, que foi o grande destaque da abertura deste 75.º Festival de Veneza. A Netflix apresenta outros seis títulos, entre eles dois candidatos ao Leão de Ouro: "The Ballad of Buster Scruggs", de Ethan e Joel Coen (na imagem), e "22 July", de Paul Greengrass. "Roma" não tem elenco internacional, foi filmado em preto e branco e é falado em espanhol. "É um tipo de projecto que teria enormes dificuldades para encontrar espaço no mercado", defendeu o director mexicano, elogiando a atitude da Netflix. Outras produções da Netflix presentes em Veneza são "On My Skin", do italiano Alessio Cremonini, o muito aguardado "The Other Side Of The Wind" - o derradeiro filme, inacabado de Orson Welles que a Netflix recuperou - e o documentário "They'll Love Me When I'm Dead", de Morgan Neville, exactamente sobre Welles e a epopeia que foi a rodagem do seu filme. Entretanto, a Confederação Internacional dos Cinemas de Arte (Cicae) já criticou o Festival de Cinema de Veneza por aceitar filmes estreados fora das salas de cinema - mas que chegam a uma enorme audiência, garantida pelo crescente número de assinantes da Netflix em todo o mundo.
Arco da velha
O tribunal de Montemor-O-Novo libertou quatro indivíduos que tinham sido detidos em flagrante a fazer explodir uma caixa multibanco em Reguengos de Monsaraz.
A caçadora Anna Calvi
Há cinco anos que a britânica Anna Calvi não lançava um disco novo - e estão agora a fazer sete anos que tocou no Lux, a seguir ao seu primeiro álbum. Este "Hunter" é o seu terceiro registo e cumpre à risca o que ela havia anunciado: uma colecção de canções pop com ar sério sobre o desejo, o controlo e o género - o que vai ao encontro das conhecidas causas que Calvi vem defendendo publicamente. Mesmo que não sigam as letras, ficarão contagiados pelo lado musical do álbum, pela forma como ela continua a explorar os limites da guitarra e a mostrar o seu virtuosismo, sem nunca recorrer ao exibicionismo fácil e gratuito - uma forma de tocar guitarra particularmente evidente em faixas como "Don't Beat The Girl Out Of My Body" ou "Indies Of Paradise". "Hunter", a canção que dá título ao disco, é construída entre um fundo de sintetizador e uma guitarra que se conjuga com a percussão, numa balada rock poderosa. Anna Calvi diz que este é o seu disco de referência, de entre os que gravou até agora - e é simultaneamente suave e enérgico, permanecendo simples e envolvente. O tema "Swimming Pool", aparentemente uma homenagem a David Hockney, explora explicitamente o prazer sem culpa e um terreno sonoro semelhante, mais ambiental ainda, é dado em "Eden", o último tema do álbum. A produção é de Nick Launay, com quem Nick Cave gosta de trabalhar. Aqui, ele deixou espaço para que Calvi soasse mais autêntica, musicalmente menos polida, com, um registo de voz mais intimista, na verdade mais próxima da realidade ao vivo. Disponível no Spotify.
Uma boa cervejaria
Dantes era o Spianata, um restaurante de inspiração italiana e comportamento incerto, que ao longo do tempo foi ainda ficando mais incerto. O local é bom - na Travessa de Santa Quitério, perto da Pedro Álvares Cabral, com um amplo parque de estacionamento por baixo. A sala do restaurante prolonga-se num terraço enorme, que acolhe uma esplanada com uma bela vista sobre Lisboa e de onde ainda se vê o Tejo. Há uns meses, ali está a cervejaria Sem Vergonha. Uma boa cervejaria, maioritariamente frequentada por portugueses, com um serviço simpático, e que está aberta ao domingo, o que é sempre uma boa ideia. Tem marisco fresco, um tártaro de atum bem aprontado, choco frito a bater-se com muitos de Setúbal, peixinhos da horta acima da média, um picapau de novilho bem temperado e um belo bitoque do lombo. As batatas fritas são boas - e isto é crucial numa cervejaria. À entrada está um balcão de peixe fresco que o cliente pode pescar na altura. O serviço funciona bem, a carta de vinhos tem preços honestos e a imperial é bem tirada. Nas sobremesas, figuram os gelados Artisani, que aliás têm loja própria ali perto. É aquele género de restaurante onde apetece voltar, com uma boa relação qualidade-preço e onde os clientes se sentem bem. Que não se estrague é o meu desejo. Travessa de Santa Quitéria 38 D, telefone 213 850 967. Fecha às segundas, aberto até à uma, mas à sexta e ao sábado encerra às duas.
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