Opinião
A esquina do Rio
A espelta, também conhecida por trigo vermelho, é um cereal que caiu em desuso, mas a sua utilização cresceu nos últimos anos ligada às investigações sobre uma alimentação saudável.
Back to basics
A liberdade é o direito de dizermos às pessoas aquilo que elas não querem ouvir.
George Orwell
Provar
A espelta, também conhecida por trigo vermelho, é um cereal que caiu em desuso, mas a sua utilização cresceu nos últimos anos ligada às investigações sobre uma alimentação saudável. A espelta é rica em fibras e vitaminas do complexo B e tem a presença de diversos minerais como cobre, magnésio, fósforo e, principalmente, ferro. É também conhecida pelo seu alto teor de proteínas. Além disso, por possuir pouca quantidade de glúten, o grão é de mais fácil digestão. Normalmente, utilizo o pão de espelta fabricado pela Miolo, mas há pouco tempo descobri numa loja Celeiro o pão de espelta integral, elaborado pela Pachamama (nome que evoca uma deusa Inca), num processo de fermentação lenta, durante 24 horas, e que, além da farinha, leva apenas água filtrada e sal marinho. É mais leve do que o da Miolo (que é mais denso), e igualmente saboroso. Aparentemente, o processo de fermentação lenta torna o pão mais digestivo e com menor índice glicémico. Além da espelta integral simples, existem as variedades com curcuma e pimenta preta, centeio integral, trigo duro e centeio integral.
Dixit
A direita tem um problema de liderança, de caras, de quadros, de ausência de ideias, de estratégia.
Nuno Garoupa
Semanada
• As salas de cinema registaram mais de 7,9 milhões de espectadores no primeiro semestre, mais um milhão do que no mesmo período do ano passado • "Velocidade Furiosa 8" foi o filme recordista, com 786 mil espectadores, e "Jacinta" foi o filme português mais visto, com 45 mil espectadores • Matosinhos é o concelho do país no qual as salas de cinema têm maior média de espectadores por sessão • desde 2011, têm sido desligadas 280 máquinas de multibanco por ano e, entre 2011 e 2016, fecharam 1.620 balcões de bancos • no segundo trimestre deste ano, as compras realizadas com cartões de débito ou de crédito totalizaram mais mil milhões de euros do que em igual período do ano passado • este ano, o turismo criou tanto emprego em Abril como em todo o ano passado • o SIRESP voltou a falhar no incêndio de Alijó • no espaço de um ano, Portugal perdeu um terço dos bombeiros • o Governo deu instruções para que os comandantes dos bombeiros deixem de dar informações à imprensa • a administração central não divulga 85% das compras de produtos ou serviços que efectua e o ajuste directo continua a ser principal opção de aquisição • os gastos do Estado com as parcerias público-privadas aumentaram 39 milhões de euros num ano • o conjunto de gastos com veículos automóveis, desde a compra à manutenção, passando pelos combustíveis, rende ao Estado 23 milhões de euros por dia em impostos • na última década, as famílias portuguesas cortaram em restaurantes, hotéis, cultura e lazer para equilibrar as subidas verificadas na habitação, luz, gás, água e ensino • o orçamento familiar é 232 euros mais caro em Lisboa do que a média nacional.
Folhear
Tenho seguido a existência da revista Elsewhere desde o seu número um, no primeiro semestre de 2015. Durante dois anos, a Elsewhere publicou semestralmente, a partir de uma operação de "crowdfunding" que lhe deu vida durante essas primeiras quatro edições. O formato é 16x23, 82 páginas. Os textos são relativamente curtos, tem existido pelo menos um portefólio fotográfico por número e muitos dos artigos de viagem são acompanhados de magníficas ilustrações em desenho, feitas expressamente para a ocasião. A Elsewhere nasceu em Berlim pela mão de Julia Stone, que é uma das responsáveis por vários textos publicados ao longo da vida da revista . É, assumidamente, uma actividade extra em relação às actividades profissionais que ambos desenvolvem. A Elsewhere intitula-se "A Journal of Place". Não é uma publicação sobre viagens no conceito habitual, é mais uma evocação de sentimentos e sensações que os lugares visitados deixam nos visitantes. Não esperem reportagens, vão encontrar impressões. Nas primeiras quatro edições, não havia um tema fixo orientador. A diversidade de locais como a Madeira, no número 4, era o lema. A partir deste número 5, que foi publicado no início de Julho, passa a existir um tema por edição e o primeiro é "Transition". "A transição tem que ver com o movimento, com a natureza da viagem e, assim sendo, com o conceito de casa, de origem e de identidade. De certa forma, estes sempre foram os temas da Elsewhere e, de alguma maneira, a ideia da transição moldou, pelo menos em parte, a revista desde o seu início", escrevem Paul Scraton e Julia Stone, no editoral. Locais: São Francisco, Cáceres, Tbilisi, Melbourne e Irlanda, entre outros. O ensaio fotográfico é sobre as ilhas Faroe. Se quiser saber mais, consulte o blogue, que é actualizado regularmente: www.elsewhere-journal.com/blog.
