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Opinião
07 de Dezembro de 2017 às 10:51

A esquina do Rio

Na vida, muito pouca coisa é a preto e branco e cada vez há menos certezas e mais dúvidas e questões.

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Back to basics
"Quando escorregamos a andar, recuperamos depressa, quando temos uma escorregadela a falar, por vezes nunca recuperamos."
Benjamin Franklin

Mudanças
Na vida, muito pouca coisa é a preto e branco e cada vez há menos certezas e mais dúvidas e questões. O ritmo das alterações nos padrões de comportamento e de consumo evoluiu à velocidade com que a tecnologia avançou. Vamos com 17 anos deste século. Quem nasceu em 2000 viveu sempre numa sociedade digital. Quem nasceu em 2000 já vai poder votar nas próximas legislativas com base numa lei que, nessa altura, fará 45 anos. Como mudou o mundo e o país nestes 45 anos? Que hábitos têm agora os cidadãos com 18 anos, comparados com aqueles que nasceram em 1956 e tinham 18 anos em 1974? As diferenças são enormes. Para além de terem crescido em sociedades radicalmente diferentes, as suas experiências pouco têm em comum. Em 1974, era pouco frequente ir estudar para o estrangeiro e a participação numa guerra era um espectro que pesava nos adolescentes; agora, o programa Erasmus e outros semelhantes proporcionam a um número enorme de jovens o conhecimento de outras culturas e outros hábitos. Viajar tornou-se quase uma banalidade. Ninguém espera pelos telejornais ou os noticiários da rádio para saber notícias e a imprensa parece uma extravagância. Temos um país diferente e os jovens que começam a sua vida profissional têm objectivos diferentes. Sabem que não terão um emprego para toda a vida, têm uma mobilidade maior e muitos um futuro mais sombrio. O principal problema de quem for Governo é garantir que a geração que vai votar daqui a pouco não se desilude com o sistema e com o país. E para isso vamos todos ter de mudar muito, a começar pelos políticos.

Dixit
"O PS falhou redondamente, não foi capaz de analisar o perfil e a informação objectiva de quem foi seu secretário-geral e candidato à direcção do Governo."
Viriato Soromenho-Marques
Sobre Sócrates e a Operação Marquês

Semanada
 As casas de apostas online registaram 258 mil novos jogadores desde o início do ano  as vendas de carros aumentaram 8,4% até Novembro, em comparação com o mesmo período do ano passado  nos primeiros onze meses do ano, registaram-se 118 mil acidentes rodoviários que provocaram mais 53 mortos e 2000 feridos que no ano passado  os prejuízos causados pelos incêndios na região centro provocaram prejuízos da ordem dos mil milhões de euros  uma avaliação internacional indica que os alunos do 4º ano em Portugal registam piores resultados na leitura e compreensão da escrita e Portugal ocupa agora o 30º lugar de uma lista de 50, tendo piorado relativamente há cinco anos atrás  o Centro de reabilitação do Alcoitão fechou 32 camas por falta de médicos  um quarto dos hospitais públicos ultrapassa o limite de partos por cesariana fixados pelo Governo  o ex-ministro da Cultura socialista Manuel Maria Carrilho afirmou em Tribunal ser ele a vítima de violência doméstica praticada pela sua ex-mulher, Bárbara Guimarães  os juízes do Tribunal da Relação do Porto Joaquim Neto de Moura e Maria Luísa Arantes vão ser alvo de processo disciplinar devido ao acórdão que desvaloriza a violência doméstica  as vendas de chocolate em Portugal vão ultrapassar os 200 milhões de euros este ano, devendo ficar cerca de 5% acima de 2016.

Folhear
Uma nova colecção de livros dedicada à fotografia é sempre uma boa notícia. Por iniciativa da Imprensa Nacional, e sob orientação de Cláudio Garrudo, nasceu agora a série Ph., dedicada à fotografia portuguesa contemporânea. A ideia é editar dois volumes por ano, que têm um preço de 19 euros, acessível para um livro de fotografia com a qualidade de impressão que este tem. O primeiro volume é dedicado à obra de Jorge Molder, um dos nomes mais importantes da fotografia portuguesa, que já foi artista convidado da Bienal de São Paulo em 1994 e representou Portugal na Bienal de Veneza de 1999. Cláudio Garrudo, coordenador da colecção Ph., esteve durante meses a trabalhar com Jorge Molder, escolhendo um conjunto de imagens, algumas nunca expostas ou reproduzidas. Molder fez a sua primeira exposição em 1977 - o seu percurso fotográfico tem pois quatro décadas - e como Bragança de Miranda escreveu, no ensaio que está incluído na edição, "usou o seu corpo como matéria porque era o que tinha mais à mão". O livro, de 132 páginas, é uma excelente introdução à obra de Jorge Molder, permitindo ter uma noção da sua evolução ao longo dos anos, num percurso feito com o que se poderia dizer um olhar sensato que lhe permitiu construir imagens que depois fixou em fotografia. A esse nível, o seu trabalho sempre me fez lembrar Ralph Eugene Meatyard e algumas fases da obra de Duane Michals, mas é inegável que Molder manteve uma coerência na abordagem do seu "eu" que este livro bem demonstra. Esta nova iniciativa editorial da Imprensa Nacional vem proporcionar o conhecimento mais disseminado de uma obra que tem vivido sobretudo em exposições e em colecções privadas e públicas. Citando Henri Cartier-Bresson numa entrevista de 1952, "a fotografia deve ser feita, e reproduzida, para as massas e não para coleccionadores - parte da vitalidade e da força da fotografia vem de poder ser infinitamente reproduzida." 