Ver
Até 15 de Setembro, pode ver na Biblioteca Nacional uma deliciosa exposição intitulada "Jazz em Portugal: 100 anos de txim, txim, txim, pó, pó, pó, pó", comissariada por João Moreira dos Santos, autor de sete livros sobre a história deste género musical em terras lusas. Os primeiros ecos de jazz terão chegado em 1916/17 e ganharam adeptos como Ferreira de Castro, Almada Negreiros, Stuart Carvalhais, Cottinelli Telmo, António Ferro, António Lopes Ribeiro e Fernando Curado Ribeiro. A imagem que aqui se reproduz evoca a primeira "jam session" pública de que há registo, realizada em Lisboa, em 1948 no Café Chave de Ouro. São exibidas várias fotografias inéditas (como a de Duke Ellington com Eusébio), exemplos da presença do jazz nas bandas sonoras de filmes portugueses dos anos 20 e 30, o primeiro disco de jazz gravado por músicos portugueses em 1957, entre muitos outros documentos como capas de revistas e publicações diversas. Imperdível. Outras sugestões: no Palácio Pimenta, e no âmbito da programação de Lisboa Capital Ibero-Americana da Cultura 2017, estão expostas máscaras e devoções mexicanas sob a designação "Do Carnaval À Luta Livre"; na Fundação Carmona e Costa, até 29 de Julho, ainda pode ver "Missão Fria", de Pedro Casqueiro (Rua Soeiro Pereira Gomes Lote 1, 6.º); e a sul, no Centro Cultural de Lagos, de dia 22 até meados de Outubro, Sofia Areal expõe pintura, desenho, obra gráfica e tapeçarias.
Gosto
Rita Redshoes fez uma magnífica actuação ao vivo na abertura do EDP Cooljazz, com uma banda e arranjos surpreendentes, até num clássico de Nina Simone.
Não gosto
Winnie the Pooh, o urso amarelo da banda desenhada, foi banido da internet chinesa por se parecer com o Presidente Xi Jinping.
Ouvir
Quatro músicos de jazz, Jack DeJohnette (bateria), Larry Grenadier (baixo), John Medeski (teclas) e John Scofield (guitarra), juntaram-se para prestarem homenagem a uma paixão comum - o rock dos anos 1960. Vai daí e criaram o projecto Hudson, agora editado. O álbum inclui dois temas de Dylan ("Lay Lady Lay" e uma versão de nove minutos, fantástica, de "A Hard Rain's Gonna Fall"), "Woodstock" de Joni Mitchell, "Wait Until Tomorrow" de Jimi Hendrix, "Up On Cripple Creek" de The Band e ainda diversos originais dos membros do grupo. O álbum arranca com "Hudson", um original de 12 minutos de John Scofield, que faz lembrar a época de "Bitches Brew", de Miles Davis. Não por acaso, Scofield integrou o grupo de Davis nessa época, o que também se nota no outro tema que assina, "Tony, Then Jack". "Dirty Ground" é um tema de Jack DeJohnette, onde o baterista também canta num registo de blues. O que é mais curioso neste disco é a forma como quatro nomes do jazz, de diferentes gerações, se cruzam em torno da evocação de canções que se tornaram standards da música dos anos 1960 e, nas composições próprias que apresentam, acabam por reflectir o espírito da época, como por exemplo em "Song for World Forgiveness" e "Great Spirit Peace Chant". Mas, de facto, o momento alto é mesmo a versão de "A Hard Rain's Gonna Fall", captando o espírito com que Dylan compôs e interpretou a canção, desafiando a noção clássica de canção e de ritmo. Álbum disponível no Spotify.
Arco da velha
O fabrico de petardos cada vez mais pequenos, com poucos centímetros, tem permitido que cada vez mais adeptas dos principais clubes entrem nos estádios com esses artefactos explosivos escondidos nas partes íntimas.
Abstenção
A pré-campanha das autárquicas está a ser um retrato do estado da nação. Em Lisboa, a candidata do PSD fez um cartaz que só pode ser interpretado como um pedido de um cheque em branco; também em Lisboa a Câmara está a ser investigada por autorizações urbanísticas dadas por Manuel Salgado, e Medina já se confessa desistente de manter a maioria absoluta; em Loures, o candidato da coligação CDS-PSD fez afirmações polémicas sobre os ciganos e afirmava-se tranquilo sobre o apoio dos partidos que o indicaram - mas o CDS saiu da coligação, ficou o PSD sozinho com a polémica; no Porto, Manuel Pizarro, o iô-iô autárquico local do PS, faz promessas mirabolantes esbracejando pelas ruas, numa passeata ao lado de um António Costa tranquilo. A procissão eleitoral ainda vai no adro, mas percorrer as rotundas de cidades e vilas já proporciona um catálogo de tesourinhos deprimentes que parecem todos saídos de cartazes de uma empresa imobiliária, cada um com um slogan e promessas de bradar aos céus. Não admira que, como diz Manuel Villaverde Cabral, apesar "da enxurrada de demagogia feita à volta do chamado 'poder local', a abstenção eleitoral tem sido mais alta ainda nas autárquicas do que nas legislativas". Nas autárquicas de 2013 a abstenção foi de 47,4%, nas legislativas de 2015 foi de 44%, número apenas ultrapassado pelas presidenciais de 2016, com 51,3% de abstenção. Citando ainda Villaverde Cabral, "há muito tempo que Portugal se tornou no país da abstenção como o maior partido". Este ano, o cenário poderá ser ainda pior. Vai sendo tempo de o Presidente, os partidos e os autarcas tirarem lições de tudo isto - mas tal parece cada vez mais fora dos seus interesses e prioridades. O mesmo é dizer que a opinião dos cidadãos só interessa quando lhes dá jeito.
A liberdade é o direito de dizermos às pessoas aquilo que elas não querem ouvir.
George Orwell
Provar
A espelta, também conhecida por trigo vermelho, é um cereal que caiu em desuso, mas a sua utilização cresceu nos últimos anos ligada às investigações sobre uma alimentação saudável. A espelta é rica em fibras e vitaminas do complexo B e tem a presença de diversos minerais como cobre, magnésio, fósforo e, principalmente, ferro. É também conhecida pelo seu alto teor de proteínas. Além disso, por possuir pouca quantidade de glúten, o grão é de mais fácil digestão. Normalmente, utilizo o pão de espelta fabricado pela Miolo, mas há pouco tempo descobri numa loja Celeiro o pão de espelta integral, elaborado pela Pachamama (nome que evoca uma deusa Inca), num processo de fermentação lenta, durante 24 horas, e que, além da farinha, leva apenas água filtrada e sal marinho. É mais leve do que o da Miolo (que é mais denso), e igualmente saboroso. Aparentemente, o processo de fermentação lenta torna o pão mais digestivo e com menor índice glicémico. Além da espelta integral simples, existem as variedades com curcuma e pimenta preta, centeio integral, trigo duro e centeio integral.
A direita tem um problema de liderança, de caras, de quadros, de ausência de ideias, de estratégia.