Gosto
Teresa Gonçalves Lobo expõe em Londres, na Galeria Waterhouse & Dodd, os seus desenhos feitos para o poema "inquieto/unstill", de Robert Vas Dias.

Não gosto
70% dos menores delinquentes têm menos de 14 anos.

Ver
Luiz Carvalho é um dos mais importantes repórteres fotográficos portugueses, com uma obra persistente de registo da evolução de Portugal ao longo das últimas cinco décadas e, mais recentemente, da divulgação da fotografia através do programa de televisão que ele produz e realiza na RTP3, o "Fotobox". Luiz Carvalho tem exposto relativamente pouco - há oito anos que não mostrava o seu trabalho e agora apresenta "O Resto É Paisagem!", na Pequena Galeria, até 22 de Dezembro. A mostra integra um conjunto de 27 fotografias que o autor seleccionou, privilegiando imagens mais antigas porque, afirma, é "em relação a essas que sente maior afecto e é com elas que se sente mais à vontade quando se trata de mostrar uma parte, forçosamente pequena, de todo o seu trabalho". São imagens a preto e branco, uma opção que, como sublinha, voltou a fazer parte, hoje em dia, do seu meio ambiente. A imagem escolhida para ilustrar esta nota é uma evocação daquilo que Luiz Carvalho sente em relação ao seu próprio trabalho: um fotógrafo a olhar o infinito. Sobre esta mostra, afirma Luiz Carvalho: "Não fazia uma exposição individual há oito anos porque é para mim um exercício difícil chamar amigos e seguidores, a incomodarem-se para irem ver umas fotos penduradas numa parede, que podem não interessar a ninguém - é arriscado e pode ser muito constrangedor para mim. Foi o projecto bonito e empenhado da Pequena Galeria que me convenceu a expor de novo, e a amizade de longa data pela Cristina Homem de Melo." O Resto É Paisagem, de Luiz Carvalho, está n'a Pequena Galeria - de quarta a sábado entre as 18 e as 20, na Avenida 24 de Julho 4C.

Ouvir
No final do século passado, Pedro Tenreiro e Rui Miguel Abreu mergulharam nos arquivos da Valentim de Carvalho, foram ao baú da pop dos anos 60 e 70 e saíram-se com dois CD's sob o título "Portugal DeLuxe", 1 e 2, que incluíam registos raros de nomes como Thilo's Combo, Carlos Mendes, Quinteto Académico, Duo Ouro Negro, Natércia Barreto, Bossa Jazz 3, Conjunto Académico de João Paulo, entre outros. Assim se mostravam os ecos portugueses do rock'n'roll, da surf music, da soul e dos rhythm & blues e também de algum jazz vocal. Agora, Pedro Tenreiro mergulhou de novo nesses arquivos e recuperou toda a série - além de se reeditarem os dois primeiros CD's desta colecção, há muito fora de mercado, foi adicionado um terceiro volume, intitulado "Modernidade Longíqua", que tem preciosidades como "Hit The Road, Jack", pelos Strollers, sob o comando do jazzman José Duarte, uma deliciosa versão de "Sunny" pelo Conjunto Sousa Pinto (onde o saxofonista era o falecido dirigente socialista José Lello) e ainda raridades como "Volkswagen Blue" por José Cid, "Teach Me Tiger" por Mafalda Sofia, "The More I See You" por Thilo's Combo, "I Feel Good" pelo Quinteto Académico ou "Try A Little Tenderness" por Vickie com o Conjunto Académico João Paulo, além do histórico "Ababilah" do Quarteto1111. Este novo volume "Portugal DeLuxe" tem belíssimos textos de enquadramento de João Carlos Callixto e é uma verdadeira jóia.

Arco da velha
A Assembleia Municipal de Lisboa aprovou, por unanimidade, uma verba de um milhão de euros por ano destinada a pagar a assessores e secretariado dos diversos partidos, numa assembleia que não tem deputados a tempo inteiro e onde havia deputados que eram assessores deles próprios, para assim receberem uma remuneração.

Provar
Muitas vezes, o afã de descobrir novos restaurantes dificulta que se visitem bons exemplos de cozinha popular e tradicional que ainda existem em Lisboa. Recentemente, um amigo levou-me à Imperial de Campo de Ourique, fundada em 1947, também conhecida por A Tasca do João, desde que João Gomes ali chegou, em 1956. Com o Senhor João na sala e a sua Dona Adelaide no comando da cozinha, a casa tornou-se uma referência em termos tradição culinária portuguesa. O casal é originário de Ponte da Barca e a gastronomia da região ali deixou as suas marcas - a começar pelo Bacalhau à Minhota, que é dos melhores que se podem provar em Lisboa. Outro prato que ali faz deslocar clientela fiel é a chanfana, servida às sextas e sábados.  A Costeleta de Novilho, generosa, é também afamada pelo tamanho e qualidade do corte. Nesta altura do ano, as favinhas com todos são primorosas e abundantes de molho - a requererem um dos babetes bem coloridos que a casa disponibiliza aos seus clientes. A sala de entrada tem a cozinha e um longo balcão, ladeado por algumas mesas, e a sala interior é ampla e confortável. O avental do Senhor João Gomes tem uma frase que bem podia ser o lema da casa: "Isto é um espectáculo!". O vinho da casa é da região do Cartaxo e revela-se honesto. Os preços são populares, como a essência da cozinha de Dona Adelaide e o serviço do Senhor João. A morada é: Rua Correia Teles 67  e o telefone é  213 886 096.


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