Nuno Garoupa
Semanada
• As salas de cinema registaram mais de 7,9 milhões de espectadores no primeiro semestre, mais um milhão do que no mesmo período do ano passado • "Velocidade Furiosa 8" foi o filme recordista, com 786 mil espectadores, e "Jacinta" foi o filme português mais visto, com 45 mil espectadores • Matosinhos é o concelho do país no qual as salas de cinema têm maior média de espectadores por sessão • desde 2011, têm sido desligadas 280 máquinas de multibanco por ano e, entre 2011 e 2016, fecharam 1.620 balcões de bancos • no segundo trimestre deste ano, as compras realizadas com cartões de débito ou de crédito totalizaram mais mil milhões de euros do que em igual período do ano passado • este ano, o turismo criou tanto emprego em Abril como em todo o ano passado • o SIRESP voltou a falhar no incêndio de Alijó • no espaço de um ano, Portugal perdeu um terço dos bombeiros • o Governo deu instruções para que os comandantes dos bombeiros deixem de dar informações à imprensa • a administração central não divulga 85% das compras de produtos ou serviços que efectua e o ajuste directo continua a ser principal opção de aquisição • os gastos do Estado com as parcerias público-privadas aumentaram 39 milhões de euros num ano • o conjunto de gastos com veículos automóveis, desde a compra à manutenção, passando pelos combustíveis, rende ao Estado 23 milhões de euros por dia em impostos • na última década, as famílias portuguesas cortaram em restaurantes, hotéis, cultura e lazer para equilibrar as subidas verificadas na habitação, luz, gás, água e ensino • o orçamento familiar é 232 euros mais caro em Lisboa do que a média nacional.
Folhear
Tenho seguido a existência da revista Elsewhere desde o seu número um, no primeiro semestre de 2015. Durante dois anos, a Elsewhere publicou semestralmente, a partir de uma operação de "crowdfunding" que lhe deu vida durante essas primeiras quatro edições. O formato é 16x23, 82 páginas. Os textos são relativamente curtos, tem existido pelo menos um portefólio fotográfico por número e muitos dos artigos de viagem são acompanhados de magníficas ilustrações em desenho, feitas expressamente para a ocasião. A Elsewhere nasceu em Berlim pela mão de Julia Stone, que é uma das responsáveis por vários textos publicados ao longo da vida da revista . É, assumidamente, uma actividade extra em relação às actividades profissionais que ambos desenvolvem. A Elsewhere intitula-se "A Journal of Place". Não é uma publicação sobre viagens no conceito habitual, é mais uma evocação de sentimentos e sensações que os lugares visitados deixam nos visitantes. Não esperem reportagens, vão encontrar impressões. Nas primeiras quatro edições, não havia um tema fixo orientador. A diversidade de locais como a Madeira, no número 4, era o lema. A partir deste número 5, que foi publicado no início de Julho, passa a existir um tema por edição e o primeiro é "Transition". "A transição tem que ver com o movimento, com a natureza da viagem e, assim sendo, com o conceito de casa, de origem e de identidade. De certa forma, estes sempre foram os temas da Elsewhere e, de alguma maneira, a ideia da transição moldou, pelo menos em parte, a revista desde o seu início", escrevem Paul Scraton e Julia Stone, no editoral. Locais: São Francisco, Cáceres, Tbilisi, Melbourne e Irlanda, entre outros. O ensaio fotográfico é sobre as ilhas Faroe. Se quiser saber mais, consulte o blogue, que é actualizado regularmente: www.elsewhere-journal.com/blog.
Ver
Até 15 de Setembro, pode ver na Biblioteca Nacional uma deliciosa exposição intitulada "Jazz em Portugal: 100 anos de txim, txim, txim, pó, pó, pó, pó", comissariada por João Moreira dos Santos, autor de sete livros sobre a história deste género musical em terras lusas. Os primeiros ecos de jazz terão chegado em 1916/17 e ganharam adeptos como Ferreira de Castro, Almada Negreiros, Stuart Carvalhais, Cottinelli Telmo, António Ferro, António Lopes Ribeiro e Fernando Curado Ribeiro. A imagem que aqui se reproduz evoca a primeira "jam session" pública de que há registo, realizada em Lisboa, em 1948 no Café Chave de Ouro. São exibidas várias fotografias inéditas (como a de Duke Ellington com Eusébio), exemplos da presença do jazz nas bandas sonoras de filmes portugueses dos anos 20 e 30, o primeiro disco de jazz gravado por músicos portugueses em 1957, entre muitos outros documentos como capas de revistas e publicações diversas. Imperdível. Outras sugestões: no Palácio Pimenta, e no âmbito da programação de Lisboa Capital Ibero-Americana da Cultura 2017, estão expostas máscaras e devoções mexicanas sob a designação "Do Carnaval À Luta Livre"; na Fundação Carmona e Costa, até 29 de Julho, ainda pode ver "Missão Fria", de Pedro Casqueiro (Rua Soeiro Pereira Gomes Lote 1, 6.º); e a sul, no Centro Cultural de Lagos, de dia 22 até meados de Outubro, Sofia Areal expõe pintura, desenho, obra gráfica e tapeçarias.
Gosto
Rita Redshoes fez uma magnífica actuação ao vivo na abertura do EDP Cooljazz, com uma banda e arranjos surpreendentes, até num clássico de Nina Simone.
Não gosto
Winnie the Pooh, o urso amarelo da banda desenhada, foi banido da internet chinesa por se parecer com o Presidente Xi Jinping.
Ouvir
Quatro músicos de jazz, Jack DeJohnette (bateria), Larry Grenadier (baixo), John Medeski (teclas) e John Scofield (guitarra), juntaram-se para prestarem homenagem a uma paixão comum - o rock dos anos 1960. Vai daí e criaram o projecto Hudson, agora editado. O álbum inclui dois temas de Dylan ("Lay Lady Lay" e uma versão de nove minutos, fantástica, de "A Hard Rain's Gonna Fall"), "Woodstock" de Joni Mitchell, "Wait Until Tomorrow" de Jimi Hendrix, "Up On Cripple Creek" de The Band e ainda diversos originais dos membros do grupo. O álbum arranca com "Hudson", um original de 12 minutos de John Scofield, que faz lembrar a época de "Bitches Brew", de Miles Davis. Não por acaso, Scofield integrou o grupo de Davis nessa época, o que também se nota no outro tema que assina, "Tony, Then Jack". "Dirty Ground" é um tema de Jack DeJohnette, onde o baterista também canta num registo de blues. O que é mais curioso neste disco é a forma como quatro nomes do jazz, de diferentes gerações, se cruzam em torno da evocação de canções que se tornaram standards da música dos anos 1960 e, nas composições próprias que apresentam, acabam por reflectir o espírito da época, como por exemplo em "Song for World Forgiveness" e "Great Spirit Peace Chant". Mas, de facto, o momento alto é mesmo a versão de "A Hard Rain's Gonna Fall", captando o espírito com que Dylan compôs e interpretou a canção, desafiando a noção clássica de canção e de ritmo. Álbum disponível no Spotify.
Arco da velha
O fabrico de petardos cada vez mais pequenos, com poucos centímetros, tem permitido que cada vez mais adeptas dos principais clubes entrem nos estádios com esses artefactos explosivos escondidos nas partes íntimas.
Abstenção
A pré-campanha das autárquicas está a ser um retrato do estado da nação. Em Lisboa, a candidata do PSD fez um cartaz que só pode ser interpretado como um pedido de um cheque em branco; também em Lisboa a Câmara está a ser investigada por autorizações urbanísticas dadas por Manuel Salgado, e Medina já se confessa desistente de manter a maioria absoluta; em Loures, o candidato da coligação CDS-PSD fez afirmações polémicas sobre os ciganos e afirmava-se tranquilo sobre o apoio dos partidos que o indicaram - mas o CDS saiu da coligação, ficou o PSD sozinho com a polémica; no Porto, Manuel Pizarro, o iô-iô autárquico local do PS, faz promessas mirabolantes esbracejando pelas ruas, numa passeata ao lado de um António Costa tranquilo. A procissão eleitoral ainda vai no adro, mas percorrer as rotundas de cidades e vilas já proporciona um catálogo de tesourinhos deprimentes que parecem todos saídos de cartazes de uma empresa imobiliária, cada um com um slogan e promessas de bradar aos céus. Não admira que, como diz Manuel Villaverde Cabral, apesar "da enxurrada de demagogia feita à volta do chamado 'poder local', a abstenção eleitoral tem sido mais alta ainda nas autárquicas do que nas legislativas". Nas autárquicas de 2013 a abstenção foi de 47,4%, nas legislativas de 2015 foi de 44%, número apenas ultrapassado pelas presidenciais de 2016, com 51,3% de abstenção. Citando ainda Villaverde Cabral, "há muito tempo que Portugal se tornou no país da abstenção como o maior partido". Este ano, o cenário poderá ser ainda pior. Vai sendo tempo de o Presidente, os partidos e os autarcas tirarem lições de tudo isto - mas tal parece cada vez mais fora dos seus interesses e prioridades. O mesmo é dizer que a opinião dos cidadãos só interessa quando lhes dá jeito.
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